Viver de dividendos é um mito? Saiba o que realmente importa na bolsa de valores

Os dividendos sempre geram debate entre investidores: afinal, viver de dividendos é uma estratégia sólida ou apenas uma ilusão? Com a Bolsa brasileira enfrentando momentos de instabilidade, esse tema volta a ganhar força, impulsionado por grandes nomes como Luiz Barsi e até figuras internacionais, como Warren Buffett. Mas por trás dessa atratividade, há teorias econômicas que colocam em xeque o real impacto dos dividendos sobre o patrimônio dos investidores.

Neste artigo, vamos desvendar como funcionam os dividendos na Bolsa de Valores, apresentar as principais teorias sobre sua relevância e discutir estratégias para você potencializar seus investimentos.

O que são dividendos?

Dividendos são a parcela do lucro que uma empresa distribui entre seus acionistas. No ambiente corporativo, isso é uma prática comum, seja em negócios familiares ou em grandes companhias listadas na Bolsa. No caso das empresas de capital aberto, os dividendos são pagos de forma proporcional ao número de ações que cada investidor possui.

Por exemplo, se uma empresa decide distribuir R$ 1 milhão em dividendos e tem 1 milhão de ações em circulação, cada ação dará direito a R$ 1. Um investidor com 1.000 ações receberá R$ 1.000.

Dividend yield e Yield on Cost: o que significam?

Dois conceitos ajudam a entender o retorno gerado pelos dividendos:

  • Dividend yield: é a relação entre o valor total de dividendos pagos em um ano e o preço atual da ação. Exemplo: se a ação custa R$ 20 e paga R$ 1 de dividendos anuais, o dividend yield é de 5%.

  • Yield on Cost: calcula o retorno sobre o preço que você pagou originalmente pela ação. Se você comprou a ação a R$ 10 e recebe R$ 1 de dividendo anual, seu yield on cost é de 10%.

Teoria da irrelevância dos dividendos: eles realmente importam?

Segundo os economistas Franco Modigliani e Merton Miller, laureados com o Prêmio Nobel, os dividendos seriam irrelevantes para o valor de mercado de uma empresa. A lógica é simples: ao pagar dividendos, a empresa reduz seu caixa, o que, na prática, diminui o valor da ação em proporção ao que foi distribuído.

Imagine que você possui uma ação de R$ 10 e recebe R$ 1 de dividendo. Após o pagamento, a ação tende a cair para R$ 9, mantendo seu patrimônio total inalterado. É como transferir dinheiro de um bolso para o outro.

Essa teoria parte do pressuposto de um mercado perfeito, sem impostos ou custos de transação – algo distante da realidade dos investidores brasileiros.

A teoria da relevância dos dividendos: um contraponto comportamental

Em resposta à irrelevância, os economistas John Lintner e Myron Gordon formularam a teoria da relevância dos dividendos. Eles argumentam que investidores preferem o “pássaro na mão”, ou seja, o dividendo certo hoje, em vez da incerteza de ganhos futuros via valorização das ações.

Empresas que pagam dividendos regulares tendem a atrair mais investidores, por serem vistas como mais sólidas e previsíveis. Esse efeito comportamental pode gerar uma valorização maior ao longo do tempo.

Dividendos e o comportamento do preço das ações

É importante lembrar que, no dia seguinte ao anúncio de dividendos, o preço da ação ajusta-se ao valor distribuído. No entanto, o preço final depende de vários fatores, como demanda, notícias e cenário econômico. Isso explica por que, muitas vezes, não percebemos esse ajuste na prática.

Casos emblemáticos como Petrobras e Cemig já mostraram fortes quedas nas ações após grandes distribuições de dividendos, refletindo esse ajuste.

Viver de dividendos funciona?

Apesar do fascínio que a ideia de viver de dividendos desperta, depender exclusivamente dessa estratégia pode ser arriscado. Um exemplo foi 2020, quando muitas empresas suspenderam dividendos para preservar caixa em meio à pandemia.

Por isso, diversificar é essencial. Além das ações pagadoras de dividendos, ativos como fundos imobiliários (FIIs) oferecem distribuições mais regulares, muitas vezes mensais, o que facilita o planejamento de quem busca renda passiva.

Reinvestir dividendos: o segredo da multiplicação

Um estudo do S&P 500, principal índice da Bolsa americana, comparou o retorno de investimentos com e sem reinvestimento de dividendos. De 1960 a 2022, US$ 10 mil investidos teriam se transformado em cerca de US$ 641 mil sem reinvestimento, mas chegariam a impressionantes US$ 4,5 milhões com reinvestimento.

Esse é o poder dos juros compostos. Reinvestir os dividendos gera uma bola de neve, potencializando o crescimento do seu patrimônio ao longo dos anos.

Dividendos são importantes, mas não tudo

Embora as teorias econômicas debatam sua relevância, os dividendos têm, sim, um papel importante na estratégia de muitos investidores, especialmente para aqueles que buscam segurança e previsibilidade. No entanto, viver apenas de dividendos pode não ser a melhor escolha para todos.

O ideal é construir uma carteira diversificada, alinhada ao seu perfil e objetivos, aproveitando o melhor de cada estratégia, seja por meio de dividendos, valorização das ações ou renda de FIIs.

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