O fundo de investimento em direitos creditórios agrícolas VGIA11 distribuiu R$ 0,115 por cota no último mês, mantendo-se dentro do intervalo recente entre R$ 0,11 e R$ 0,12. Com uma taxa média de retorno de CDI + 5,1% e cotas sendo negociadas com deságio no mercado secundário, o fundo segue oferecendo um dividend yield competitivo. No entanto, o relatório gerencial mais recente acendeu um sinal de alerta: a alta concentração de ativos em Fiagro e o risco atrelado à inadimplência de operações específicas elevam a cautela dos investidores.
Situação atual do VGIA11
Atualmente, o VGIA11 conta com 30 ativos em carteira, totalizando R$ 912 milhões investidos, e possui mais de 169 mil cotistas. A liquidez média diária está em torno de R$ 1,3 milhão, o que indica boa capacidade de negociação no mercado secundário. A carteira continua adimplente, mas o resultado recorrente foi mais fraco que nos meses anteriores, refletindo o menor volume de amortizações e o impacto do atual ciclo da safra.
Entre as movimentações mais recentes, o fundo adquiriu um CRA de R$ 47,8 milhões com taxa de CDI + 4,5% e vendeu outro, vinculado à soja, por R$ 4 milhões, a CDI + 4%. A gestão segue priorizando a diversificação da carteira, embora o relatório mostre que essa meta ainda não foi plenamente atingida, com elevada concentração em operações específicas.
Expectativas de dividendos para os próximos meses
A distribuição de abril ficou em R$ 0,115 por cota, ligeiramente abaixo do patamar anterior de R$ 0,12. Apesar da alta recente da Selic, que poderia impulsionar os rendimentos, a gestão optou por manter a distribuição no mesmo intervalo, evidenciando prudência diante do desempenho operacional e do cenário de crédito.
Para os próximos meses, a expectativa é de manutenção do patamar atual entre R$ 0,11 e R$ 0,12, salvo melhora significativa nos resultados recorrentes. O fundo ainda não deu sinais de que poderá elevar os rendimentos, mas também não há evidência de corte iminente, dado o nível de adimplência atual.
Risco de concentração: foco nas operações Fiagro
Um dos principais pontos de atenção do VGIA11 é sua concentração nas operações ligadas ao Fiagro, que somam aproximadamente 25% do portfólio. A maior parte desses ativos está alocada em quatro operações, o que aumenta consideravelmente o risco de impacto caso ocorra inadimplência ou renegociação desfavorável. Um eventual problema com essas operações — como recuperação judicial ou calote — teria reflexos diretos na capacidade de distribuição de dividendos do fundo.
Além disso, a exposição anterior já foi ainda mais alta, e embora a gestão tenha conseguido reduzir parcialmente esse percentual, o nível atual ainda demanda vigilância contínua por parte dos cotistas.
Taxas e retorno: destaque para o yield elevado
O fundo opera com uma taxa média de retorno de CDI + 5,1%, e a duration dos ativos está em 1,6 ano, o que confere uma boa previsibilidade de fluxo de caixa no curto prazo. A alocação está 100% concentrada em CRIs e outros instrumentos de renda fixa ligados ao agronegócio, com quase nenhum caixa disponível — o que reforça o caráter agressivo da gestão.
Considerando a cotação atual em torno de R$ 8,60 por cota, o yield bruto está próximo de 1,32% ao mês, impulsionado pelo deságio de mercado. No entanto, o retorno líquido pode ser afetado por fatores como inadimplência ou aumento do risco setorial, principalmente no cenário agrícola, que enfrenta desafios como variação de safra, clima e demanda global.
Diversificação e alocação setorial
A maior parte dos ativos do VGIA11 está alocada em distribuidoras e cooperativas agrícolas. A distribuição geográfica também está pulverizada, o que ajuda a mitigar riscos regionais. Ainda assim, a forte concentração setorial no agronegócio exige acompanhamento macroeconômico, especialmente em momentos de oscilação de preços de commodities ou mudanças regulatórias.
Emissões e futuro do fundo
O relatório também indicou que o cenário atual não favorece novas emissões de cotas, devido à desvalorização no mercado secundário. Com as cotas negociadas abaixo do valor patrimonial, emitir novas cotas diluiria os cotistas atuais e reduziria a atratividade da operação.
Por outro lado, a boa liquidez e a base sólida de cotistas oferecem suporte para que o fundo continue operando com eficiência e possa, no futuro, voltar a realizar emissões quando o preço se aproximar do valor patrimonial.
O VGIA11 permanece como uma opção atrativa de renda passiva, especialmente para investidores que buscam yield elevado com base em ativos agrícolas. No entanto, o risco estrutural pela exposição ao Fiagro e a concentração em poucas operações exige atenção redobrada. Para investidores que toleram maior risco em busca de retorno acima da média, o fundo pode ser uma alternativa interessante — desde que haja monitoramento contínuo da qualidade dos ativos e da evolução da carteira.
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