O VCRA11 é um Fundo de Investimento Imobiliário (FII) focado em recebíveis, que recentemente tem chamado a atenção do mercado devido à sua cota amassada e aos desafios enfrentados. Com um P/VP (preço sobre valor patrimonial) com mais de 40% de deságio, muitos investidores se perguntam se esse é o momento certo para entrar no ativo ou se os riscos superam as oportunidades.
Principais dados do fundo
- Patrimônio Líquido: R$ 480 milhões
- Valor Patrimonial da Cota: R$ 104
- Valor de Mercado da Cota: R$ 60
- Número de Cotistas: Aproximadamente 11.000
- Taxa Média da Carteira: CDI + 5,2%
- Indexador Principal: CDI (72% da carteira)
- Distribuição Recente: R$ 0,96 por cota
- Rentabilidade nos últimos 3 meses: 163% do CDI
A distribuição de rendimentos segue em um patamar atrativo, mas com algumas inconsistências, especialmente ao considerar o histórico recente de reservas e ajustes na carteira.
Por que o VCRA11 está tão descontado?
A cota do VCRA11 tem apresentado uma forte desvalorização, o que levanta questionamentos entre os investidores. Alguns fatores ajudam a explicar essa queda:
1. Alta exposição a operações de maior risco
Atualmente, cerca de 35% do portfólio do fundo está em operações com “pontos de atenção”. Esse volume elevado de ativos em situação crítica traz preocupação ao mercado e afeta diretamente o preço da cota.
2. Setor agro sob pressão
Grande parte da carteira do VCRA11 está ligada ao setor agropecuário, especialmente produtores de grãos. Em 2024, o setor enfrenta desafios, incluindo queda nos preços das commodities e dificuldades climáticas, impactando a saúde financeira das empresas que tomaram crédito via FII.
3. Riscos em recuperação judicial
O fundo tem posições expostas a empresas em processos de renegociação de dívidas ou recuperação judicial. Por exemplo:
- Grupo APR: Processo de reintegração de posse para liquidação do ativo.
- Norte Agro: Blindado pelo período de 180 dias da recuperação judicial, impedindo execução de garantias.
- Safras Agroindustrial: Processo de reperfilamento de dívidas em andamento.
4. Estratégia de redução de exposição a risco
O VCRA11 tem buscado diversificar sua carteira e reduzir posições em créditos de alto risco. Recentemente, liquidou R$ 23 milhões em operações de risco, mas voltou a investir R$ 25 milhões, o que levanta dúvidas sobre a real estratégia de alongamento e fortalecimento do portfólio.
Perspectivas para o fundo
Diante do cenário atual, a tendência para os próximos meses depende de fatores macroeconômicos e da gestão do fundo. Alguns pontos a considerar:
- CDI Elevado: O fundo se beneficia da alta dos juros, pois sua carteira é majoritariamente indexada ao CDI.
- Reserva de Capital: Nos últimos três meses, o fundo vem guardando parte do rendimento para possíveis ajustes no futuro.
- Recuperação de Ativos Problemáticos: Se o fundo conseguir recuperar parte das operações em situação crítica, pode haver reação positiva no mercado.
Vale a pena investir no VCRA11 agora?
O VCRA11 pode ser uma oportunidade para investidores que aceitam risco e buscam altos rendimentos. No entanto, é essencial considerar os seguintes pontos antes de tomar uma decisão:
Prós:
✅ Alto desconto no P/VP (mais de 40%) ✅ Distribuição de dividendos atrativa (1,6% ao mês em alguns períodos) ✅ Indexação ao CDI, beneficiando-se de juros elevados
Contras:
❌ Alta exposição a créditos problemáticos ❌ Setor agropecuário sob pressão ❌ Processo de reestruturação de dívidas em andamento
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