Em um momento em que a economia chinesa começa a dar sinais de estímulo nunca vistos em décadas, a mineradora Vale (VALE3) parece ter se antecipado ao movimento com uma jogada estratégica de peso: a criação da Aliança Energia S.A., uma nova empresa formada em parceria com o fundo global Global Infrastructure Partners (GIP). O movimento, que garantirá à mineradora US$ 1 bilhão em caixa e maior previsibilidade nos custos de energia, é visto pelo mercado como um divisor de águas — especialmente no que diz respeito ao pagamento de dividendos.
A nova investida da Vale: o que é a Aliança Energia?
A Aliança Energia S.A. é fruto da joint venture entre a Vale e a GIP, com objetivo de fornecer energia renovável para as operações da mineradora. A Vale terá 30% de participação na nova empresa, enquanto a GIP ficará com os 70% restantes. O negócio inclui ativos estratégicos, como:
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O parque solar Sol do Cerrado
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A hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga)
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Seis usinas hidrelétricas adicionais
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Três parques eólicos
Juntas, essas estruturas somam mais de 2 GW de capacidade instalada, fornecendo 1.000 MW médios de garantia física — uma base sólida para abastecer as operações da Vale com energia limpa e mais barata.
Por que a Vale está entrando no setor de energia?
A movimentação tem motivação dupla:
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Reduzir custos e riscos com energia, ao fixar preços em dólar, sem correções inflacionárias.
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Aumentar a previsibilidade do fluxo de caixa, essencial para sustentar dividendos mesmo em cenários adversos no preço do minério de ferro.
Além disso, a parceria acelera o plano de descarbonização da companhia, alinhando-se às demandas globais por práticas ESG e atraindo investidores institucionais, especialmente agora que a GIP está sob controle da BlackRock, gigante global do setor financeiro.
O impacto da joint venture nos dividendos da VALE3
O aporte de US$ 1 bilhão no caixa da empresa oferece à Vale uma folga financeira significativa. Parte desse recurso poderá ser usada para:
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Reforçar os pagamentos do acordo de reparação de Brumadinho
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Atingir a meta de dívida líquida entre US$ 10 e 20 bilhões
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E, claro, remunerar acionistas com dividendos mais robustos
Segundo análise do BTG Pactual, esse movimento permite que a mineradora sustente um dividend yield de cerca de 10% ao ano, mesmo com um cenário global mais desafiador para o minério de ferro.
Panorama técnico: VALE3 ainda está barata?
Mesmo após recentes altas, VALE3 ainda se encontra abaixo das máximas históricas. Com base nos últimos fechamentos:
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Cotação: R$ 57,74
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PL (Preço/Lucro): 8,22 — atrativo frente ao mercado
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Dividend Yield atual: cerca de 8,39% (base nos últimos 12 meses)
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PVP: 1,26 — ou seja, 26% acima do valor patrimonial
Em termos de análise gráfica, o ativo está tentando superar a resistência dos R$ 57,65, com próxima barreira em R$ 60,19. Se ultrapassada, pode abrir espaço para novas valorizações.
Projeções de preço teto e dividendos esperados
Com base no lucro líquido projetado de R$ 6,25 bilhões e um payout estimado de 65%, o dividendo por ação (DPA) pode chegar a R$ 5,19 em 2025. Isso gera diferentes preços teto, conforme o retorno desejado:
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Para yield de 4%: R$ 129,78
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Para yield de 6%: R$ 86,52
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Para yield de 8%: R$ 64,89
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Para yield de 10%: R$ 51,91
Ou seja, com VALE3 ainda na faixa dos R$ 57, há margem para lucros — principalmente se o objetivo for renda passiva.
Riscos e oportunidades: o que o investidor deve considerar?
Oportunidades:
Diversificação da Vale para o setor de energia
Estímulos chineses ao setor de construção e infraestrutura
Alta eficiência operacional e custos reduzidos
Parceria com fundo global de infraestrutura (GIP/BlackRock)
Potencial de dividendos acima da média
Riscos:
Queda persistente no preço do minério de ferro
Volatilidade cambial impactando a dívida em dólar
Riscos jurídicos e reparações ainda em curso (Brumadinho e Mariana)
Necessidade de adaptação à nova dinâmica do setor elétrico
VALE3: comprar, vender ou segurar?
A maioria das casas de análise, como JP Morgan, Goldman Sachs, Itaú BBA e Santander, recomenda compra para VALE3, com preços-alvo entre R$ 75 e R$ 87. Por outro lado, o BTG Pactual mantém posição neutra, devido à incerteza sobre o minério de ferro.
Contudo, mesmo com projeções de menor crescimento global, a solidez da Vale, seu alto potencial de dividendos e a nova diversificação energética fortalecem seu papel como um dos principais ativos para investidores que buscam renda passiva com segurança.
O post Vale fecha parceria bilionária e pode pagar caminhão de dividendos em 2025: ainda vale comprar VALE3? apareceu primeiro em O Petróleo.