A política comercial do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continua a impactar mercados globais. Recentemente, após uma conversa com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, Trump negou a possibilidade de reduzir tarifas comerciais entre os dois países. No entanto, a pressão do setor automotivo norte-americano levou o republicano a suspender, por um período de um mês, as tarifas sobre importações de montadoras do México e do Canadá.
A Aliança para a Inovação Automotiva, que representa as principais montadoras dos EUA, alertou que a imposição de uma tarifa de 25% sobre componentes automotivos poderia interromper a cadeia de suprimentos integrada na América do Norte. Grande parte dos veículos fabricados nos EUA depende de peças vindas do Canadá e do México, e cerca de 40% dos automóveis vendidos por algumas montadoras são montados nesses países.
A decisão de Trump de suspender temporariamente as tarifas trouxe um alívio para o mercado financeiro. As bolsas americanas, que vinham operando em queda devido às incertezas comerciais, registraram alta pela primeira vez em dois dias. No entanto, investidores ainda demonstram cautela diante das próximas decisões da Casa Branca.
Tensão com o Canadá e impacto nas exportações
Apesar da suspensão das tarifas sobre montadoras, Trump manteve sua posição firme contra o Canadá, recusando aliviar outras taxas sobre produtos canadenses. Segundo ele, o governo canadense não tomou medidas suficientes para impedir a entrada da droga fentanil nos EUA, o que justificaria a manutenção das tarifas.
Trudeau, por sua vez, indicou que está disposto a reduzir tarifas aplicadas sobre produtos americanos, mas condicionou a medida a um movimento recíproco de Trump. Essa postura protecionista do governo americano tem sido criticada por analistas que apontam os riscos de uma economia menos competitiva e uma previsão de crescimento abaixo do esperado.
O impacto para o Brasil e o setor agrícola
A guerra comercial de Trump também afeta indiretamente o Brasil. Durante seu primeiro governo, as disputas tarifárias entre EUA e China impulsionaram as exportações brasileiras de commodities agrícolas. Agora, com um possível novo capítulo da guerra comercial, a perspectiva de crescimento para as exportações brasileiras de soja e milho pode se repetir.
Entretanto, há incertezas sobre o impacto de um eventual acordo entre EUA e China, que poderia reduzir a demanda chinesa por produtos brasileiros. Além disso, a crescente produção de grãos na Rússia e em outros países reforça a necessidade de o Brasil buscar novas parcerias comerciais para manter sua relevância no setor agroexportador.
Estratégia brasileira e relação com os EUA
No Brasil, o governo enfrenta um dilema sobre como lidar com a política comercial de Trump. Enquanto a prioridade parece ser evitar confrontos diretos, algumas autoridades avaliam possíveis concessões, como a redução da tarifa de 18% sobre o etanol importado dos EUA, em troca de vantagens para exportações brasileiras de produtos como açúcar e aço.
No entanto, caso Washington intensifique medidas protecionistas, especialistas indicam que o Brasil pode adotar uma estratégia semelhante à da “guerra do algodão”, buscando aplicar tarifas sobre produtos que afetem setores estratégicos da economia americana e pressionem congressistas influentes em Washington.
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