A quarta-feira foi marcada por forte expectativa no cenário financeiro global, com os investidores atentos ao aguardado anúncio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Chamado por ele de “Dia da Libertação”, o plano tarifário promete reformular as relações comerciais dos EUA e já causa forte repercussão nos mercados.
Enquanto as bolsas americanas oscilaram fortemente, o Ibovespa manteve o ritmo positivo e sustentou os 131 mil pontos. No câmbio, o dólar recuou para R$ 5,68, influenciado por dados econômicos fracos vindos dos Estados Unidos e pela postura firme do Banco Central brasileiro no combate à inflação.
A nova ofensiva tarifária de Trump
Donald Trump deve anunciar nesta quinta-feira (3) uma nova rodada de tarifas comerciais, retomando o tom protecionista que marcou sua administração anterior. A medida foi batizada por ele de “Dia da Libertação” e tem como foco combater o que chama de “concorrência desleal” da China e de outros parceiros comerciais.
A proposta inclui tarifas adicionais sobre produtos industriais, bens eletrônicos e até setores considerados estratégicos, como semicondutores e veículos elétricos. Analistas avaliam que o movimento pode reacender uma guerra comercial de grandes proporções.
“Essa nova investida tarifária de Trump visa reforçar sua base eleitoral em meio à corrida presidencial, mas pode desencadear retaliações e instabilidade econômica global”, alerta um relatório recente do JPMorgan.
Mercados reagem com volatilidade
Os mercados globais reagiram com volatilidade à iminência do anúncio. Pela manhã, os principais índices de Wall Street abriram em queda, mas inverteram o movimento ao longo do dia, com investidores apostando na possibilidade de que os dados econômicos fracos forcem o Fed a adotar um tom mais brando.
Já no Brasil, o Ibovespa seguiu em trajetória positiva, impulsionado por ações ligadas a commodities e bancos. O índice se manteve acima dos 131 mil pontos, mesmo com o cenário de incerteza externa.
Dólar cai com dados fracos nos EUA
O dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 5,68, com queda de cerca de 0,6%. A desvalorização da moeda americana foi influenciada por dois fatores principais:
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Dados de emprego nos EUA abaixo do esperado, indicando desaceleração econômica;
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Atividade industrial também fraca, o que levanta dúvidas sobre a sustentabilidade do crescimento norte-americano.
Esses números reforçam a percepção de que o Federal Reserve pode adotar uma política monetária mais flexível nos próximos meses, o que tende a enfraquecer o dólar globalmente.
Banco Central reafirma compromisso com a inflação
Durante uma solenidade pelos 60 anos do Banco Central, realizada na Câmara dos Deputados, o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, reforçou o compromisso do BC com o controle inflacionário.
“O Banco Central vem demonstrando seu compromisso inabalável na persecução das metas e objetivos estabelecidos em lei e pelo Conselho Monetário Nacional”, afirmou Galípolo, em um discurso que soou como uma tentativa de acalmar os mercados diante do cenário externo turbulento.
A fala foi bem recebida pelos agentes econômicos, que viram na postura de Galípolo um reforço à credibilidade da política monetária brasileira.
Argentina e EUA: aproximação comercial
Paralelamente ao clima de tensão internacional, a diplomacia latino-americana também se movimenta. O ministro das Relações Exteriores da Argentina se reuniu nesta quarta-feira com o senador republicano Marco Rubio, nos Estados Unidos. O objetivo é estabelecer as bases para um futuro acordo comercial entre os dois países.
A aproximação ocorre em meio ao alinhamento ideológico entre os presidentes Javier Milei e Donald Trump. A Argentina vê na política protecionista de Trump uma oportunidade de negociar termos mais favoráveis ao comércio bilateral, que movimentou US$ 16 bilhões em 2024.
O que esperar dos próximos dias?
Com o anúncio de Trump previsto para amanhã, os mercados devem seguir atentos a novas declarações e movimentações políticas. A possibilidade de retaliações comerciais por parte da China e da União Europeia também está no radar dos investidores.
Além disso, a divulgação de novos dados econômicos dos EUA, como o relatório de emprego de sexta-feira, deve influenciar diretamente o comportamento dos ativos nas próximas sessões.
O “Dia da Libertação” anunciado por Trump pode marcar uma virada na política comercial global, com impactos ainda incertos. Enquanto isso, o Brasil tenta navegar em meio à turbulência com relativa estabilidade, sustentado por fundamentos internos sólidos e uma política monetária clara.
O investidor deve manter atenção redobrada aos desdobramentos geopolíticos e macroeconômicos dos próximos dias, que prometem testar a resiliência dos mercados emergentes e definir o rumo do segundo trimestre de 2025.
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