A partir do dia 2 de abril de 2025, entra em vigor uma nova medida do ex-presidente e pré-candidato Donald Trump: uma tarifa de 25% sobre a importação de carros e peças de veículos, com o objetivo declarado de proteger a indústria automotiva dos Estados Unidos e impulsionar empregos no setor.
A decisão, anunciada de forma inesperada, já começa a provocar reações em cadeia — tanto nos mercados quanto nas relações diplomáticas.
Uma jogada estratégica com impactos globais
Segundo Trump, a tarifa é uma “demonstração clara de que tarifas funcionam”. O republicano defende que a medida irá aumentar a competitividade da indústria americana, atrair investimentos e gerar novos empregos.
Entretanto, analistas e executivos do setor apontam para riscos relevantes no curto prazo, como:
- Alta nos preços de veículos importados nos Estados Unidos
- Queda nas exportações de países parceiros, como o Reino Unido
- Pressão inflacionária no mercado automotivo americano
- Possível desaceleração temporária da produção local
GM, Ford e a reação imediata das montadoras
Logo após o anúncio, as ações da General Motors caíram cerca de 3%, refletindo a preocupação dos investidores. A Ford também manifestou apreensão.
Ambas as montadoras americanas solicitaram isenções específicas para determinadas peças e veículos, temendo que o aumento dos custos impacte diretamente suas margens de lucro e a cadeia produtiva.
Essas empresas, embora sediadas nos EUA, dependem fortemente de peças fabricadas em países como México, Canadá, Japão e Alemanha.
Reino Unido em alerta: tensão nas exportações de carros de luxo
O impacto da nova tarifa não se limita ao continente americano. O Reino Unido, que exporta principalmente veículos de luxo para os EUA, agora se vê ameaçado por uma política comercial mais protecionista.
A situação se agravou com a inclusão inesperada do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dentro do escopo tarifário. Isso criou incertezas adicionais para montadoras britânicas como Jaguar Land Rover, Aston Martin e Rolls-Royce, que possuem significativa parcela de seu mercado voltado para os consumidores norte-americanos.
O CEO da Sociedade de Fabricantes e Comerciantes de Automóveis do Reino Unido (SMMT) pediu um acordo bilateral urgente com os Estados Unidos para evitar prejuízos ao setor.
Riscos para consumidores: carros mais caros no curto prazo
Se os custos das tarifas forem repassados pelas empresas importadoras — algo considerado provável — os consumidores americanos podem sentir o peso no bolso quase imediatamente.
Veículos importados da Europa, Japão e Coreia do Sul poderão ter aumento de preço, o que afetará diretamente a demanda e o poder de compra. Especialistas já falam em uma possível retração do setor no segundo trimestre de 2025, caso não haja uma resposta coordenada dos governos e fabricantes.
Uma nova guerra comercial à vista?
A medida também acirra tensões com países que mantêm laços econômicos relevantes com os Estados Unidos. O modelo adotado por Trump prevê tarifas recíprocas, ou seja, países que impuserem restrições ou tarifas sobre produtos americanos poderão ser alvo de retaliações.
Esse cenário cria um ambiente de incerteza para a indústria global, especialmente num momento em que o setor automotivo já lida com desafios como:
- Transição para veículos elétricos
- Escassez de semicondutores
- Pressões regulatórias ambientais
O que esperar a partir de agora?
A indústria automotiva global observa atentamente os desdobramentos dessa decisão. Apesar da promessa de estímulo à economia americana, há preocupações legítimas sobre os efeitos colaterais, como:
- Redução do comércio bilateral com parceiros estratégicos
- Encarecimento da produção nos EUA, contrariando a lógica do protecionismo
- Dificuldades logísticas e contratuais para montadoras que operam em cadeias globais
Trump, por sua vez, aposta que o nacionalismo econômico voltará a galvanizar o apoio do eleitorado industrial americano, especialmente nos estados do cinturão da ferrugem (Rust Belt), onde a indústria automotiva é um dos pilares.
A tarifa de 25% sobre carros e peças importadas representa mais do que uma simples política comercial. É um movimento de alto impacto que pode redefinir a dinâmica da indústria automotiva mundial nos próximos meses.
Enquanto o governo americano defende a medida como um impulso à soberania industrial, fabricantes, investidores e consumidores aguardam com cautela os efeitos reais dessa decisão nas prateleiras, nas bolsas e nos empregos.
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