Em meio a um cenário de juros altos e incertezas econômicas, um investimento tradicional voltou ao centro dos holofotes: o Tesouro IPCA+. Em 2025, esse título público atrelado à inflação voltou a oferecer taxas acima de 6%, chegando até a IPCA+8% — algo raro na história recente.
Essa rentabilidade atrativa reacendeu o debate: o Tesouro IPCA+ é mesmo imbatível? Ou existem riscos que o investidor comum precisa considerar antes de colocar todo seu dinheiro nesse ativo?
O que é o Tesouro IPCA+ e por que ele está em alta?
O Tesouro IPCA+ é um título público que paga uma taxa fixa de juros acima da inflação (IPCA). Ou seja, independentemente de quanto os preços subam, o investidor garante um retorno real — mantendo o poder de compra do seu dinheiro.
Em um vídeo recente, a educadora financeira Sofia Abreu destacou três pilares que fazem desse ativo uma escolha tão poderosa:
1. Rentabilidade histórica superior
Simulações mostraram que o Tesouro IPCA+ superou, nos últimos 10 anos, a rentabilidade do Ibovespa, do dólar, do CDI e de diversas outras classes de ativos — mesmo considerando períodos de grande valorização da Bolsa.
2. Segurança e previsibilidade
Como título do governo federal, o Tesouro IPCA+ é considerado um dos investimentos mais seguros do Brasil, com risco de calote praticamente inexistente. Além disso, oferece previsibilidade de retorno real, algo raro em tempos de inflação volátil.
3. Momento histórico único
Taxas como IPCA+8% ao ano não costumam durar. Elas refletem um momento de incerteza e prêmio de risco elevado. No passado, o Tesouro IPCA+ chegou a pagar apenas IPCA+3% — o que mostra o quão especial é o cenário atual.
Mas será que ele é imbatível mesmo?
Apesar do apelo, é preciso ir além da euforia. Existem alguns pontos de atenção que podem comprometer os resultados se o investidor não souber o que está fazendo.
Rendimento elevado… mas por quanto tempo?
As taxas mais altas do Tesouro IPCA+ podem durar pouco. Como os títulos são precificados pelo mercado, quando a Selic cair ou a inflação se estabilizar, essas taxas devem diminuir. E, para quem continuar aportando, a rentabilidade média cairá.
Ou seja: a taxa que você trava hoje não é a mesma de amanhã. A sua carteira, ao longo do tempo, tende a ter uma taxa média menor.
Risco de marcação a mercado
Um dos maiores erros é ignorar o efeito da marcação a mercado. Como os títulos de longo prazo oscilam com os juros futuros, quem compra hoje e decide vender antes do vencimento pode ter prejuízos relevantes — mesmo com a taxa contratada sendo alta.
Um exemplo recente: o Tesouro Renda+ 2065, que chegou a cair mais de 50% no preço de mercado desde meados de 2023. Sim, um título público com desvalorização digna de ações de empresas em crise.
CDBs e títulos privados: rendimentos ainda maiores?
Com bancos e instituições financeiras competindo por capital, surgem opções que pagam IPCA+8,3%, IPCA+9% e até IPCA+12,7% (caso dos títulos de crédito privado). Naturalmente, o risco é maior, mas a rentabilidade também.
Além disso, há pré-fixados pagando até 16,5% ao ano, o que em certos cenários pode superar até mesmo o IPCA+8.
A chave: diversificação e estratégia
O principal erro de muitos investidores é buscar o melhor ativo do momento, em vez de construir uma estratégia sólida de longo prazo.
No Clube do Valor, por exemplo, os gestores defendem o conceito de alocação estratégica:
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Combinar Tesouro IPCA+, títulos pré-fixados e pós-fixados
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Incluir ações, FIIs e investimentos no exterior
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Rebalancear a carteira regularmente para comprar barato e vender caro
Essa abordagem reduz riscos e garante uma performance mais consistente ao longo dos ciclos econômicos.
“O segredo não está em adivinhar o melhor ativo, mas em montar um portfólio que se adapta ao tempo”, reforça Felipe Almeida, especialista em alocação de ativos.
O post Tesouro IPCA+: o investimento mais seguro e rentável do Brasil? Veja a verdade por trás da fama apareceu primeiro em O Petróleo.