O fundo imobiliário RECT11 volta a preocupar os investidores após anunciar uma nova redução nas distribuições mensais, que agora devem se manter no patamar de R$ 0,33 por cota — valor inferior ao registrado nos últimos meses. O anúncio veio acompanhado de uma atualização sobre a vacância dos imóveis e o cenário financeiro, que inclui uma dívida de R$ 183 milhões. O momento é de cautela, e a perspectiva para 2025 não é das melhores.
A distribuição caiu — e pode piorar
A gestão do RECT11 informou que a diminuição na distribuição tem como objetivo preservar o caixa e honrar as obrigações financeiras. A partir de março, o repasse mensal ao cotista foi reduzido em cerca de R$ 0,03 por cota, passando de R$ 0,36 para R$ 0,33. Embora o fundo tenha acumulado R$ 0,36 por cota em resultado, a distribuição foi intencionalmente reduzida para preservar liquidez diante do cenário desafiador.
Segundo o relatório, o fundo está priorizando o cumprimento de dívidas, especialmente as de longo prazo, que vencem até dezembro de 2028. Contudo, a medida sinaliza um cenário de dificuldade e pode comprometer ainda mais a atratividade do fundo, principalmente frente a alternativas mais conservadoras da renda fixa.
Vacância sobe e receita com aluguéis é impactada
Outro ponto que agravou a situação foi o fato relevante publicado em 14 de março, relatando a saída de um inquilino de dois andares da Torre Sul do Canopus Corporate. A movimentação aumentará a vacância em 2,5%, elevando o índice para próximo de 10% — patamar elevado para fundos de lajes corporativas.
Apesar disso, o portfólio do RECT11 ainda apresenta uma taxa de ocupação relativamente boa quando comparada à média das regiões em que atua, o que sugere ativos de qualidade. Porém, a dificuldade em negociar os espaços vagos e a ausência de RMG (Renda Mínima Garantida) pressionam a geração de receita.
Dívida elevada e sem solução clara à vista
Um dos principais entraves do fundo segue sendo o seu endividamento elevado, que atualmente soma cerca de R$ 183 milhões. Desse total, R$ 178 milhões referem-se a uma dívida que já vem sendo postergada ao longo dos últimos anos.
As taxas das operações de crédito também chamam atenção: o fundo opera com três dívidas principais atreladas ao IPCA, com juros que chegam a IPCA + 8,25%, considerados altos para o segmento. O impacto disso na demonstração de resultado é visível: as despesas financeiras saltaram para R$ 2,8 milhões, pressionando o resultado e exigindo contenção na distribuição.
Patrimônio, liquidez e expectativa de venda de ativos
O valor patrimonial do RECT11 gira em torno de R$ 960 milhões, mas a cota de mercado tem sofrido forte desvalorização. Com um P/VP de apenas 0,35, o fundo está sendo negociado com desconto significativo, evidência clara da perda de confiança dos investidores. Quem entrou no IPO ou adquiriu cotas na faixa dos R$ 90 viu o valor despencar nos últimos anos.
A gestão segue prometendo a venda de ativos como alternativa para recompor o caixa e reduzir a alavancagem, mas as tentativas vêm fracassando. O fundo chegou a concluir a venda do Parque da Costa no ano passado, o que gerou valores a receber, mas ainda insuficientes para mudar o panorama.
Perspectivas para 2025: mais um ano de queda?
A trajetória do fundo nos últimos anos mostra um padrão preocupante: cada ano pior do que o anterior em termos de distribuição de dividendos. Se mantiver os R$ 0,33 até dezembro, 2025 será o pior ano do RECT11 desde 2020.
A projeção para os próximos meses não é animadora. Com a dívida crescente, dificuldade de vender ativos e vacância em elevação, o fundo pode enfrentar mais cortes nos repasses ou até mesmo inadimplência caso a situação se agrave.
Fundo sob pressão e cautela redobrada
O RECT11 vive um momento delicado. A queda nas distribuições, a escalada da vacância e a dívida pesada colocam em xeque a sustentabilidade do fundo no curto e médio prazo. Embora o portfólio tenha ativos considerados bons e com taxas de ocupação acima da média regional, os desafios de gestão e renegociação das dívidas tornam a recuperação incerta.
Investidores devem redobrar a atenção e acompanhar de perto os próximos relatórios. Caso o fundo não consiga executar vendas de ativos ou reduzir sua alavancagem, o cenário pode se deteriorar ainda mais — e os cotistas que já amargam prejuízos podem continuar longe de ver uma reversão.
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