A IS Energia (antiga ISA CTEEP), uma das gigantes da transmissão elétrica no Brasil, tem sido motivo de debate entre investidores diante da perspectiva de redução de receita com o fim da RBSE em 2028. Porém, ao contrário do que muitos temem, a empresa já traçou um plano sólido para manter o crescimento e preservar sua atratividade como pagadora de dividendos consistentes.
A realidade dos leilões em 2025 — e o diferencial da IS Energia
Enquanto o setor de transmissão enfrentará um ano mais fraco em 2025, com leilões somando apenas R$ 7 bilhões, a IS Energia segue firme com um portfólio robusto de investimentos já contratados. Segundo Rui Chammas, CEO da empresa, os leilões são bem-vindos, mas não essenciais: a companhia já tem R$ 5 bilhões em investimentos programados, entre novos projetos e melhorias em seus ativos existentes.
Crescimento estruturado: R$ 8bi em projetos e receita adicional de R$ 1bi
A empresa venceu seis leilões nos últimos anos, somando R$ 8 bilhões em novos projetos que devem ser concluídos até 2028. Quando estiverem operacionais, esses ativos gerarão uma receita adicional de aproximadamente R$ 1 bilhão por ano — justamente o montante que deixará de ser recebido com o fim do componente financeiro da RBSE.
Esse movimento estratégico visa preencher a lacuna prevista para 2028, quando o componente financeiro da RBSE (cerca de R$ 1,5 bilhão anuais) será extinto. O componente econômico, no valor de R$ 556 milhões anuais, continuará vigente.
Reforços e melhorias: receita garantida sem competição
Diferente de outras empresas que dependem exclusivamente de novos leilões, a IS Energia se beneficia de uma concessão renovada no estado de São Paulo, que permite a realização contínua de reforços e melhorias. Esses investimentos geram aumento de receita de forma mais previsível e sem a pressão de lances agressivos.
Hoje, a empresa possui R$ 5,5 bilhões em reforços e melhorias planejados até 2028. Desse montante, 50% da receita adicional entra no momento da energização dos ativos, e os outros 50% são reconhecidos na próxima Revisão Tarifária Periódica (RTP), marcada para 2028. A taxa média de retorno sobre esse capital (RAP/CAPEX) gira entre 12% e 17%.
Receita recorrente até o fim da concessão
Além dos projetos em construção e dos reforços constantes, a IS Energia investe cerca de R$ 1 bilhão por ano apenas na renovação de seus ativos depreciados. A concessão da companhia no estado de São Paulo segue válida até 2042, e os investimentos em equipamentos antigos — alguns instalados desde a década de 60 — são inevitáveis. Esses aportes garantem remuneração adicional por até 30 anos, como é o caso de um transformador recentemente substituído que voltará a gerar receita regulatória.
O desafio da RBSE e a estratégia da IS Energia
A Receita Básica de Serviços Existentes (RBSE) representa hoje 57% da receita da IS Energia. Com o fim do componente financeiro em 2028, haverá uma redução estimada em R$ 1,08 bilhão por ano. No entanto, a previsão é que os projetos atualmente em desenvolvimento entreguem cerca de R$ 439 milhões em novas receitas até lá — e parte disso entra antes mesmo da RTP, conforme os ativos forem energizados.
Mesmo considerando uma possível queda de receita líquida no terceiro trimestre de 2028, o equilíbrio entre novos aportes e revisões tarifárias tende a neutralizar esse impacto.
Dividendos sólidos e política de Payout consistente
Desde 2020, a IS Energia adota uma política clara: manter um payout mínimo de 75% do lucro líquido regulatório. Isso assegura uma remuneração estável aos acionistas, ao mesmo tempo em que preserva recursos para novos investimentos e manutenção da alavancagem controlada.
Apesar do receio de alguns investidores, a companhia não pretende reduzir seu compromisso com os dividendos. A estratégia é equilibrar crescimento e distribuição, mantendo a geração de valor de forma sustentável. Em cenários futuros, a empresa poderia, inclusive, elevar o payout para 90% após a conclusão dos grandes projetos, aumentando ainda mais os proventos.
Avaliação atual: desconto relevante e Dividend Yield atrativo
Hoje, as ações da IS Energia estão negociadas com desconto, apresentando um P/VP de 0,74 e queda de 14,2% nos últimos 12 meses. Esse movimento foi impulsionado por fatores externos, como a venda de ações pela Eletrobras e a percepção equivocada de risco por parte do mercado.
Mesmo assim, o dividend yield da empresa segue elevado, atingindo 10,7%. E com os resultados ajustados pelo IPCA, esse rendimento tende a se manter competitivo mesmo num cenário macroeconômico adverso.
O post Por que a IS Energia deve continuar pagando dividendos altos até 2042 apareceu primeiro em O Petróleo.