O Banco Central divulgou nesta semana o Relatório de Política Monetária do primeiro trimestre de 2025, trazendo um dado que preocupa: a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi revista para baixo, passando de 2,1% para 1,9%. O número pode parecer pequeno, mas revela uma tendência de desaceleração da atividade econômica, com impactos diretos sobre a inflação, o mercado de trabalho e até a popularidade do governo Lula.
Por que o crescimento foi revisado para baixo?
A revisão do PIB para 2025 reflete, segundo o Banco Central, sinais de moderação na economia, apesar de indicadores ainda apontarem dinamismo em alguns setores. A principal causa para a desaceleração é o aperto monetário promovido nos últimos trimestres: a taxa Selic foi mantida em patamares elevados justamente para conter a inflação. E como esperado, juros altos reduzem o consumo, o crédito e os investimentos – efeitos que agora começam a ser sentidos com mais intensidade.
Em 2024, o Brasil havia registrado um crescimento expressivo de 3,4%, impulsionado por medidas de estímulo e recuperação pós-pandemia. No entanto, esse ritmo já dava sinais de esgotamento, principalmente pela ausência de ganhos de produtividade e pela deterioração das expectativas fiscais.
Economia aquecida ou superaquecida? Eis a questão
Embora o crescimento do PIB em 2024 tenha sido comemorado, especialistas alertam que ele foi impulsionado por um estímulo artificial. De acordo com o próprio relatório do Banco Central, a economia brasileira está “superaquecida” — ou seja, operando acima de sua capacidade real de produção.
Esse desequilíbrio, sustentado por programas de estímulo ao consumo como o crédito com garantia do FGTS, pode gerar uma pressão inflacionária ainda maior. É como um motor que gira além do limite: uma hora ele pode pifar.
“Estamos produzindo mais do que a nossa capacidade real permite. E sem aumento de produtividade, esse crescimento não se sustenta”, alertou um economista ouvido pela imprensa.
A produtividade do trabalho, inclusive, segue estagnada há décadas. E sem avanços estruturais nessa área, o país não amplia seu potencial de crescimento no longo prazo.
Impactos na inflação e na política monetária
O crescimento econômico mais fraco vem justamente como consequência da estratégia do Banco Central para controlar a inflação. Ao elevar a Selic, o objetivo é reduzir a demanda e reequilibrar a economia. No entanto, esse freio monetário precisa ser acompanhado de responsabilidade fiscal — algo que, até agora, o governo tem tido dificuldade em entregar.
Com medidas que colocam mais dinheiro na economia — como o “empréstimo do Lula” via FGTS — o governo estaria, na prática, pressionando o consumo enquanto o Banco Central tenta frear. O resultado? Um país com o pé no acelerador e no freio ao mesmo tempo.
E o governo? Popularidade em jogo
A nova previsão de crescimento de apenas 1,9% levanta questionamentos políticos. O “PIBinho” pode não causar impacto direto nas urnas, mas revela uma economia travada e um custo de vida que segue alto. Apesar dos discursos otimistas da equipe econômica e do próprio presidente Lula, a percepção da população é outra.
“A inflação nos alimentos e o custo de vida elevado ainda não permitem que o brasileiro sinta no bolso qualquer melhora”, comentou uma analista política.
Mesmo com dados macroeconômicos positivos em 2024, como o desemprego em queda e aumento da massa salarial, o efeito prático para o cidadão comum é diluído pelos preços altos e pela falta de perspectiva de melhoria sustentada.
Onde está o erro? Falta de previsibilidade fiscal
Um dos principais problemas apontados por analistas é a falta de confiança no cenário fiscal. O chamado “pós-arcabouço” — nova regra fiscal criada pelo governo — ainda não conseguiu entregar previsibilidade. Sem um plano claro de ajuste nas contas públicas, o país segue sem margem de manobra para investimentos e ações estruturais.
Com isso, cresce a preocupação de que o espaço para mudanças mais robustas só venha após as eleições de 2026, o que compromete ainda mais a trajetória de crescimento sustentável.
O que esperar daqui para frente?
Com a janela de reformas praticamente fechada até o fim do mandato atual, os próximos trimestres devem ser marcados por uma economia em desaceleração, juros ainda elevados e inflação persistentemente acima do ideal. O desafio para o governo será conciliar as demandas sociais com a necessidade de responsabilidade fiscal.
Enquanto isso, o Banco Central segue com a missão de controlar a inflação sem provocar uma recessão. E os olhos do mercado estarão voltados para os próximos passos da política econômica — e para os sinais de que o país, finalmente, pode buscar crescimento com sustentabilidade.
O post PIB de 1,9%: alerta do Banco Central preocupa economia e governo apareceu primeiro em O Petróleo.