A Petrobras decidiu, nesta semana, retomar o controle operacional de duas fábricas de fertilizantes no Nordeste brasileiro, situadas em Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE). A decisão, aprovada pelo Conselho de Administração da estatal por sete votos a quatro, encerra um longo período de arrendamento e disputas judiciais envolvendo a empresa Unigel.
Histórico problemático e decisão controversa
As fábricas começaram suas operações em 2013, durante o governo de Dilma Rousseff, com expectativa de suprir parte da demanda interna por fertilizantes. No entanto, desde o início, enfrentaram dificuldades financeiras e nunca geraram lucro. A situação levou ao encerramento das atividades pelo presidente Michel Temer em 2018.
Sob a gestão de Jair Bolsonaro, as plantas foram arrendadas à empresa química Unigel por um período de 10 anos. Mesmo sob arrendamento, as operações continuaram sem lucratividade significativa, ampliando o histórico de fracassos econômicos.
Contexto geopolítico e dependência externa
A decisão de retomar as operações ocorre em um cenário de forte dependência brasileira por fertilizantes importados, fragilidade exposta pela Guerra da Ucrânia. O conflito internacional deixou evidente a vulnerabilidade do país a interrupções no fornecimento externo desses produtos essenciais à agricultura nacional.
Os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil), este último com forte vínculo político à Bahia, onde uma das fábricas está localizada, têm defendido enfaticamente a reativação das plantas como estratégia para aumentar a segurança alimentar e energética do país.
Conflitos e decisões políticas
O ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, havia demonstrado resistência à retomada, alegando preocupações financeiras e jurídicas, especialmente após questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU). No final de 2023, o tribunal identificou potenciais perdas econômicas associadas à operação das fábricas.
Contudo, diante de pressões políticas crescentes e uma clara necessidade estratégica, o Conselho optou por um acordo com a Unigel. Pela decisão, a empresa química desiste de ações judiciais contra a Petrobras, permitindo que a estatal reassuma integralmente o controle das unidades.
Oportunidade ou armadilha financeira?
A retomada levanta uma questão fundamental: será que, desta vez, a operação poderá finalmente se tornar rentável? Especialistas afirmam que, apesar dos desafios passados, o contexto atual de forte demanda interna e dificuldades globais pode abrir espaço para um desempenho econômico positivo.
Entretanto, o histórico de prejuízos e a complexidade operacional dessas unidades exigem atenção redobrada. A Petrobras precisará demonstrar eficiência operacional inédita e controle rigoroso de custos para transformar essas plantas em ativos lucrativos.
Perspectivas futuras
O sucesso dessa retomada dependerá fortemente das condições globais do mercado de fertilizantes e da capacidade da Petrobras em gerenciar essas fábricas com um modelo de negócios sustentável. O governo federal aposta que a necessidade estratégica justifica o risco financeiro, mas apenas o tempo poderá confirmar se esta será uma jogada assertiva ou mais um capítulo de prejuízos.
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