A Petrobras (PETR4) confirmou a distribuição de dividendos no valor de R$ 0,70 por ação, a serem pagos em duas parcelas: a primeira em 20 de maio e a segunda em 20 de junho de 2025. Para ter direito, o investidor precisa estar posicionado até a chamada “data com”, marcada para 16 de abril.
Apesar da boa notícia para acionistas, o anúncio ocorre em um momento delicado: o preço do barril de petróleo Brent caiu cerca de 14% desde o início de abril, pressionando as margens de lucro da estatal e levantando preocupações sobre a sustentabilidade dos dividendos no longo prazo.
Entenda o cenário atual: petróleo abaixo de US$ 60 e margem de lucro em risco
A Petrobras depende diretamente do preço do petróleo para gerar caixa. Estima-se que a empresa precisa de um barril na faixa de US$ 65 a US$ 70 para operar com margem confortável, considerando o custo de extração offshore — que gira em torno de US$ 17 a US$ 18 por barril.
Com o Brent caindo para a casa dos US$ 59, a rentabilidade da companhia é colocada em xeque. Isso significa que, para manter a política de dividendos agressiva, a estatal pode precisar recorrer a mais alavancagem — uma medida que aumenta o risco financeiro da empresa e pode afastar investidores mais conservadores.
Alavancagem e ações alugadas: sinais de alerta
Um dos indicativos de pressão no mercado é o aumento na quantidade de ações PETR4 alugadas para venda descoberta. Após o tombo do petróleo e temores de recessão global, o volume de ações alugadas saltou de 1,5% para 2,5%, indicando uma onda de apostas contra o papel.
Além disso, há um intervalo preocupante nas recompras de ações pela própria Petrobras, que vinham ocorrendo com frequência até o início de 2024, especialmente quando o preço caía abaixo de R$ 30. Com a paralisação dessas recompras, o suporte técnico aos papéis pode diminuir.
Quanto a Petrobras já pagou em dividendos?
Mesmo com o cenário adverso, os números impressionam: nos últimos 12 meses, a Petrobras distribuiu cerca de R$ 5,73 por ação preferencial (PN). Considerando a cotação de R$ 32,04, o dividend yield anualizado ultrapassa 17,8%, um dos mais altos da Bolsa.
No entanto, esse nível de retorno pode não se sustentar caso o petróleo continue pressionado e a empresa seja forçada a preservar caixa em vez de distribuir.
Comparativo com PRIO3 e BRAV3: quem está mais atrativa?
No painel inteligente de avaliação por métodos como Graham e Greenblatt, a PETR4 aparece atualmente “cara”, com potencial limitado de valorização (apenas 36% estimado). Em contraste, PRIO3 (PetroRio) mostra-se descontada, com potencial de valorização superior a 160%, embora não esteja pagando dividendos no momento — priorizando reinvestimento e crescimento.
Já BRAV3 (Brava Energia), apesar do foco no segmento onshore, ainda não possui dados confiáveis para avaliação nos mesmos moldes, devido a distorções no P/L e ROE negativo.
Outras empresas com dividendos nesta semana
Além da Petrobras, outras empresas também anunciaram proventos:
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Santander (SANB11): JCP com data de corte em 17/04
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Vulcabras: dividendos de R$ 0,10
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Alos: R$ 0,10 por ação
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Grand: R$ 0,13
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Armac: JCP para investidores posicionados até o fim da semana
O que o investidor deve observar?
Para quem já possui ações da Petrobras, o ideal é acompanhar:
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Evolução do preço do petróleo nas próximas semanas
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Volume de ações alugadas, que pode sinalizar pressão de venda
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Possível retomada de recompras por parte da empresa
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Novos comunicados sobre ajustes na política de dividendos
A estatal ainda é uma forte pagadora de dividendos, mas depende de fatores externos altamente voláteis. O cenário atual exige atenção redobrada e talvez mais diversificação por parte do investidor que busca renda passiva.
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