A Oi (OIBR3) comunicou ao mercado uma medida que chamou a atenção de investidores: a capitalização dos juros com vencimento em março de 2025, postergando seu pagamento para 2027. A decisão surge em um momento crucial para a companhia, que atravessa sua segunda recuperação judicial e aguarda, a qualquer instante, o desfecho de uma arbitragem bilionária contra a União.
A seguir, destrinchamos os impactos dessa movimentação, o que ela revela sobre a saúde financeira da Oi, o cenário atual das ações e por que o resultado da arbitragem pode redefinir o futuro da empresa.
O que significa capitalizar juros? Entenda o movimento financeiro da Oi
No comunicado ao mercado, a Oi informou que os detentores de suas notas seniores com vencimento em 2027 concordaram em capitalizar os juros vencidos em 31 de março de 2025. Em termos simples, isso quer dizer que, ao invés de pagar os juros agora, a empresa irá incorporá-los ao valor principal da dívida e quitá-los somente no vencimento — em 2027.
Exemplo prático: imagine que uma empresa deveria pagar R$ 500 de juros agora e R$ 10 mil de principal daqui a dois anos. Ao capitalizar os juros, ela posterga o pagamento dos R$ 500, comprometendo-se a pagar R$ 10.500 no fim do contrato. É uma forma de preservar caixa no presente, ainda que isso represente um valor maior no futuro.
Por que a Oi fez isso? A resposta está no caixa
Essa decisão aponta para um objetivo claro: preservar liquidez. Ao adiar o pagamento dos juros, a Oi mantém recursos em caixa para continuar operando e honrando compromissos menores, como dívidas com credores de menor porte e despesas operacionais recorrentes (OPEX).
Embora o nível de caixa da empresa não pareça crítico, a escolha por não desembolsar os juros agora indica um cenário ainda delicado. É um fôlego estratégico para continuar sua reestruturação sem comprometer o dia a dia.
Situação financeira da Oi: um retrato de baixa capitalização e alta dívida
Segundo dados recentes, o valor de mercado da Oi gira em torno de R$ 423 milhões, um número modesto para uma empresa do setor de telecomunicações. Já o valor da firma (enterprise value) ultrapassa R$ 9 bilhões, evidenciando o peso da dívida em sua estrutura financeira.
O patrimônio líquido ainda segue negativo, impedindo análises mais profundas por múltiplos contábeis convencionais. Esse desequilíbrio reforça a importância de medidas como a capitalização de juros e a urgência na busca por fontes adicionais de caixa.
Aluguéis de ações em queda: o que isso indica sobre o comportamento dos investidores?
Um dado curioso reforça o sentimento de compasso de espera no mercado: o volume de ações alugadas da Oi caiu de quase 9 milhões para 6,88 milhões em poucas semanas. Isso indica que investidores que apostavam na queda da ação (os vendidos) estão desfazendo posições.
Esse movimento de “desaluguel” pode ter contribuído para a leve valorização da ação nos últimos dias, sem necessariamente indicar a entrada de grandes compradores. O cenário ainda é de incerteza, mas a diminuição da pressão vendedora é um sinal relevante.
Arbitragem com a União: uma decisão que pode virar o jogo
Além da questão do caixa, a Oi aguarda com ansiedade o resultado de uma arbitragem bilionária com a União, cuja sentença pode ser divulgada a qualquer momento. O processo envolve a AGU e a Anatel, e as últimas manifestações das partes foram feitas na última sexta-feira (4).
Se o desfecho for favorável à Oi, os valores envolvidos poderão reforçar significativamente seu caixa, viabilizando pagamentos e investimentos e até mesmo melhorando sua imagem perante o mercado. Trata-se de um ponto de inflexão potencial.
Transparência e credibilidade: o papel da diretoria nas próximas semanas
Com a divulgação dos próximos resultados trimestrais e a realização da tradicional teleconferência com analistas e investidores, a diretoria da Oi tem uma oportunidade de ouro para reforçar sua comunicação com o mercado.
Diante de um cenário desafiador e repleto de incertezas, clareza e transparência são fundamentais para resgatar a confiança dos investidores e alinhar expectativas quanto à condução do plano de recuperação.
Expectativas para os próximos meses: venda de ativos e sobrevida operacional
A Oi tem buscado alternativas para reforçar seu caixa, como a venda de ativos não estratégicos, especialmente imóveis, além da alienação de partes de sua operação fixa. A expectativa é que parte desses recursos seja utilizada para quitar passivos menores e manter as operações funcionando.
Além disso, um possível evento de liquidez em 2027 — como a venda de participação na V.tal — pode justificar a decisão de postergar o pagamento dos juros até essa data.
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