O recente anúncio de aumento das tarifas de importação por parte dos Estados Unidos, defendido pelo presidente Donald Trump, pode transformar significativamente o cenário do comércio internacional — e abrir uma inesperada janela de oportunidade para o Brasil.
Segundo especialistas consultados, como a professora de Economia Política da FGV, Carolina Moec, e o economista Carlos Gustavo, o Brasil pode ganhar competitividade global em setores estratégicos, justamente por não estar no centro da retaliação comercial que se desenha entre as grandes potências.
Com as novas medidas tarifárias, produtos americanos tendem a se tornar menos competitivos em mercados relevantes como China, União Europeia e Japão. Isso ocorre porque essas economias, diante das políticas protecionistas dos EUA, podem adotar represálias semelhantes, elevando as tarifas de entrada para produtos americanos.
Nesse cenário, produtos brasileiros, que continuam operando sob regras tarifárias mais estáveis e com tributos diferenciados, passam a ter vantagens em nichos específicos — como etanol, minério de ferro, alimentos industrializados e bens de capital como máquinas siderúrgicas.
“Estamos diante de uma ruptura inédita nas regras tradicionais do comércio internacional”, afirmou Carolina Moec. “As tarifas deveriam ser uniformes entre os países, exceto nos casos de acordos bilaterais. Ao introduzir tarifas direcionadas, os EUA criam distorções que podem ser exploradas por países como o Brasil.”
O movimento pegou muitos setores de surpresa, gerando um misto de alívio e incerteza. De acordo com fontes do setor, empresas brasileiras que exportam etanol, máquinas industriais e alimentos passaram a avaliar com otimismo moderado o novo cenário. Uma reunião da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos foi convocada para definir estratégias frente às possíveis novas rotas de exportação.
“Setores que estavam apreensivos com possíveis impactos negativos respiraram aliviados. Agora o foco será como aproveitar essas brechas, mesmo com a alta nas tarifas em alguns segmentos”, relatou um representante do setor.
O mais impactante, porém, é a percepção de que o aumento das tarifas nos EUA pode desencadear uma reconfiguração global nas relações comerciais. Se Trump manter sua postura dura, como prometido, será o fim de uma era no comércio exterior. E nesse novo mapa, o Brasil, mesmo sem ser protagonista, pode se tornar peça-chave em setores estratégicos.
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