A Marcopolo (POMO4), uma das principais fabricantes de carrocerias de ônibus no Brasil e com presença global, vive um momento de destaque na Bolsa. Com rentabilidade acumulada superior a 100% desde 2020, crescimento nas exportações, distribuição consistente de dividendos e múltiplos atrativos de valuation, a empresa se consolida como uma aposta relevante para investidores que buscam ganhos com base em fundamentos.
Crescimento com base no mercado interno e exportações
Apesar de ser uma companhia internacional — com atuação em países como Argentina, Austrália, China, África do Sul e México —, a maior parte da receita da Marcopolo ainda vem do Brasil. Isso torna o desempenho da economia doméstica e as políticas de renovação de frota fatores centrais para a sua performance.
O ciclo atual é favorável: o envelhecimento da frota nacional, com média de renovação entre 8 a 12 anos, aliado a políticas públicas que incentivam o setor de mobilidade urbana, impulsiona a demanda por novos ônibus. Além disso, o cenário de juros altos favorece quem tem capacidade de repassar preços, o que a Marcopolo demonstrou com o crescimento das margens de lucro nos últimos anos.
Destaques nas exportações
No 4T24, as vendas da empresa cresceram em diversas frentes:
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China: +24%
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México: +12%
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Argentina: +9%
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África do Sul: +6,5%
A única exceção foi a Austrália, que apresentou queda. O Brasil, no entanto, permanece como maior mercado, com crescimento de 11,3% no trimestre, evidenciando a força da operação local.
Resultados financeiros e dividendos consistentes
O ano de 2024 marcou um resultado histórico para a Marcopolo, com lucro anualizado superior a R$ 1,2 bilhão e margem líquida crescendo para 14%. O fluxo de caixa operacional permitiu à empresa distribuir R$ 900 milhões em dividendos, com dividend yield estimado de 7,73%.
O pagamento mais recente foi anunciado com base na data de corte de 30 de abril, com crédito previsto para 9 de maio, no valor líquido de aproximadamente R$ 0,07 por ação. A expectativa é de que em 2025 a empresa mantenha a mesma regularidade, distribuindo proventos trimestralmente, o que torna POMO4 atrativa para investidores de longo prazo.
Valuation atrativo com upside de até 48%
A Marcopolo negocia atualmente a um P/L de 6 vezes e P/VP de 1,8, patamares considerados descontados para o setor. O modelo de valuation indica um preço justo entre R$ 10 e R$ 13, sugerindo um potencial de valorização de até 48% sobre a cotação atual, que gira em torno de R$ 6,80.
Projeções de preço com base em ciclos
Em cenários mais conservadores — como o de crise ou recessão —, analistas projetam um preço mínimo entre R$ 3,20 a R$ 3,50, equivalente a 1x o valor patrimonial. Já no melhor cenário, com o valuation histórico de 3,23x P/VP atingido em 2013, a ação poderia alcançar até R$ 11,55.
Dessa forma, aportes em POMO4 abaixo de R$ 6,50 são vistos como oportunidades com margem de segurança, enquanto valores acima de R$ 11 indicariam um ponto de realização parcial para quem visa retorno no curto prazo.
Governança e estrutura de capital
A Marcopolo mantém estrutura de controle sólida, com presença de investidores institucionais como o fundo Alaska, detentor de quase 20% das ações ordinárias (POMO3). Já a POMO4, preferencial e mais líquida, concentra o interesse dos investidores minoritários.
A alavancagem está sob controle, com uma relação dívida líquida/Ebitda de apenas 0,71, o que garante fôlego para a continuidade de investimentos e pagamentos de dividendos.
Estoques e estratégia frente ao cenário externo
Em meio ao cenário global de incertezas e tarifas comerciais crescentes, a gestão do inventário se tornou estratégica. A Marcopolo registrou estoques avaliados em R$ 1,8 bilhão, embora esse número inclua também matérias-primas e produtos em processo. Em momentos de restrição na oferta global, empresas com maior estoque pronto ganham vantagem competitiva ao poder repassar preços com mais facilidade.
O post Marcopolo (POMO4) dispara com ciclo favorável e dividendos robustos: ainda vale investir? apareceu primeiro em O Petróleo.