O fundo imobiliário KFOF11, da Kinea, encerrou o mês de março com uma distribuição de R$ 0,75 por cota, mantendo um yield acima de 1% ao mês, sustentado exclusivamente por receita recorrente. O diferencial? O fundo não contou com nenhum ganho de capital — um dado que chama atenção especialmente em um cenário de juros altos, deságio histórico e incertezas tributárias.
Deságio atrativo reacende interesse no KFOF11
O valor de mercado do fundo encerrou março em R$ 73,10, frente a um valor patrimonial de R$ 86,00. Isso representa um deságio de cerca de 15%, mesmo após uma leve recuperação dos preços observada em março. Para os investidores que buscam oportunidades com margem de segurança, o desconto pode ser considerado uma janela atrativa.
Apesar de tradicionalmente não ser o queridinho entre os FIIs, o KFOF11 vem chamando atenção pelo simples fato de estar entregando resultados consistentes sem depender de eventos extraordinários. Em outras palavras, o fundo gerou caixa suficiente apenas com os rendimentos de sua carteira — o que reforça sua resiliência e boa gestão.
Receita 100% recorrente: o que isso significa?
Ao analisar os dados do relatório gerencial de março, um ponto salta aos olhos: não houve distribuição de dividendos provenientes de ganho de capital. Toda a distribuição mensal de R$ 0,75 por cota veio de rendimentos recorrentes. Isso demonstra que, mesmo sem movimentações táticas de compra e venda, o fundo está gerando valor consistente para o cotista.
Com um rendimento líquido superior a 1% ao mês no preço atual, o fundo se posiciona como uma alternativa atrativa para quem busca carrego em um momento de mercado incerto — especialmente quando muitos fundos imobiliários ainda enfrentam volatilidade nos preços.
Comparativo com outros segmentos do mercado
O relatório também apresenta um panorama interessante do mercado de FIIs. Fundos de crédito seguem com um ágil médio de 11%, enquanto os fundos de tijolo apresentam deságio de aproximadamente 8,6%. O KFOF11, com cerca de 12% de deságio, está ainda mais descontado que a média, o que pode indicar potencial de valorização futura, caso o mercado se recupere.
Esse panorama é importante principalmente para quem considera o valor patrimonial como um dos principais critérios de entrada em fundos de fundos (FOFs). Vale lembrar que, como o próprio relatório ressalta, muitos fundos dentro da carteira do KFOF11 também estão descontados — o que pode inflar para baixo a cota patrimonial atual do fundo e criar um deságio duplo.
Reforma tributária: alívio para os FIIs
No campo regulatório, o fundo trouxe uma análise importante sobre os impactos da reforma tributária em andamento. Segundo o relatório, um dos textos preliminares propõe que o novo imposto sobre consumo — IBS e CBS — não incida sobre aluguéis e vendas de imóveis realizadas por fundos imobiliários. A proposta também isenta dividendos e juros sobre capital próprio, o que, se aprovado, manteria a atratividade tributária dos FIIs como hoje.
Em relação à possível tributação de dividendos para pessoas físicas com rendimentos acima de R$ 50 mil por mês, o entendimento da gestão é de que os rendimentos isentos oriundos de FIIs permaneceriam livres dessa cobrança — o que reforça a posição estratégica desses ativos em carteiras de longo prazo.
Rendimento, reserva e cenário macroeconômico
O fundo mantém R$ 0,35 por cota em reservas, o que ajuda a suavizar potenciais quedas futuras nos rendimentos. Em meio à taxa Selic elevada — que pode encerrar o ano próxima a 14% — e a uma conjuntura econômica complexa, o KFOF11 se destaca por sua capacidade de manter o patamar de distribuição sem depender de ganhos pontuais.
A equipe de gestão projeta que o cenário desafiador deve persistir por mais alguns trimestres, inclusive com oscilações nos preços dos fundos imobiliários. No entanto, o atual deságio, combinado à previsibilidade do fluxo de caixa, pode ser uma porta de entrada interessante para novos aportes.
Vale a pena investir agora?
Apesar da gestão deixar claro que o vídeo e o relatório não configuram recomendação de investimento, os dados levantados reforçam o apelo do KFOF11 neste momento específico. Para investidores que buscam dividendos consistentes, com risco controlado e entrada com desconto, o fundo pode sim ser uma opção a ser considerada — especialmente para compor a parte de fundos de fundos dentro da carteira.
Como sempre, a recomendação é analisar o ativo no contexto do seu portfólio, apetite a risco e objetivos financeiros de longo prazo.
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