As transmissoras de energia elétrica costumam ser vistas como empresas estáveis e previsíveis, pois possuem receitas garantidas baseadas na disponibilidade de suas linhas de transmissão. No entanto, nem tudo é tão simples quando se trata de investimentos. A Isa Energia (ISAE4) e a Taesa (TAEE11) são dois exemplos de companhias que, apesar de sua previsibilidade, apresentam riscos relevantes que precisam ser avaliados.
Endividamento Crescente e Pagamento de Proventos
Uma das principais preocupações em relação à Isa Energia é seu alto nível de endividamento. Em 2024, a empresa gerou R$ 3,3 bilhões de caixa operacional, mas investiu R$ 3,5 bilhões em expansão e ainda pagou R$ 800 milhões em juros. Para piorar, destinou R$ 1,2 bilhão ao pagamento de dividendos, resultando em uma queima de caixa de mais de R$ 2,2 bilhões.
Esse cenário indica que a empresa está financiando parte de seus proventos com dívida, uma estratégia arriscada que pode comprometer sua saúde financeira no longo prazo.
Projeções de Crescimento e Riscos no Horizonte
A Isa Energia pretende investir entre R$ 13 e R$ 14 bilhões nos próximos anos, divididos entre:
- Reforço e melhorias: Investimentos em linhas de transmissão existentes, com expectativa de retorno entre 12% e 17%.
- Projetos Greenfield: Construção de novas linhas, com um investimento restante de R$ 8 bilhões até 2028.
Embora esses investimentos possam trazer um incremento de receita, os efeitos só serão percebidos após 2027. Até lá, o endividamento continuará crescendo, elevando a alavancagem da empresa para um patamar preocupante.
Impacto do Risco Regulatório e da RBSE
Outro fator crítico é a Receita Bruta de Serviços de Energia (RBSE), que representa indenizações pagas pelo governo às transmissoras de energia. A Isa Energia recebe atualmente cerca de R$ 2 bilhões anuais da RBSE, mas esse valor será reduzido em 2028, levando a uma queda de receita de aproximadamente R$ 1,7 bilhão.
Assim, mesmo com novos projetos, a empresa pode enfrentar dificuldades para manter sua lucratividade no mesmo nível, especialmente se as taxas de juros permanecerem elevadas, aumentando sua despesa financeira.
Taesa: Uma Situação Similar?
A Taesa também enfrenta desafios semelhantes, incluindo:
- Alto nível de endividamento.
- Dependência de investimentos para manter o crescimento da receita.
- Proventos elevados que podem comprometer sua sustentabilidade financeira.
A empresa tem uma estratégia agressiva de pagamento de dividendos, oferecendo um dividend yield bruto de aproximadamente 10%, mas, assim como a Isa Energia, financia parte desses pagamentos com dívida.
Vale a Pena Investir Nessas Empresas?
Apesar de serem empresas do setor de transmissão, que é relativamente seguro e previsível, Isa Energia e Taesa apresentam um risco adicional devido ao seu alto endividamento e à estratégia de financiamento de dividendos.
Para investidores mais conservadores, pode ser mais vantajoso optar por investimentos de renda fixa, como Tesouro IPCA+ 7,5%, que oferecem uma rentabilidade competitiva sem os riscos associados à renda variável.
Para aqueles que desejam investir no setor elétrico, pode ser interessante buscar opções com menor alavancagem e perspectivas mais sólidas de crescimento, como empresas que já apresentam fluxo de caixa positivo sem necessidade de grandes investimentos futuros.
Precaução é a Chave
Os próximos anos serão decisivos para Isa Energia e Taesa. Com altos investimentos programados e redução da RBSE, o crescimento da dívida dessas empresas deve ser monitorado de perto. A estabilidade do setor não é garantia de bons retornos se os fundamentos financeiros forem comprometidos.
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