O Ibovespa abriu esta quinta-feira (21) em forte alta, avançando mais de 1% e ultrapassando os 132.700 pontos. O movimento é impulsionado por uma combinação de fatores internos e externos, incluindo a expectativa em torno da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic e uma possível retomada do fluxo estrangeiro para o bolsa brasileira.
A bolsa mais barata do mundo (mas por quê?)
Especialistas da BM&C News destacam que, embora a bolsa brasileira esteja entre as mais baratas do mundo há anos, isso por si só não é suficiente para sustentar uma valorização. O ponto chave é o fluxo: sem entrada de capital – seja de investidores estrangeiros, institucionais ou da mesma pessoa física – os ativos permanecem subvalorizados.
E é justamente essa dinâmica que começa a mudar. A alta recente do Ibovespa pode ser interpretada como uma resposta a uma atualização de liquidez prolongada. “É como uma mola comprimida”, destacou um dos analistas. Em dias de fluxo positivo, mesmo que tímido, os papéis reagem com força.
Setores em recuperação: de agro a energia
O cenário é particularmente favorável para setores que sofreram quedas acentuadas em 2023, mas apresentam fundamentos sólidos. Entre eles, destaca-se o agronegócio. Empresas como SLC Agrícola, Três Tentos e Boa Safra Agro tiveram perdas relevantes no último ano, mas agora surgem como oportunidades diante de uma possível recuperação técnica.
Outro setor referenciado foi o de energia, com destaque para a Eletrobras, que recentemente resolveu um impasse com o governo federal, destravando parte do seu potencial de valorização. A empresa é vista como barata em termos de avaliação, e pode se beneficiar com o retorno da confiança do mercado.
Small Caps: oportunidades entre os esquecidos
As chamadas small caps, que foram severamente penalizadas em 2023 – com quedas entre 30% e 40% – começaram a entrar no radar de investidores atentos. Apesar dos bons balanços apresentados por várias dessas empresas, a saída de capital foi intensa, incluindo fundos de ações, de pensões e especialmente o capital estrangeiro.
Esse descolamento entre fundamentos e preço gera uma coincidência que pode representar uma oportunidade de entrada para investidores de médio e longo prazo. “Muitas dessas empresas caíram mesmo entregando bons resultados. Isso mostra o peso do fluxo na precificação atual”, explica um analista.
Fluxo estrangeiro pode mudar o jogo?
Um dos principais motores que podem sustentar o movimento de alta é o retorno do capital estrangeiro. Em 2023, os gringos saíram fortemente do bolso brasileiro, em parte por conta do cenário macroeconômico global, juros altos nos EUA e instabilidades políticas locais. No entanto, com a expectativa de cortes de juros nos EUA e o ambiente mais estável por aqui, a maré pode estar virando.
Caso esse fluxo se intensifique, a combinação de ativos baratos e fundamentos sólidos poderá acelerar a recuperação de diversos papéis na B3.
O papel da Selic e do Copom
A decisão do Copom sobre a taxa Selic, esperada para esta quinta-feira, é outro fator decisivo. A expectativa majoritária é de um novo corte de 0,50 ponto percentual, o que pode estimular o apetite ao risco e favorecer a bolsa. Juros mais baixos aumentam a atratividade da renda variável frente à renda fixa, além de impactar positivamente a avaliação das empresas.
A expectativa de novos cortes ao longo do ano também ajuda a explicar o otimismo. Com a inflação sob controle e a atividade econômica mostrando sinais moderados, o espaço para afrouxamento necessário permanece.
Otimismo com cautela
Embora o movimento de alta seja bem-vindo, especialistas alertam para a necessidade de cautela. A retomada do Ibovespa depende de fatores como estabilidade fiscal, confiança do investidor e continuidade do fluxo de capital.
Para investidores atentos, o momento pode representar uma janela de oportunidade, especialmente em setores descontados e empresas com bons fundamentos.
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