O fundo imobiliário HGRE11, tradicionalmente conhecido pela robustez em lajes corporativas, vem chamando atenção dos investidores com uma movimentação intensa de vendas de ativos. Quem aproveitou o preço na faixa dos R$ 95 nos últimos meses viu um ganho expressivo: as cotas já ultrapassaram os R$ 110, um patamar historicamente barato para o fundo, considerando seu histórico de negociações.
A recuperação impressiona não apenas pelo preço da cota, mas também pela gestão estratégica: o fundo está se desfazendo de imóveis e reforçando o caixa, preparando terreno para novas movimentações.
O ciclo de vendas: estratégia ou necessidade?
O HGRE11 vendeu recentemente o Edifício Faria Lima Plaza, com impacto positivo de R$ 0,41 por cota apenas na terceira parcela da venda. Ainda restam duas parcelas a serem recebidas, uma prevista para setembro e outra para março de 2026. Além disso, houve também a alienação de parte do ativo Brasp, embora com efeito financeiro mais modesto.
Outro negócio já encaminhado é a venda do edifício Berrini One, que deve ser concluída em breve. Essa estratégia não é pontual: o fundo vem sistematicamente liquidando ativos como parte de uma reestruturação profunda do portfólio.
Segundo a gestão, o quadro altamente pulverizado de cotistas dificulta a implementação de grandes mudanças de estratégia apenas com operações internas. Por isso, a saída encontrada foi acelerar a venda de imóveis para buscar flexibilidade e rentabilidade.
Impactos no caixa e distribuição de rendimentos
Essa estratégia já mostra reflexos no resultado financeiro:
- Receita Total no mês: R$ 1,46 por cota
- Resultado Caixa: R$ 1,22 por cota
O fundo está conseguindo gerar caixa relevante, sustentando uma distribuição que alcança 9,2% de dividend yield ao ano, baseado no preço atual da cota.
Além disso, a reserva de lucros aumentou de R$ 2,30 para R$ 2,51 por cota, fortalecendo ainda mais a capacidade de distribuição futura.
Atualmente, o fundo já acumula aproximadamente R$ 0,52 por cota em resultados do semestre vigente, evidenciando que mesmo durante o ciclo de vendas, a geração de caixa segue sólida.
Expectativas futuras: o HGRE11 vai começar a comprar?
Embora o foco recente tenha sido a venda de imóveis físicos, a gestão já sinalizou movimentações tímidas na compra de cotas de outros fundos imobiliários (FIIs), especialmente lajes corporativas, aproveitando os preços historicamente baixos do setor.
Ainda não houve aquisição direta de novos imóveis, mas a gestão deixou claro que está atenta às oportunidades, tanto no mercado de FIIs quanto no mercado de ativos reais. A escolha dos FIIs comprados poderá dar pistas sobre o novo perfil estratégico que o fundo pretende adotar.
É importante destacar que o HGRE11 possui um patrimônio elevado, e a maior parte da dívida do fundo está protegida (hedgeada), além de apresentar vacância controlada em torno de 9% — número que pode cair ainda mais com as novas locações em andamento.
Negociações e revisões em andamento:
- Torre Berrini: Negociação avançada para locação de cinco andares.
- Martiriano: Obra de retrofit em andamento para futura locação.
- Contratos: Muitos com revisões programadas entre julho e setembro, o que pode impulsionar os rendimentos futuros.
Entre os principais locatários do portfólio estão empresas sólidas como Totos, Vivo, Sírio-Libanês e Bfly, garantindo segurança na receita.
Riscos e oportunidades: o que o investidor deve monitorar
Apesar da estratégia ser bem conduzida até agora, o investidor precisa ficar atento a alguns fatores:
- Exposição ao mercado secundário: Caso o fundo foque excessivamente na compra de cotas de outros FIIs, poderá aumentar a volatilidade dos rendimentos.
- Vacância: O sucesso nas novas locações será fundamental para sustentar o nível atual de dividendos.
- Execução da estratégia: O momento de transição requer uma execução cuidadosa, principalmente no uso inteligente dos recursos em caixa.
O HGRE11 está se reinventando
O HGRE11 segue em uma fase de transformação intensa, vendendo ativos com agilidade e aumentando a geração de caixa, o que posiciona o fundo para uma nova fase de crescimento e reestruturação do portfólio.
A gestão já deixou claro que novas aquisições estão nos planos, mas ainda há cautela no timing para realizar esses movimentos. A oportunidade para o investidor é acompanhar de perto as novas compras, o perfil dos ativos adquiridos e a manutenção da distribuição atrativa que o fundo oferece.
Enquanto isso, quem entrou nas cotações mais baixas já colhe os frutos da recuperação — e quem ainda pretende investir precisa estar atento às próximas movimentações do fundo.
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