Quase meio milhão de jovens abandonam o ensino médio, mas programa Pé-de-Meia promete virar o jogo
O Brasil enfrenta um grave problema social que se reflete diretamente na educação: 480 mil jovens abandonaram o ensino médio antes da conclusão, segundo o último Censo Escolar. A maioria dos casos ocorre por motivos socioeconômicos: muitos adolescentes precisam trabalhar para ajudar suas famílias, interrompendo os estudos precocemente. Esse cenário perpetua um ciclo de baixa escolaridade e desigualdade, especialmente entre jovens de famílias de baixa renda.
Diante desse desafio, o governo federal lançou, há um ano, o programa Pé-de-Meia, uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC) que visa justamente quebrar esse ciclo de exclusão educacional. Com um investimento superior a R$ 12 bilhões, o objetivo é garantir que cerca de 4 milhões de alunos permaneçam na sala de aula.
O diferencial do Pé-de-Meia está na ênfase não apenas no acesso, mas na permanência escolar, elemento crucial para o aprendizado de qualidade. “A regularidade também tem impacto pedagógico. Por isso, manter o aluno na escola é essencial”, destacou o MEC.
Como funciona o Pé-de-Meia?
O programa oferece uma ajuda de R$ 200 mensais para estudantes do ensino médio da rede pública com baixa renda, incluindo os matriculados na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Além disso, os alunos recebem um bônus de R$ 1.000 por ano letivo concluído, valor depositado em uma poupança vinculada ao desempenho escolar. Ao fim do ensino médio, se o jovem tiver frequentado as aulas regularmente, concluído os três anos e participado do ENEM, o benefício total pode chegar a R$ 9.200 por estudante.
Impacto direto na vida dos estudantes
O estudante André Santos, morador da comunidade de Padre Miguel, no Rio de Janeiro, é um exemplo dos efeitos positivos do programa. Com o valor recebido, ele tem conseguido ajudar nas despesas de casa e ainda investir em sua formação. “Graças ao Pé-de-Meia, pude pagar um curso de inglês que eu queria muito. E mesmo estando desempregado, consigo contribuir em casa e manter meus estudos”, contou André.
A professora Eliane Brilhante, da rede pública, observa na prática a diferença. “Antes era comum ver a sala esvaziando ao longo do ano. Agora, com o incentivo financeiro, os alunos demonstram mais compromisso. Quando precisam faltar, avisam e justificam. Eles estão realmente se importando.”
Quebrando o ciclo da desigualdade
A história de André reflete uma mudança geracional. Enquanto suas duas irmãs mais velhas precisaram abandonar os estudos para trabalhar, ele vislumbra um futuro diferente: quer cursar uma faculdade e seguir estudando. “O Pé-de-Meia está me levando para um lugar onde minhas irmãs não conseguiram chegar. Elas tiveram que escolher entre estudar ou trabalhar. Hoje, eu posso estudar com dignidade, sabendo que posso ajudar em casa e ainda me preparar para o futuro.”
Com o Pé-de-Meia, o governo aposta em uma estratégia concreta para combater a evasão escolar, promovendo mais equidade e ampliando as oportunidades para milhões de jovens brasileiros. O desafio é grande, mas o caminho para a transformação começa com a permanência na escola.
O post Governo lança ofensiva contra evasão escolar com auxílio de até R$ 9,2 mil para estudantes do ensino médio apareceu primeiro em O Petróleo.