Várias famílias brasileiras enfrentam prejuízos milionários após investirem suas economias em um suposto fundo de investimento que prometia rentabilidade de até 20% por semana. Atraídas pela promessa de ganhos fáceis, as vítimas agora buscam na Justiça a devolução dos valores aplicados. Enquanto isso, os administradores da plataforma alegam que também foram vítimas de um golpe.
O Sonho de uma Vida Melhor
Luís Felipe e Paloma são um dos casais afetados pelo golpe. Moradores da periferia de São Paulo, eles viram na plataforma uma oportunidade de melhorar a vida da família. Inicialmente, investiram R$ 2.000, recebendo rendimentos que pareciam promissores. Entusiasmado, Luís vendeu seu carro financiado para aumentar o investimento. No entanto, ao tentar sacar o dinheiro, foram surpreendidos com diversas desculpas.
“Nos diziam que o banco estava sobrecarregado, que havia muitas transações simultâneas. Sempre inventavam uma nova desculpa”, relata Luís Felipe.
A família de Paloma também foi afetada. Pais, tios e sogros investiram somas consideráveis, confiando na segurança da plataforma. Um de seus tios chegou a vender um apartamento para aplicar o valor na promessa de alta rentabilidade.
Crescimento e Colapso do Esquema
A plataforma, que operou por pouco mais de um ano, atraiu aproximadamente 3.000 investidores no Brasil e no exterior. Muitos aplicaram todas as economias ou até mesmo recorreram a empréstimos bancários para aumentar os investimentos.
Jaílson, morador de Londres, destinou mais de R$ 150 mil à plataforma, enquanto Josinaldo, outro investidor, fez um empréstimo para aplicar R$ 45 mil. “No extrato, constava que eu tinha mais de R$ 200 mil de rendimento, mas quando tentei sacar, percebi que a fortuna só existia no papel”, lamenta Josinaldo.
Os primeiros sinais de irregularidade surgiram no fim do ano passado, quando os saques foram bloqueados e as respostas dos administradores se tornaram vagas.
Os Responsáveis pelo Fundo
O fundador da plataforma, Deon de Oliveira Nogueira, divulgava os investimentos como uma “oportunidade única”, com promessas de retornos extremamente acima da média do mercado. A empresa afirmava que os rendimentos vinham da compra e venda de carros, imóveis e eletrônicos.
Porém, apurações revelam que a empresa nunca teve registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o órgão responsável pela fiscalização de investimentos no Brasil. Os sócios Cleiton e Guilherme, que aparecem como responsáveis legais, alegam que foram enganados por um terceiro parceiro que teria desviado o dinheiro.
“Registramos um boletim de ocorrência para tentar reaver os R$ 25 milhões desviados. Também somos vítimas”, afirma um dos sócios.
O advogado dos donos da plataforma reconhece que seus clientes possuem responsabilidade pelo desaparecimento do dinheiro e estão buscando soluções legais.
Dificuldade para Recuperar o Dinheiro
A Polícia Civil de São Paulo investiga o caso como crime financeiro e alerta para a dificuldade de recuperação dos valores.
“Quando o dinheiro entra nessas contas, ele é imediatamente pulverizado para outras contas, dificultando a rastreabilidade e a devolução”, explica o delegado Paulo Barbosa, especialista em crimes cibernéticos.
As vítimas temem que os culpados saiam impunes. “Não acredito que irão devolver nosso dinheiro, mas espero que a Justiça puna os responsáveis”, desabafa Josinaldo.
Alerta para Novos Golpes
Especialistas alertam que golpes financeiros com promessas de rentabilidade muito acima do mercado são um sinal vermelho. Antes de investir, é fundamental verificar se a empresa está registrada na CVM e desconfiar de propostas muito vantajosas.
“Se o lucro prometido parece bom demais para ser verdade, provavelmente é um golpe”, reforça o economista Ricardo Medeiros.
As investigações continuam, e as vítimas aguardam esperançosas por justiça, na esperança de que ao menos parte do dinheiro seja recuperado.
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