Fundos imobiliários de papel: o erro que está comprometendo a sua renda passiva

Montar uma carteira de fundos imobiliários pode parecer simples à primeira vista. Mas, logo no início da jornada, muitos investidores se deparam com uma decisão fundamental: investir em FIIs de tijolo ou em FIIs de papel? E é aqui que um erro comum pode comprometer o crescimento do patrimônio no longo prazo — especialmente quando o assunto são os fundos de papel, que carregam características pouco discutidas, mas cruciais para o sucesso do investidor.

O que são os FIIs de papel e como funcionam?

Diferente dos FIIs de tijolo — que investem diretamente em imóveis físicos e geram renda com aluguéis — os fundos de papel alocam seus recursos majoritariamente em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que são títulos de renda fixa lastreados no setor imobiliário.

Imagine o seguinte: uma construtora vendeu todas as unidades de um empreendimento, mas ainda precisa de capital para concluir a obra. Para isso, ela repassa o fluxo futuro desses recebimentos a uma securitizadora, que transforma esse fluxo em um CRI. Esse título, então, é adquirido pelos fundos, que recebem mensalmente os pagamentos acordados — normalmente corrigidos pelo CDI ou IPCA, acrescidos de uma taxa.

Vantagens dos FIIs de papel: acesso fácil e diversificação

Para o pequeno investidor, montar uma carteira de CRIs diretamente no mercado demandaria tempo, capital elevado e conhecimento técnico. Por isso, comprar cotas de FIIs de papel é uma alternativa prática, acessível e que já traz diversificação embutida.

Além disso, a correlação dos rendimentos com o CDI ou a inflação permite que o investidor acompanhe os movimentos da economia, protegendo parte do seu portfólio da desvalorização monetária.

O problema silencioso dos FIIs de papel: valorização limitada

Apesar de atrativos à primeira vista, os fundos de papel têm uma característica estrutural que pode surpreender o investidor desavisado: a tendência de lateralização da cota no longo prazo. Isso ocorre porque os CRIs não são ativos que se valorizam com o tempo, como imóveis. Eles apenas geram fluxo de caixa, e quando vencem, deixam de gerar valor para o fundo.

Para piorar, a legislação obriga os FIIs a distribuírem no mínimo 95% do lucro auferido no regime de caixa a cada semestre. Isso significa que esses fundos têm pouca margem para reinvestimento e crescimento do patrimônio.

Exemplo prático: o caso do MXRF11

Um dos FIIs de papel mais conhecidos do mercado é o MXRF11. Ao analisar seu desempenho nos últimos 10 anos, muitos investidores se impressionam com os gráficos que mostram um crescimento de quase 180%. Mas atenção: esses gráficos consideram reinvestimento dos dividendos.

Ao excluir esse reinvestimento e observar apenas o comportamento da cota no mercado, percebe-se que ela permaneceu praticamente estável ao longo da década. Isso não significa que o fundo é ruim, mas reforça a necessidade de reinvestir os proventos para ver o patrimônio crescer — especialmente enquanto o investidor ainda está na fase de acumulação.

FIIs de papel x FIIs de tijolo: entenda as diferenças estruturais

Característica FII de Papel (CRIs) FII de Tijolo (Imóveis)
Fonte de receita Títulos de renda fixa (CRIs) Aluguel de imóveis físicos
Valorização patrimonial Limitada (sem ganho de capital) Tendência de valorização dos imóveis
Rendimento CDI/IPCA + taxa fixa Reajustes contratuais periódicos
Risco Maior (títulos de dívida) Menor (lastro físico)
Atualização do valor patrimonial Frequente (marcação a mercado dos títulos) Eventual (avaliação anual dos imóveis)
Confiabilidade do P/VP Alta Baixa (defasagem entre avaliação e mercado)

A importância do reinvestimento de dividendos

FIIs de papel distribuem quase todo o seu rendimento, inclusive o que corresponde à inflação e à taxa de juros. Isso significa que o poder de compra do patrimônio do investidor só será mantido se ele reaplicar os dividendos recebidos. Sem isso, o capital investido vai perdendo força no longo prazo.

A lógica é simples: se você recebeu R$ 50 de dividendos e não os reinveste, está consumindo o próprio rendimento inflacionário do seu capital. Já ao reinvestir, você entra na dinâmica dos juros compostos, fazendo o dinheiro trabalhar por você.

Como montar uma carteira equilibrada de FIIs

Muitos iniciantes se encantam com o dividend yield elevado dos FIIs de papel e acabam construindo carteiras totalmente desequilibradas, com alto risco e pouca resiliência. O ideal é manter uma composição diversificada entre tijolo e papel, aproveitando os pontos fortes de cada tipo de fundo:

  • FIIs de papel: excelente para repasse rápido da inflação e Selic, especialmente em momentos de juros altos.

  • FIIs de tijolo: trazem segurança patrimonial e potencial de valorização dos imóveis no longo prazo.

Além disso, lembre-se de monitorar o P/VP, principalmente para os fundos de papel. Como seus ativos são precificados frequentemente, esse indicador reflete melhor o preço justo da cota no mercado, ao contrário dos FIIs de tijolo, cujo valor patrimonial pode estar defasado.

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