Em tempos de incerteza econômica, investir apenas no mercado brasileiro pode não ser suficiente para garantir a preservação do seu patrimônio no longo prazo. A combinação entre inflação local, crescimento da base monetária e desvalorização do real frente ao dólar expõe os investidores a perdas silenciosas, mesmo quando os rendimentos parecem positivos.
Uma simulação realizada com base em dados históricos e projeções demonstra a importância de diversificar parte do capital em ativos dolarizados, como o índice S&P 500, para proteger o poder de compra e buscar rentabilidades reais mais robustas.
Crescimento do patrimônio no Brasil: o que a inflação não mostra
Imagine um investidor que, ao longo de 30 anos, aporta mensalmente R$ 250 com uma taxa de retorno de 0,8% ao mês — equivalente a cerca de 10% ao ano, algo alcançável em uma carteira diversificada entre renda fixa e variável. Segundo simulação no site Clube dos Poupadores, esse investidor alcançaria aproximadamente R$ 519 mil em três décadas.
Aparentemente, um excelente resultado. No entanto, ao considerar o impacto da inflação sobre esse montante, o cenário muda. Uma correção inflacionária de 75% ao longo de dez anos, medida pelo IPCA, revela que o poder de compra desse patrimônio seria diluído. Aplicando a correção monetária, R$ 1 milhão de dez anos atrás equivaleriam hoje a cerca de R$ 1,75 milhão.
A base monetária cresce mais que a inflação
Mais preocupante ainda é o crescimento da base monetária brasileira (BRM2), que representa o total de dinheiro em circulação na economia. De 2015 a 2025, esse índice subiu 200%, enquanto a inflação oficial foi de apenas 75%. Ou seja, mesmo que o investidor tenha superado o IPCA aplicando em produtos atrelados ao CDI, sua rentabilidade real ficou atrás da expansão do dinheiro em circulação.
Se o crescimento do CDI nesse período foi de aproximadamente 140%, ele superou a inflação de preços, mas não a diluição causada pela expansão monetária. Isso significa que o patrimônio, mesmo rendendo acima da inflação, perdeu valor relativo frente ao aumento da quantidade de dinheiro disponível na economia.
Por que investir no exterior?
É nesse ponto que a dolarização de parte do patrimônio se torna uma estratégia fundamental. Tomando como referência o S&P 500, índice que representa as 500 maiores empresas dos Estados Unidos, o desempenho em dólares foi de 383% nos últimos dez anos. Isso não apenas superou a inflação e a expansão monetária brasileira, mas também assegurou uma rentabilidade real considerável.
Além disso, o dólar valorizou cerca de 100% frente ao real no mesmo período, saindo de R$ 3,14 para patamares superiores a R$ 6,00 em determinados momentos. Essa valorização cambial representa uma proteção adicional para o investidor brasileiro, combinando o crescimento dos ativos externos com a apreciação da moeda norte-americana.
Quando começar a dolarizar o patrimônio?
Especialistas sugerem que a dolarização do patrimônio seja gradativa e proporcional ao valor acumulado. Para quem possui até R$ 10 mil, a prioridade é manter a liquidez em moeda local. A partir de R$ 50 mil, já se torna interessante alocar uma pequena fatia em ativos dolarizados. Investidores com R$ 100 mil ou mais podem ampliar essa exposição, enquanto patrimônios superiores a R$ 1 milhão devem considerar uma parcela significativa em ativos globais, para diversificação e proteção cambial.
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