As ações da Cemig (CMIG4) estão sob os holofotes do mercado após uma sequência de eventos que acenderam o sinal de alerta para investidores. Com queda recente no preço, aumento de posições vendidas e a renúncia de um conselheiro estratégico, a dúvida permanece: estamos diante de uma oportunidade de compra ou de uma tendência de queda mais acentuada?
Renúncia de conselheiro e movimentações suspeitas
No final de março de 2025, José João Abdala Filho, conselheiro da Cemig, renunciou ao cargo — um movimento que gerou preocupação, especialmente por ele possuir participação relevante na companhia. Além disso, foram observadas vendas expressivas de ações por membros da administração, tanto em CMIG4 quanto em CMIG3, o que reforça a leitura de cautela por parte dos investidores institucionais.
Outro fator relevante foi o aumento da posição vendida sobre o free float da CMIG4, que já ultrapassa 6%. Esse percentual é considerado alto e indica que muitos investidores estão apostando na queda da ação.
Indicadores fundamentalistas: há valor oculto?
Apesar da turbulência, os números mostram que a Cemig ainda é uma empresa robusta. Com um dividend yield de 14%, a ação atrai investidores de perfil mais conservador, voltados para renda passiva. O preço sobre lucro (P/L) atual está em torno de 4, muito abaixo da média histórica da empresa (9), o que indica um potencial de valorização segundo alguns analistas.
Um estudo aponta que o preço justo da ação poderia chegar a R$ 23,16, representando uma valorização potencial superior a 120%. No entanto, essa projeção precisa ser interpretada com cautela, já que a pressão de curto prazo e os fundamentos precisam caminhar juntos.
Dividendos atrativos, mas com ressalvas
A política de dividendos da Cemig prevê a distribuição de 50% do lucro líquido, o que historicamente tem gerado retornos significativos aos acionistas. No entanto, o cronograma de pagamento é um ponto de atenção: quem comprar agora só receberá dividendos efetivos referentes a 2025 em 2026.
Nos últimos anos, a Cemig pagou em média entre R$ 1,20 e R$ 1,50 por ação, o que reforça sua atratividade para carteiras de longo prazo focadas em dividendos recorrentes. Para 2026, a projeção está em torno de R$ 0,74 por ação, o que representa um dividend yield estimado de 7%.
Bonificação fora do radar (por enquanto)
Apesar das especulações sobre bonificação de ações, não há sinal concreto de que isso acontecerá no curto prazo. A ata do conselho da companhia não menciona qualquer deliberação sobre aumento de capital ou distribuição de ações bonificadas.
Atualmente, a reserva de capital da Cemig está em cerca de R$ 393 milhões, o que representa pouco menos de 3% do capital social da empresa — muito abaixo do patamar necessário de 20% para ativar uma bonificação.
Análise técnica: suporte ameaçado, alvos abaixo de R$ 10
A análise gráfica mostra que a região dos R$ 10,20 é um ponto de suporte crítico. Caso esse patamar seja rompido para baixo, os próximos alvos de preço estão entre R$ 9,70 e R$ 9,20, o que indicaria forte viés de queda no curto prazo.
Ainda assim, analistas ressaltam que, se o suporte for respeitado, a ação pode iniciar uma recuperação gradual — especialmente se acompanhada de novas sinalizações positivas por parte da empresa.
CMIG4 na carteira de dividendos? Não por enquanto
Apesar do dividend yield atrativo, a CMIG4 não faz parte da carteira de dividendos da comunidade MD no momento. O motivo é simples: o preço atual ainda não apresenta a margem de segurança necessária, segundo os critérios da carteira.
O histórico conservador da comunidade impediu que os membros pagassem mais caro pela ação, o que reflete uma estratégia disciplinada de aportes regulares e foco no longo prazo.
Resumo financeiro da Cemig
Indicador | Valor Atual |
---|---|
Preço (31/03/2025) | R$ 10,28 |
P/L | 4 |
Dividend Yield | 14% (estimado) |
Valor Patrimonial | R$ 9,57 |
Margem EBITDA | 28% |
Margem Líquida | 17% |
Lucro Líquido (ajustado) | R$ 1,1 bi |
Patrimônio Líquido | R$ 27,3 bi (2024) |
Cautela com oportunidade no radar
A Cemig (CMIG4) apresenta fundamentos interessantes, principalmente para investidores focados em dividendos. No entanto, o cenário atual exige atenção redobrada: a renúncia do conselheiro, as vendas internas e o aumento de posições vendidas indicam possível pressão no curto prazo.
Para quem busca oportunidades de médio e longo prazo e acredita na solidez do setor elétrico, o atual preço pode representar uma entrada estratégica. Mas é fundamental acompanhar os próximos movimentos e, se possível, entrar com disciplina e estratégia — não por impulso.
O post CMIG4 pode derreter? Investidores atentos à renúncia, dividendos e bonificação apareceu primeiro em O Petróleo.