A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) anunciou a proposta de distribuição de mais R$ 1,8 bilhão em dividendos, além de uma nova bonificação de ações. A medida será deliberada em abril de 2025 e reforça a posição da estatal como a maior pagadora de proventos do setor elétrico no Brasil em 2024.
Mesmo com um lucro líquido trimestral pressionado por aumento de custos e despesas financeiras, a empresa registrou crescimento de 23% no lucro anual consolidado, justificando a nova rodada de remuneração aos acionistas. O dividend yield estimado ultrapassa 15%, considerando proventos já anunciados e estimativas de novos pagamentos.
Lucro trimestral em queda, mas resultado anual surpreende
No último trimestre de 2024, o lucro líquido da Cemig recuou 47%, totalizando R$ 998 milhões. Esse desempenho foi impactado por elevação nos custos operacionais e nas despesas financeiras devido à alta da taxa Selic, que encarece os financiamentos indexados ao CDI — prática comum no setor de energia.
Apesar disso, o consolidado anual mostrou força: lucro 23% maior em relação a 2023, crescimento acima da inflação e caixa suficiente para suportar a política de distribuição agressiva.
Dividendos robustos e política clara de distribuição
A Cemig possui uma política formal de distribuição de dividendos, com payout mínimo de 50% do lucro líquido — o dobro da exigência legal. Além disso, adota garantias mínimas como 10% sobre valor nominal e 3% sobre patrimônio líquido, o que permite segurança aos investidores.
Nos últimos 12 meses, a companhia já pagou cerca de R$ 1,50 por ação. Com os novos proventos estimados em mais R$ 0,65, o valor total poderá superar R$ 2 por ação, resultando em dividend yield acima de 15%, considerando os preços atuais de CMIG4.
Bonificação de ações: diluição e valorização
Outro destaque foi o anúncio de uma nova bonificação de ações, ainda sem percentual oficial definido, mas que poderá repetir os 30% entregues em 2024. A estratégia visa aumentar a liquidez dos papéis, atrair novos investidores e demonstrar confiança na sustentabilidade financeira da companhia.
Gestão de caixa sólida e alavancagem controlada
Mesmo com a elevação da dívida líquida/EBITDA de 0,8x para 1,3x, a Cemig continua com um dos menores níveis de alavancagem entre as empresas do setor. A companhia mantém receitas atreladas à inflação (IPCA) enquanto arca com despesas indexadas ao CDI — um descompasso de indexadores que pressiona margens, mas tem sido bem gerido.
A gestão conservadora de caixa e o controle eficiente das operações garantem estabilidade mesmo em cenários de alta de juros.
Performance das ações CMIG3 e CMIG4
Entre abril de 2024 e março de 2025, CMIG3 valorizou 51%, enquanto CMIG4 subiu 24%. Muitos investidores concentram suas atenções no ticker preferencial (CMIG4), mas o ordinário (CMIG3) também entregou retorno expressivo, revelando oportunidades pouco exploradas.
Segundo analistas, apesar da valorização, CMIG4 ainda está descontada em relação a seus pares, com múltiplos atrativos. A média das estimativas indica preço-alvo de R$ 11,73, com potencial de valorização modesto no curto prazo, mas sólido no médio/longo prazo com reinvestimento de dividendos.
Ações alugadas e movimentações de curto prazo
Nos últimos meses, houve aumento nas posições de ações alugadas da Cemig, chegando a mais de 4% do total — patamar elevado para uma empresa perene. Isso acende um alerta para possíveis operações de venda descoberta (short), que podem gerar volatilidade no curto prazo.
Apesar disso, a taxa de aluguel está baixa, o que indica que o movimento ainda não é alarmante. Investidores devem acompanhar de perto os próximos desdobramentos.
Cemig continua no radar dos investidores
Além dos dividendos robustos e bonificações, a Cemig se destaca por seu bom desempenho operacional, receitas crescentes e consistência na governança. A estatal também se beneficia da estabilidade regulatória no setor elétrico e de sua atuação diversificada em geração, transmissão e distribuição de energia.
Plataformas que aplicam filtros de valuation como Graham e Greenblatt apontam a Cemig como uma das ações mais baratas da bolsa, conciliando baixo preço com alta rentabilidade e potencial de valorização de até 52% no caso de CMIG3, segundo projeções.
Dividendos da Cemig reforçam atratividade para 2025
Com dividendos bilionários, bonificação de ações e fundamentos sólidos, a Cemig (CMIG4) reforça sua posição como uma das favoritas dos investidores em busca de renda passiva. Mesmo diante de pressões de curto prazo, o longo prazo segue promissor, especialmente para quem busca ativos defensivos, com alta previsibilidade e generosa distribuição de lucros.
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