Com a taxa básica de juros ainda em patamar elevado, têm surgido no mercado CDBs que prometem até 15% de rentabilidade ao ano. À primeira vista, essa taxa pode parecer uma oportunidade imperdível — especialmente para quem está começando no mundo dos investimentos. Mas será que esse retorno compensa o risco envolvido?
Por que essa rentabilidade chama tanta atenção?
Investidores como o Flávio, de João Pessoa, se deparam com ofertas tentadoras como a de um CDB do PagBank rendendo 15% ao ano. Após os descontos de impostos, a rentabilidade líquida fica em torno de 12,375% ao ano — ainda muito acima da média dos investimentos conservadores.
Esse tipo de título de renda fixa costuma contar com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que cobre valores de até R$ 250 mil por CPF e por instituição, em caso de quebra do emissor. Isso dá uma falsa sensação de segurança total, que pode mascarar riscos maiores se a comparação for feita com o investimento mais seguro do país: o Tesouro Direto.
O erro comum: comparar rentabilidade bruta sem considerar o risco
CDB x Tesouro Direto: a comparação correta
Ao avaliar um CDB pré-fixado, o ideal é comparar sua taxa com o Tesouro Prefixado de mesmo vencimento. Isso porque ambos oferecem uma rentabilidade fixa e exigem que o investidor fique com o papel até o vencimento para garantir o retorno prometido.
Segundo consulta no site oficial do Tesouro Direto, os títulos prefixados com vencimento em 2027 e 2031 estão pagando mais de 15% ao ano. Logo, para investimentos feitos hoje, esses títulos do Tesouro seriam mais vantajosos — pois além de pagarem igual ou mais, têm risco soberano, ou seja, risco quase nulo de calote.
Resumo prático: se o CDB e o Tesouro Direto pagam o mesmo, o Tesouro sempre vence pela segurança.
E se o CDB foi contratado antes?
É possível que, no momento em que Flávio contratou o CDB do PagBank, os títulos do Tesouro estivessem pagando menos. Nesse caso, ele pode sim ter feito um bom negócio, já que a taxa ficou travada em um bom patamar para o período.
A grande lição é: não existe investimento bom ou ruim isoladamente. Tudo depende do contexto, do prazo, da liquidez e do risco comparativo com alternativas seguras.
Afinal, vale a pena investir em CDB com 15% ao ano?
Quando vale a pena:
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Quando o Tesouro Direto está pagando menos que o CDB equivalente.
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Quando o CDB tem prazo compatível com o seu objetivo e você pode esperar até o vencimento.
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Quando o emissor é confiável e o valor investido está dentro da cobertura do FGC.
Quando não vale:
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Quando há títulos do Tesouro com rentabilidade igual ou maior.
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Quando o prazo é longo e o emissor é desconhecido ou com risco maior.
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Quando você precisa de liquidez antes do vencimento, pois o CDB não garante retorno antecipado.
Outros cuidados com os CDBs de alta rentabilidade
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Liquidez: muitos desses produtos não têm liquidez diária. Isso significa que você não pode resgatar antes do vencimento sem prejuízo.
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IR: quanto menor o prazo, maior a alíquota de imposto de renda sobre o lucro (chega a 22,5% para resgates em até 180 dias).
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Inflação: se a inflação voltar a subir, o ganho real pode ser menor do que parece.
Tesouro Direto: alternativa com segurança e bons retornos
Para quem busca previsibilidade, segurança e diversificação, o Tesouro Prefixado ou o Tesouro IPCA+ continuam sendo as referências no mercado de renda fixa.
Além disso, o Tesouro Selic é ideal para compor a reserva de emergência, por garantir liquidez diária e segurança máxima, com rendimento acima da poupança e dos CDBs de liquidez diária de bancos pequenos.
Dica bônus: reserve antes de investir
Antes de investir em produtos como CDBs pré-fixados, certifique-se de ter montado sua reserva de emergência — geralmente entre 6 a 12 meses de seus gastos médios mensais. Essa reserva deve estar em aplicações com alta liquidez e risco praticamente nulo, como Tesouro Selic ou CDBs de liquidez diária com 100% do CDI ou mais.
O post CDB do PagBank rendendo 15% ao ano: veja se vale a pena ou se é uma cilada apareceu primeiro em O Petróleo.