A Bolsa de Valores brasileira encerrou a semana em clima de euforia, com o Ibovespa subindo cerca de 12% nos últimos cinco pregões e alcançando os 112.368 pontos. O movimento surpreendeu, já que o período foi marcado pela ausência de dados econômicos relevantes. Mas os investidores encontraram motivos para otimismo em outros fatores — e o capital estrangeiro voltou com força ao mercado.
Capital estrangeiro movimenta o pregão
Um dos principais motores da alta foi o expressivo volume de negociações: R$ 60 bilhões movimentados durante três dias consecutivos, quase o dobro da média diária de R$ 32 bilhões. Isso revela uma entrada robusta de investidores estrangeiros, atraídos pelo ciclo de queda dos juros e pela percepção de que o Brasil pode estar superando o fantasma da inflação.
Queda do dólar e dos juros futuros impulsiona varejo
O dólar recuou para R$ 5,07, o menor patamar em semanas, enquanto os juros futuros também apresentaram queda significativa. Esses movimentos favorecem diretamente o setor de varejo, que viu papéis como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Lojas Renner (LREN3) dispararem.
Quando os juros caem, o custo de capital das empresas também recua, tornando os investimentos mais atrativos — principalmente nas companhias ligadas ao consumo interno, como varejistas.
Magalu surpreende com resultado melhor do que o esperado
Apesar de ter reportado prejuízo, a Magazine Luiza apresentou avanços importantes em rentabilidade e estrutura de negócios. As margens melhoraram, o número de sellers no marketplace dobrou (atingindo 200 mil parceiros) e o crescimento nas vendas online foi de 22%, atingindo R$ 3,6 bilhões.
Além disso, a empresa reforçou sua estratégia de atuar como clube de serviços e passou a oferecer crédito para vendedores parcelarem vendas à vista — o que amplia sua receita financeira. O EBITDA ajustado foi de R$ 457 milhões, e a confiança do mercado ficou clara: as ações subiram mais de 18% no acumulado da semana.
Petrobras e Banco do Brasil também puxam o índice
A estatal Petrobras (PETR4) foi outra estrela da semana, com valorização entre 6% e 7%, impulsionada pela expectativa de pagamento de dividendos robustos no terceiro trimestre. A empresa segue sendo uma escolha de muitos investidores em busca de renda passiva recorrente.
O Banco do Brasil (BBAS3) também se destacou após divulgar lucro entre R$ 7 e R$ 8 bilhões no segundo trimestre, o que fez suas ações subirem mais de 6% em um único pregão. A combinação de resultados fortes e preço atrativo fez o papel atrair investidores institucionais e de varejo.
Inflação sob controle anima o mercado
Outro fator decisivo para o bom humor foi a divulgação de dados inflacionários animadores. O IPCA de terça-feira registrou deflação de 0,20%, e há expectativas de nova queda em agosto. Além disso, o preço do diesel também foi reduzido, aliviando os custos logísticos e colaborando para manter a inflação sob controle.
Com a inflação cedendo, cresce a percepção de que o Banco Central poderá adotar uma postura mais branda nos próximos encontros do Comitê de Política Monetária (Copom), o que reforça o apetite por risco.
Wall Street dá sinal verde
O cenário internacional também colaborou. Ações de peso nos EUA, como Apple, Nvidia e Walmart, apresentaram resultados positivos, afastando temporariamente os temores de uma recessão global. O Nasdaq subiu quase 2% em um único dia, refletindo um alívio nas projeções de queda do PIB americano, que agora oscilam entre 1,5% e 2,4% para o trimestre.
Expectativas para a próxima semana
O sentimento do mercado é positivo, e os investidores estão atentos aos próximos balanços, sobretudo no setor bancário. A expectativa é que nomes como Bradesco, Itaú, Santander e o próprio Banco do Brasil sigam surpreendendo, alimentando o rali da Bolsa.
Além disso, o aumento no número de voos anunciado pela Azul (AZUL4), o resultado sólido da Rede D’Or (RDOR3) e a recuperação parcial da Locaweb (LWSA3) são indícios de que setores variados podem contribuir para manter o Ibovespa no caminho da valorização.
Com a combinação de deflação, queda do dólar, juros menores, entrada de capital estrangeiro e resultados positivos de empresas-chave, a Bolsa brasileira viveu uma das melhores semanas de 2025 até agora. E, com a agenda econômica mais leve à frente, o mercado segue atento às oportunidades — principalmente em ações de empresas com valuation atrativo e fundamentos sólidos.
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