A nova ofensiva tarifária de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, provocou um terremoto nos mercados financeiros internacionais. Em um movimento comparado pelos analistas ao impacto inicial da pandemia de Covid-19, bolsas de valores despencaram em escala global, o dólar americano registrou sua maior desvalorização em anos e trilhões de dólares em valor de mercado foram eliminados em poucas horas.
A declaração de Trump ocorreu a bordo do Air Force One, onde o presidente afirmou estar “reconstruindo a grandeza americana” ao impor tarifas sobre praticamente todas as importações. A medida, no entanto, causou um efeito imediato devastador. Segundo dados consolidados até o fim do pregão, as empresas listadas nas bolsas americanas perderam mais de US$ 3 trilhões em valor de mercado em apenas um dia, com destaque para gigantes como Apple, Nvidia, Microsoft e Amazon.
O colapso dos índices americanos
O índice S&P 500 registrou a maior queda desde o início da pandemia, um sinal claro da magnitude da reação do mercado. Desde a posse de Trump em 20 de janeiro, os mercados vinham enfrentando volatilidade, mas a imposição de tarifas marcou o estopim de uma crise de confiança.
De acordo com levantamento da consultoria Elus Aita, o valor total de mercado das empresas americanas caiu de US$ 61,4 trilhões para US$ 54 trilhões no período — uma perda acumulada de mais de US$ 7 trilhões, equivalente a mais de três vezes o PIB brasileiro.
Quem perde com a crise
Nos Estados Unidos, mais da metade da população possui investimentos ligados à Bolsa de Valores, seja por meio de fundos de aposentadoria ou de aplicações diretas. A perda de valor representa, portanto, uma destruição direta de riqueza individual, afetando a economia real e o futuro financeiro de milhões de famílias americanas.
As empresas de tecnologia, que vinham de uma sequência de altas expressivas, lideraram as perdas. A Apple sozinha perdeu US$ 300 bilhões em valor de mercado no pregão mais recente. Amazon, Microsoft e Tesla também figuraram entre as maiores quedas.
Dólar em queda histórica
A reação cambial foi igualmente severa. O dólar caiu frente a todas as principais moedas do mundo, inclusive frente ao real, chegando a ser negociado a R$ 5,60 no Brasil. Frente ao euro, a queda foi de quase 1,8%, e frente ao iene japonês, 1,71%. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas fortes, também registrou sua maior queda em anos.
Essa movimentação reflete o que os analistas chamam de “fuga de confiança”. Investidores globais estão tirando recursos dos Estados Unidos diante do novo cenário de incerteza.
Bolsa brasileira resiste
Apesar da forte correlação com os mercados globais, a Bolsa brasileira (Ibovespa) conseguiu se manter relativamente estável. A volatilidade foi alta, especialmente devido à forte queda nas ações da Petrobras e da Vale — ambas afetadas pela desvalorização das commodities no cenário internacional. Ainda assim, o índice conseguiu resistir melhor que seus pares internacionais.
Um cenário de desconfiança global
A medida de Trump, anunciada como parte de uma estratégia para “repatriar a produção industrial americana”, foi amplamente criticada por economistas e líderes empresariais. A proposta de reindustrialização dos EUA em 1,5 a 2 anos foi classificada como irrealista por especialistas, que apontam a falta de segurança jurídica e previsibilidade como entraves fundamentais para o investimento.
A revista britânica The Economist estampou em sua capa a expressão “Dia da Ruína”, criticando duramente a decisão do presidente americano. A publicação também destacou que a China pode sair fortalecida com a retração dos EUA, consolidando sua posição como líder na cadeia industrial global.
Análise: isolamento não traz segurança
A imagem construída por Trump ao anunciar as tarifas — de um país que decide sozinho o destino do mundo — está sendo confrontada por uma realidade dura: a economia global é interdependente. Nenhuma indústria moderna consegue operar de forma eficiente sem insumos internacionais.
Mais do que um abalo econômico, o movimento gerou uma crise de confiança nas instituições e políticas econômicas dos Estados Unidos. Analistas alertam que a retomada da estabilidade dependerá de medidas concretas para restaurar a previsibilidade e atrair novamente os investidores.
A decisão de Trump de impor tarifas globais marca uma ruptura na ordem econômica internacional e desencadeia uma onda de incerteza que afeta desde grandes corporações até o pequeno investidor americano. Com a maior perda de valor de mercado em anos e o derretimento do dólar, o episódio entra para a história como um dos maiores choques financeiros do século.
E tudo indica que o custo dessa nova “grandeza americana” será pago, mais uma vez, por aqueles que menos podem arcar com ele.
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