Em um cenário marcado por incertezas econômicas, inflação elevada e juros ainda em níveis elevados, o Bradesco (BBDC4) chama a atenção de investidores ao unir dois extremos: o fim da expectativa por bonificação de ações em 2025 e a promessa de dividendos atrativos, que podem render até 12% ao ano.
Mas, afinal, com a bonificação descartada e os desafios operacionais persistentes, o Bradesco ainda vale a pena para quem busca renda passiva e valorização no longo prazo?
Ações baratas: Bradesco se destaca entre os grandes bancos
Entre os principais bancos brasileiros — Itaú, BTG Pactual, Banco do Brasil e Santander — o Bradesco figura como a opção mais barata com base em indicadores de valor.
- Preço sobre Valor Patrimonial (P/VPA): 0,7 — abaixo da média do setor, sinalizando potencial de valorização.
- Preço/Lucro (P/L): 7 — um dos menores entre os grandes bancos, o que aumenta a atratividade em momentos de incerteza.
- Dividend Yield (DY): na casa de 9% atualmente, com projeções chegando a 12% em 2025.
Enquanto o valor justo das ações é estimado em R$ 15,82, o papel está cotado em torno de R$ 11,49, o que reforça o desconto frente ao seu valor patrimonial.
Por que não haverá bonificação em 2025?
A tradicional bonificação de ações do Bradesco, que entre 2017 e 2022 entregou mais de 70% aos acionistas, está fora do radar para 2025.
A confirmação veio após a Assembleia Geral Ordinária da companhia não incluir o tema na pauta. Esse tipo de bonificação costuma ser anunciada entre março e abril, e a ausência de qualquer menção oficial reforça que não haverá distribuição de ações bonificadas neste ano.
A principal razão está no desempenho financeiro abaixo do esperado e nas margens ainda comprimidas, reflexo de provisões elevadas e menor rentabilidade.
Cancelamento de ações: impacto positivo para o investidor
Apesar da ausência de bonificação, o Bradesco promoveu recentemente um movimento relevante: o cancelamento de ações recompradas.
Foram canceladas 24 milhões de ações ordinárias (ON) e preferenciais (PN), que estavam em tesouraria após programas de recompra. Esse cancelamento reduz o número total de ações em circulação, o que, na prática, aumenta a participação relativa dos acionistas remanescentes e pode beneficiar os indicadores por ação, como lucro por ação (LPA) e dividendos.
Bradesco e os desafios para recuperar margem líquida
A rentabilidade ainda é um ponto de atenção. O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) está em torno de 10%, enquanto a margem líquida recuou para 8%, muito abaixo dos 20% registrados em 2020.
A gestão vem atuando em duas frentes para enfrentar esse cenário:
- Controle de despesas operacionais
- Aumento da receita com serviços e tarifas
Contudo, provisões para perdas e a inadimplência ainda pressionam os resultados, dificultando uma recuperação mais sólida da margem.
Projeção de dividendos: até R$ 1,40 por ação em 2025
A grande aposta do Bradesco para fidelizar investidores em 2025 está na remuneração via dividendos e juros sobre capital próprio (JCP).
Segundo estimativas de mercado, o banco pode distribuir até R$ 1,40 por ação no ano, o que representaria um dividend yield de até 12% sobre os preços atuais.
Vale lembrar: o Bradesco tem um histórico robusto de pagamento mensal de JCP, com valores médios de R$ 0,01 por mês, além de distribuições mais expressivas em datas específicas.
Destaque recente:
- Data-com: 31 de março
- Valor bruto anunciado: R$ 0,20 por ação
- Pagamento previsto: 31 de outubro
Esse modelo recorrente de pagamento é vantajoso para quem busca renda passiva constante, embora seja importante considerar o desconto de 15% de imposto de renda sobre os JCPs.
O que dizem os analistas?
Segundo o Goldman Sachs, o lucro do Bradesco em 2025 pode ser menor do que o inicialmente projetado, em razão de um ambiente macroeconômico desafiador e da necessidade de elevar provisões para inadimplência.
Apesar disso, alguns relatórios de mercado ainda enxergam potencial de valorização de até R$ 18 por ação, dependendo de uma melhora significativa nas margens, controle de despesas e maior lucratividade — fatores que ainda não se concretizaram plenamente.
Investir em BBDC4 em 2025?
Para quem busca ações baratas com bom potencial de dividendos, o Bradesco aparece como uma oportunidade interessante. Com um dos menores P/L e P/VPA entre os grandes bancos e dividend yield atrativo, o papel pode se beneficiar de qualquer recuperação gradual da economia ou da própria gestão interna do banco.
Por outro lado, a ausência de bonificação, margens comprimidas e incertezas macroeconômicas tornam o investimento mais indicado para quem tem visão de longo prazo e tolerância a oscilações.
O Bradesco passa por uma fase de reajustes e reestruturações, com foco em eficiência, rentabilidade e retorno ao acionista. A falta de bonificação em 2025 não tira o brilho da proposta de pagar dividendos robustos, algo que pode fazer diferença no bolso do investidor.
Para quem acredita na recuperação do setor bancário e na capacidade do Bradesco de se reinventar, o momento pode representar uma oportunidade de entrada com preço descontado e bom retorno em proventos.
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