Banco Master vai quebrar? Entenda a polêmica, os CDBs de 140% do CDI e a briga bilionária pelo controle

O Banco Master, conhecido por suas ofertas de CDBs com rentabilidades extremamente agressivas, voltou aos holofotes do mercado financeiro. Com ofertas que chegaram a pagar até 140% do CDI, o banco atraiu milhares de investidores em busca de rendimento elevado. Mas, nos bastidores, surgem dúvidas: há risco real de quebra? E quem aplicou em seus produtos está seguro?

Neste artigo, vamos explorar os bastidores da crise, o histórico do Banco Master, o papel do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), e a recente disputa pelo controle da instituição envolvendo BTG Pactual e BRB.

O Que Está Acontecendo com o Banco Master?

Fundado originalmente como Máxima Corretora em 1974, o banco ganhou notoriedade ao longo dos anos por atuar com crédito consignado e um modelo operacional enxuto. Em 2019, começou a chamar atenção com forte emissão de CDBs com retornos acima do mercado, voltados principalmente para investidores de varejo.

Entre 2019 e 2023, o crescimento foi explosivo. O banco saiu de R$ 219 milhões de patrimônio líquido para impressionantes R$ 2,3 bilhões. Em 2023, obteve um lucro recorde de R$ 32 milhões, reforçando a imagem de uma instituição lucrativa e bem administrada.

Crescimento Acelerado e Aquisições Milionárias

Em 2024, o Banco Master fez movimentos ousados no mercado:

  • Abril/2024: adquiriu o Banco Voiter por R$ 436 milhões

  • Agosto/2024: concluiu aquisição da Will Financeira, controladora do Will Bank

  • Outubro/2024: recebeu elevação de nota de crédito da Fitch (BBB- para A-) e da Moody’s (B3 com perspectiva positiva)

O objetivo era claro: ampliar a base de clientes e se consolidar como um player de peso no setor bancário. Com isso, o banco passou a ter mais de 15 milhões de clientes e ativos totais de R$ 112 bilhões.

Mas Por Que Falar em Quebra?

Apesar do crescimento e dos números positivos no papel, analistas e veículos especializados começaram a demonstrar preocupação com o nível de alavancagem da instituição. Os principais pontos de alerta:

  • Emissão contínua de CDBs com altíssimo retorno (96% a 140% do CDI)

  • Exposição elevada a direitos creditórios e precatórios

  • Crescimento muito rápido, considerado agressivo e potencialmente insustentável

A crítica principal: não é porque está dando certo que não existe risco. A analogia com uma roleta russa financeira foi usada por analistas para ilustrar o perigo de continuar alavancando uma operação já altamente exposta.

E Quem Comprou CDBs do Banco Master? Está em Risco?

A resposta mais objetiva: se você investiu até o limite de R$ 250 mil por CPF e instituição, seus valores estão cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

O FGC atua como uma espécie de “seguro” para investimentos em produtos bancários. Mas há um alerta: o montante de CDBs emitidos pelo Banco Master gira em torno de R$ 70 bilhões, o que representa mais da metade do patrimônio atual do FGC, estimado em cerca de R$ 132 bilhões.

Esse cenário levanta um alerta sistêmico: o FGC suportaria uma quebra dessa magnitude?

A Disputa BTG x BRB: R$ 1 ou R$ 2 Bilhões?

Enquanto o BTG Pactual teria feito uma oferta simbólica de R$ 1 pelo controle do banco (numa tentativa de evitar que o FGC absorvesse o prejuízo), o BRB (Banco de Brasília) surpreendeu o mercado ao fechar acordo de R$ 2 bilhões por 58% das ações.

A operação inclui:

  • Banco Master

  • Will Bank

  • Credit S/A (ainda pendente de aprovação do Bacen e do Cade)

A transação considera 75% do patrimônio líquido auditado pela PwC e gerou reações no mercado, com as ações do BRB (BSLI3) disparando mais de 100% na B3.

Situação Financeira Atual: Números Reais

Segundo o balanço de junho de 2024:

  • Ativos totais: R$ 51 bilhões

  • Patrimônio líquido: R$ 4,2 bilhões

  • Carteira de crédito: R$ 32,4 bilhões

  • Depósitos totais: R$ 40,6 bilhões

  • Lucro líquido (semestre): R$ 501 milhões

  • ROI: 32,2%

  • Índice de Basileia: 11,7%

Ou seja, o banco ainda apresenta solidez contábil, com boa rentabilidade e liquidez. No entanto, o nível de risco de sua carteira e o histórico recente de alavancagem fazem soar alarmes no mercado.

O FGC Vai Conseguir Segurar Essa Bomba?

Em teoria, sim. O FGC tem R$ 130 bilhões em caixa, e mesmo que fosse necessário arcar com os R$ 70 bilhões em CDBs do Banco Master, o fundo não entraria imediatamente em colapso. No entanto, essa situação afetaria a credibilidade do sistema de garantias e poderia provocar efeito cascata em outras instituições.

Devo Me Preocupar?

Se você investiu dentro do limite protegido pelo FGC, não há motivo para pânico imediato. Três cenários são prováveis:

  1. Aquisição efetiva pelo BRB (já anunciada)

  2. Aquisição pelo BTG, caso a primeira seja barrada

  3. Ação direta do FGC, como última instância

A questão maior está na transparência e sustentabilidade do modelo de negócios do Banco Master. Enquanto a rentabilidade segue alta, o risco também aumenta.

Dica para o Investidor de Renda Fixa

Antes de se encantar com rentabilidades muito acima da média, avalie o risco da instituição emissora. E nunca ultrapasse o limite de proteção do FGC — essa é a linha entre dormir tranquilo ou entrar em desespero no próximo escândalo.

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