O Banco do Brasil (BBAS3) está prestes a enfrentar um dos períodos mais desafiadores entre os grandes bancos brasileiros. Segundo projeções do Bradesco BBI, o retorno sobre patrimônio líquido (ROI) da instituição pode recuar para 18,6% no primeiro trimestre de 2025, ficando abaixo da marca simbólica dos 20% – um sinal de alerta para investidores.
Esse declínio ocorre em meio a um cenário macroeconômico complexo, marcado por inflação persistentemente alta e uma taxa Selic projetada para se manter em 15% ao longo do ano, o que afeta tanto o crédito quanto o consumo.
Inflação desancorada e Selic elevada: o peso sobre a economia
O diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem demonstrado preocupação crescente com a inflação disseminada, que já desancorou as expectativas do mercado. A meta para a inflação brasileira é de 3%, com um teto de 4,5%, mas as projeções para 2025 ainda giram em torno de 5,57%, bem acima do limite superior. Somente em 2027, espera-se que o índice caia para dentro do teto, chegando a 4%.
Essa inflação persistente exige uma política monetária mais rígida, mantendo a Selic elevada para tentar conter a pressão inflacionária. O mercado projeta a Selic em 15% para 2025, 12,5% em 2026 e 10,5% em 2027, um cenário que freia o crescimento econômico, com o PIB estimado em 2% neste ano e em torno de 1,7% a 2% nos próximos anos.
Impacto nas ações do Banco do Brasil (BBAS3)
O ambiente macroeconômico, aliado à inadimplência no setor do agronegócio – que representa cerca de um terço da carteira de crédito do Banco do Brasil –, tem pressionado os resultados da instituição. Em 2024, o ROI já vinha em queda, fechando o ano em 20,8% no quarto trimestre, puxado pela deterioração das margens e aumento da inadimplência rural.
Para 2025, a expectativa é de que o lucro líquido do Banco do Brasil sofra uma leve retração de 2,1% no primeiro trimestre em comparação ao mesmo período do ano anterior, enquanto os demais bancões devem apresentar crescimento robusto: Santander (+22,4%), Itaú (+13,1%) e Bradesco (+26%).
Apesar disso, a XP Investimentos elevou o preço-alvo da ação BBAS3 de R$ 37 para R$ 41, representando um potencial de alta de quase 49% sobre o fechamento recente, evidenciando que, mesmo em um cenário adverso, o banco continua atrativo para investidores de longo prazo.
Inflação global e tarifas dos EUA: risco adicional para emergentes
Além dos fatores internos, a guerra comercial entre Estados Unidos e China, intensificada pelas novas tarifas propostas por Donald Trump, também pressiona as economias emergentes, como o Brasil. Esse cenário pode levar a uma fuga de capital estrangeiro, aumentando a volatilidade do mercado local. Galípolo alerta que, se essa escalada tarifária continuar, o risco de uma desaceleração econômica global mais abrupta cresce, o que pode agravar ainda mais a situação no Brasil.
Historicamente, países emergentes que fazem a “lição de casa” tendem a atrair investidores em momentos de crise, como ocorreu com o Brasil em 2007 durante a crise do subprime nos EUA. No entanto, o cenário atual exige paciência: enquanto a inflação e a Selic permanecerem elevadas, o mercado de ações brasileiro seguirá pressionado.
Banco do Brasil blindado? Divergências entre analistas
Apesar dos desafios, há quem veja o Banco do Brasil como uma oportunidade. O Bank of America, por exemplo, considera o papel “blindado” contra tarifas externas por operar principalmente no ambiente doméstico e ter forte atuação em setores mais seguros. No entanto, como estatal, o banco é mais suscetível ao risco político, o que pode afastar investidores estrangeiros em períodos de maior aversão ao risco.
Além disso, há um ruído adicional no radar: a possível troca na presidência do Banco do Brasil, com nomes ligados ao Centrão sendo cogitados, o que pode gerar mais instabilidade para o papel.
Estratégias com BBAS3: oportunidades com opções
Enquanto isso, alguns investidores veem na volatilidade uma chance de lucrar. Estratégias com opções, como o compromisso de compra em preços mais baixos, têm sido utilizadas para gerar uma renda adicional, enquanto se aguarda uma queda mais expressiva na cotação da ação. Esse tipo de abordagem permite lucrar tanto com dividendos quanto com prêmios de opções, aumentando a rentabilidade total do investimento.
O Banco do Brasil (BBAS3) enfrenta ventos contrários em 2025, com queda no lucro e no ROI, inflação persistente, Selic elevada e riscos políticos no radar. Ainda assim, o banco mantém fundamentos sólidos e pode representar uma oportunidade para investidores que buscam rentabilidade em um cenário desafiador. A paciência será essencial para colher frutos no longo prazo.
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