Nesta terça-feira, o mercado financeiro brasileiro respira aliviado após o feriado, com o Ibovespa registrando alta próxima de 0,5%, impulsionado pela valorização das ações da Vale (VALE3). O cenário externo, marcado pela elevação dos contratos futuros do minério de ferro na China, favorece a mineradora, enquanto o dólar comercial recua mais de 1%, refletindo um ambiente global de maior aversão ao risco frente às declarações recentes do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Durante o feriado no Brasil, Trump voltou a criticar a postura do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reforçando a pressão por cortes nos juros norte-americanos. A retórica do ex-presidente norte-americano agitou os mercados, gerando impacto imediato sobre o dólar e os títulos do Tesouro dos EUA, os chamados treasuries.
Pressão sobre o Fed e incertezas fiscais nos EUA
As críticas de Trump, que novamente defendeu políticas monetárias mais frouxas, ocorrem em meio a um contexto de enfraquecimento da economia americana. De acordo com Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, os investidores devem continuar observando a desvalorização tanto dos treasuries quanto do dólar nas próximas semanas.
Vale destacou, em entrevista à CNN Money, que Trump não conseguiu promover avanços na política fiscal dos EUA. Pelo contrário, o ex-presidente propõe cortes de impostos que podem ampliar ainda mais o déficit público americano, alimentando a percepção de risco em torno da economia do país. Esse ambiente fiscal desafiador, somado aos ataques frequentes de Trump a instituições tradicionais, como universidades renomadas, contribui para a instabilidade nos mercados globais.
FMI revisa projeções globais para baixo
Em meio a esse cenário conturbado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou um novo relatório apontando para uma desaceleração no crescimento econômico mundial. A previsão do FMI para o crescimento global em 2025 foi reduzida em 0,5 ponto percentual, caindo para 2,8%, enquanto a estimativa para 2026 recuou 0,3 ponto percentual, para 3%.
Entre os fatores que influenciam essa desaceleração, o FMI destacou o aumento das tarifas comerciais implementadas pelos EUA, que atingiram níveis sem precedentes em um século. Esse ambiente de políticas protecionistas e imprevisibilidade econômica contribui para limitar o crescimento mundial.
Impacto no Brasil
O Brasil não ficou imune às revisões negativas. O FMI cortou a projeção de crescimento econômico do país para 2% em 2025 e 2026, uma redução de 0,2 ponto percentual em relação ao relatório anterior. A política monetária brasileira, marcada por juros elevados para conter a inflação, também foi tema de discussão nesta terça.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central (BC), afirmou que a inflação ainda segue acima da meta, apesar dos esforços para desacelerar os preços. Galípolo sugeriu que os canais de transmissão da política monetária podem estar “entupidos”, ou seja, as decisões sobre juros demoram mais a surtir efeito na economia brasileira do que em outras nações.
Esse diagnóstico leva o BC a adotar uma postura mais rígida, aumentando os juros para alcançar os efeitos desejados. O cenário reforça a necessidade de políticas monetárias mais severas em um ambiente econômico que apresenta resistência em responder às medidas tradicionais.
O dia foi marcado por movimentos intensos nos mercados, impulsionados tanto por fatores internos quanto externos. Enquanto a alta das commodities beneficia empresas como a Vale, o dólar mais fraco e as incertezas vindas dos EUA, somadas às revisões pessimistas do FMI, mantêm os investidores atentos.
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