AGRX11 suspende dividendos após calote da Agrogalaxy e frustra investidores

O Fiagro AGRX11 anunciou a retenção completa dos rendimentos a partir da distribuição referente a abril, com pagamento previsto para maio. A decisão veio após o agravamento da crise envolvendo a Agrogalaxy, que entrou em recuperação judicial e deixou de honrar os compromissos com o fundo. O impacto direto da operação levou a gestão a iniciar uma provisão de R$ 0,26 por cota, o que compromete pelo menos duas distribuições mensais.

O fundo, que conta atualmente com 19.200 cotistas, investiu em um CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) ligado à Agrogalaxy, empresa que enfrenta dificuldades financeiras e apresentou um plano de recuperação em dezembro de 2024. Diante da falta de informações suficientes e do alto risco percebido, a gestão do AGRX11 rejeitou o plano de reestruturação e decidiu não aplicar novos recursos na empresa.

Duas propostas foram consideradas:

  • Tornar-se credor quirografário, sem prioridade de pagamento;

  • Aportar novos recursos, apostando na recuperação da Agrogalaxy.

Ambas foram descartadas por falta de garantias mínimas e pela baixa confiança na sustentabilidade da companhia, especialmente considerando o enfraquecimento da rede de fornecedores e produtores.

Impacto nas distribuições: o que esperar?

A última distribuição do AGRX11 foi de R$ 0,11 por cota. Considerando o objetivo de formar uma reserva de R$ 0,26, a gestão anunciou que as distribuições de abril (pagas em maio) e maio (pagas em junho) serão diretamente impactadas. A expectativa é que o pagamento de abril seja zerado e o de maio tenha um valor reduzido pela metade, caso a média de rendimento mensal se mantenha.

A reserva atual do fundo é de R$ 0,12 por cota. Portanto, é necessário reter mais R$ 0,14 para atingir o valor estipulado para cobrir possíveis perdas com o CRA da Agrogalaxy.

Simulação de impacto:

  • Abril: 0,00 (retido integralmente)

  • Maio: até R$ 0,08 (estimativa, considerando R$ 0,11 de rendimento)

Caso os rendimentos variem ou outras operações enfrentem problemas, o período de retenção pode se estender.

Composição do portfólio e exposição ao risco

A carteira do AGRX11 é majoritariamente composta por CRAs atrelados ao CDI, com retorno médio de CDI + 5,2%. O fundo recentemente adicionou um novo investimento no Clar Bvap com taxa de CDI + 3% e tem duas operações em fase de estruturação previstas para maio. A intenção é seguir diversificando o portfólio.

A Agrogalaxy representa atualmente cerca de 2,6% do patrimônio, mas seu peso na rentabilidade e a inadimplência fazem com que o impacto seja mais expressivo do que aparenta. A linha da Agrogalaxy aparece com receita negativa de R$ -0,07 por cota no último demonstrativo.

O fundo também investe em veículos estruturados como o fundo Exs e CRAs de outras instituições, com destaque para a Orby, com peso de 9,3%.

Reflexos na cota e perspectiva para os cotistas

Após o anúncio da retenção, o valor da cota chegou a cair, mas se estabilizou em torno de R$ 8,00, recuperando parte das perdas. Apesar do abalo de curto prazo, o fundo apresenta um carregamento implícito de CDI + 15,52%, o que pode manter o interesse de investidores com perfil mais tolerante ao risco.

Principais indicadores:

  • Reserva atual: R$ 0,12 por cota

  • Meta de provisão: R$ 0,26 por cota

  • Rendimento histórico: média de R$ 0,11 por mês

  • Indexação: 90% da carteira em CDI

Lições e alerta para os investidores de FIAGRO

O caso da Agrogalaxy expõe as fragilidades de investimentos em CRAs, mesmo quando estruturados fora da massa falida (extra concursal). Embora esse modelo prometa mais segurança jurídica, na prática, recuperações judiciais podem congelar recebíveis por meses ou até anos, atrasando significativamente o retorno aos cotistas.

A situação também reforça a importância da análise de risco da carteira, inclusive sobre o emissor e o setor ao qual ele pertence. Em um mercado volátil como o agro, a diversificação, transparência e cautela são essenciais para preservar o patrimônio e a rentabilidade no longo prazo.

O AGRX11 enfrenta seu momento mais delicado desde a criação, com duas distribuições comprometidas e dúvidas quanto ao desfecho da recuperação judicial da Agrogalaxy. A gestão demonstrou prudência ao não alocar mais recursos na operação, mas os cotistas devem se preparar para um período de baixa nos proventos e volatilidade nas cotas até que o cenário seja definido.

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