As ações da Vale (VALE3), uma das maiores mineradoras de ferro do mundo, enfrentaram uma queda expressiva de 16,5% nos últimos 12 meses, reflexo da retração nos preços do minério de ferro no mercado internacional. Contudo, para investidores atentos às oportunidades de longo prazo, essa desvalorização abre espaço para aumentar a exposição em uma empresa sólida, com forte histórico de geração de caixa e distribuição de dividendos.
A força dos dividendos da Vale: R$ 53,64 pagos em cinco anos
Ao analisar o desempenho recente, é fácil cair na armadilha de focar apenas na variação do preço da ação. Porém, uma visão mais ampla, considerando os dividendos distribuídos, revela outro cenário. Entre 2020 e 2024, a Vale pagou um total acumulado de R$ 53,64 por ação em dividendos. Isso supera o valor atual das ações, que gira em torno de R$ 52,88. Ou seja, o investidor que comprou as ações há cinco anos teria recuperado o valor investido apenas com os dividendos, sem considerar eventual valorização.
Essa política de remuneração consistente reforça o perfil da mineradora como uma fonte robusta de geração de renda passiva, especialmente para quem busca diversificar a carteira com empresas dolarizadas e exposição ao setor de commodities.
Queda do minério de ferro e desempenho financeiro
Boa parte da desvalorização das ações está ligada à queda do minério de ferro, principal produto da Vale, o que pressionou o faturamento e o lucro da companhia. Em 2024, o lucro líquido recuou 64% na comparação com 2023, enquanto a receita líquida caiu 22%. No entanto, a mineradora conseguiu atingir um recorde de produção anual, alcançando 328 milhões de toneladas, superando o guidance de 310 a 320 milhões.
Apesar dos números mais fracos no quarto trimestre, a estratégia de priorizar produtos de maior qualidade, com preços premium, mantém a eficiência operacional da Vale em alta e sustenta seu diferencial competitivo no mercado global.
Recompra de ações: sinal de confiança no negócio
Além dos dividendos, outro fator que reforça a atratividade da Vale é o programa de recompra de ações. A própria empresa está investindo na aquisição de seus papéis no mercado, sinalizando confiança no valor intrínseco do negócio. Ao recomprar ações e cancelá-las, a Vale reduz o número de papéis em circulação, aumentando a participação dos acionistas nos lucros futuros.
Essa estratégia, além de demonstrar solidez financeira, contribui para potencializar o retorno dos investidores, mesmo em um cenário de curto prazo desafiador.
Valuation descontado: múltiplos atrativos para quem pensa no longo prazo
Atualmente, a Vale está negociando a um preço/lucro (P/L) de 5 vezes e um preço/EBITDA de 4 vezes, patamares considerados bastante atrativos para uma empresa de seu porte. Esses números indicam que a mineradora está descontada em relação ao seu potencial, especialmente para quem busca montar uma carteira equilibrada entre defesa, meio-campo e ataque — conceito usado na metodologia “Leitura de Mundo”, que separa os ativos de acordo com sua função estratégica dentro do portfólio.
A Vale, por sua exposição internacional e geração de receita em dólar, encaixa-se como um ativo de meio-campo, equilibrando segurança e potencial de crescimento.
Perspectivas para os dividendos em 2025
Mesmo diante das incertezas do mercado global e das flutuações do minério de ferro, a projeção é de que a Vale distribua cerca de R$ 5,20 por ação em dividendos em 2025, o que representa um dividend yield estimado em 9% sobre os preços atuais. Esse patamar mantém a mineradora como uma opção sólida para geração de renda passiva, especialmente em um contexto de juros altos no Brasil.
Estratégia de longo prazo: qualidade e eficiência
Sob a liderança do novo CEO, a Vale segue focada em elevar a qualidade do minério de ferro produzido, buscando alcançar prêmios maiores nas vendas e consolidar sua posição como referência global no setor. Esse movimento de reestruturação, que deve se intensificar até 2030, prioriza investimentos em tecnologia, manutenção e crescimento sustentável, além de fortalecer a posição da empresa frente à concorrência.
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