A PetroRecôncavo (RECV3) pode até ser uma small cap pouco conhecida por alguns investidores, mas sua performance financeira e sua política generosa de distribuição de proventos têm chamado a atenção do mercado. Em um cenário onde muitas empresas têm reduzido seus pagamentos, a petroleira baiana surpreende: paga dividendos de aproximadamente 16% ao ano, sustentada por uma sólida geração de caixa, baixo nível de endividamento e eficiência operacional.
Uma das maiores produtoras independentes onshore do Brasil
A PetroRecôncavo atua na exploração e produção de petróleo e gás em terra — diferentemente de gigantes como Petrobras e PRIO, que operam majoritariamente no mar. Esse diferencial estratégico, aliado a uma estrutura de custos eficiente, garante à empresa um dos menores custos de extração do setor, o que fortalece sua lucratividade mesmo em cenários de preços mais baixos para o barril.
Com operações no Rio Grande do Norte e na Bahia, a empresa possui diversas concessões e tem ampliado sua produção de forma consistente. Em 2024, alcançou uma média de 26 mil barris por dia, sendo 40% da produção referente a gás natural, uma fonte de receita mais estável graças aos contratos de longo prazo.
Balanço sólido e recorde de geração de caixa
O ano de 2024 foi marcante para a companhia. A empresa atingiu R$ 1,6 bilhão em EBITDA recorrente, um crescimento de quase 30% ano contra ano, e registrou R$ 681 milhões de lucro líquido, mesmo após ajustes cambiais devido a dívidas em dólar.
Mais impressionante ainda foi a geração de caixa livre, que alcançou R$ 1,034 bilhão — permitindo que mais de 70% desse valor fosse distribuído aos acionistas sob a forma de dividendos e juros sobre capital próprio. Com isso, o dividend yield (DY) superou os 16% ao ano, um dos maiores da B3.
Investimentos caem, mas eficiência operacional cresce
A empresa investiu R$ 822 milhões em 2024, uma queda de 25% em relação ao ano anterior. Isso não impediu o crescimento da receita líquida, que subiu 16%, atingindo R$ 3,3 bilhões. Os custos de extração subiram apenas 4%, um desempenho superior ao de muitos pares do setor, que enfrentaram aumentos mais agressivos. Essa disciplina financeira contribuiu diretamente para a forte geração de caixa.
Dívida sob controle e estrutura de capital robusta
Apesar de operar em um setor intensivo em capital, a PetroRecôncavo mantém níveis de alavancagem saudáveis. A relação dívida líquida/EBITDA está em apenas 0,8x, e a empresa tem caixa suficiente para quitar toda sua dívida em menos de um ano de geração operacional.
Além disso, a companhia reduziu o custo médio da dívida de 9,9% para 6,74% ao ano e alongou os prazos de vencimento, fortalecendo ainda mais sua estrutura de capital.
Proventos altos, mas com riscos atrelados ao crescimento
Apesar dos atrativos proventos, é importante lembrar que a PetroRecôncavo não possui uma política formal de payout, como a Petrobras, que repassa 45% do fluxo de caixa livre aos acionistas. Isso significa que, caso a empresa decida acelerar investimentos para crescer, os dividendos podem ser impactados.
Ainda assim, com o atual perfil financeiro, a tendência é de manutenção dos proventos no curto e médio prazo, especialmente se a empresa continuar ganhando escala e diluindo custos.
Produção crescente mesmo com queda do petróleo
A PetroRecôncavo vem mantendo sua receita estável mesmo diante da leve queda no preço do petróleo em 2024 — de US$ 85 para cerca de US$ 75 o barril. Isso foi possível graças ao aumento da produção e à menor exposição a perdas com operações de hedge.
A receita líquida da divisão de gás saltou de R$ 1,0 bilhão para R$ 1,1 bilhão, enquanto a parte de petróleo passou de R$ 2,0 bilhões para R$ 2,2 bilhões.
Valuation atrativo após queda de 30%
Mesmo com um desempenho operacional sólido, as ações da PetroRecôncavo recuaram 30% nos últimos 12 meses e cerca de 50% desde os picos de 2022. A correlação com o preço do petróleo e a frustração de expectativas exageradas de crescimento ajudam a explicar a desvalorização.
Ainda assim, com valor de mercado em torno de R$ 4,7 bilhões e lucro líquido ajustado de R$ 681 milhões, a empresa negocia a um P/L (preço/lucro) de apenas 6,9 vezes — considerado barato para uma companhia rentável, com crescimento, margens elevadas e baixo endividamento.
Além disso, a relação Fluxo de Caixa Livre/Valor de Mercado é de 22%, um dos maiores entre as petroleiras da bolsa brasileira, reforçando a tese de que o papel está descontado.
Expectativa de novos dividendos em breve
Historicamente, a empresa costuma anunciar proventos com datas-com nos meses de abril, junho e novembro. Isso significa que um novo pagamento pode ser anunciado nos próximos meses, o que pode gerar nova valorização das ações, especialmente entre os investidores que buscam renda.
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