Ações da ASA3 desabam 62% em 12 meses, mas lucro triplica

A Arezzo&Co, negociada sob o ticker ASA3, viu suas ações despencarem mais de 62% nos últimos 12 meses, mesmo após reportar um lucro líquido três vezes maior que o de 2015. O tombo assustou o mercado, mas também acendeu alertas de oportunidade entre analistas e investidores experientes.

Na contramão da cotação, a companhia apresenta uma robusta carteira de marcas consagradas como Arezzo, Schutz, Reserva, Hering, Farm e Animale — dominando vitrines em shoppings pelo país. No entanto, a fusão com o Grupo Soma, que deveria gerar sinergias operacionais, trouxe um problema inesperado: choque de culturas e conflitos de governança.

O que está por trás da queda de ASA3?

A fusão entre Arezzo e Grupo Soma, anunciada como uma combinação de gigantes, revelou-se desafiadora. O Grupo Soma já possuía uma rentabilidade inferior à da Arezzo, e o casamento das operações não trouxe as eficiências esperadas.

A insatisfação com os resultados se agravou com um prejuízo pontual de R$ 243 milhões no 4T24, reflexo de custos extraordinários ligados à reestruturação. Houve multas, rescisões contratuais e descontinuação de marcas, o que impactou diretamente o lucro do trimestre.

“A empresa virou uma máquina que queima dinheiro, e quanto mais cresce, mais valor destrói”, alertou Leandro, analista da FCLES, que realizou uma análise profunda via fluxo de caixa descontado (DCF).

Valuation: está barato ou o mercado tem razão?

Segundo o modelo DCF apresentado no vídeo, mesmo projetando crescimento de 10% ao ano com queda da Selic, o valuation da ASA3 poderia superar os R$ 41 por ação — quase o dobro da cotação atual, que girava em torno de R$ 22 no momento da análise.

Entretanto, se o crescimento não vier ou o custo de capital continuar elevado, a ação pode estar sendo negociada acima do seu valor intrínseco, alertando para risco de queda adicional.

Dados recentes:

  • Lucro líquido 2024: R$ 339 milhões

  • Receita 2024: R$ 8,3 bilhões

  • PL atual: em torno de 13

  • Custo de capital (WACC): estimado em 18%

  • ROIC (Retorno sobre Capital Investido): entre 11% e 15%

Governança e cultura: o grande entrave da fusão

A saída de nomes importantes como o fundador da Reserva, Rony Meisler, e os rumores de desentendimentos internos entre sócios, como Alexandre Birman e representantes do Grupo Soma, alimentam a desconfiança do mercado.

“Sócios muito grandes, com egos muito grandes, é difícil de alinhar. A fusão trouxe um desequilíbrio de comando e visão de futuro”, comenta o analista no vídeo.

Esse “divórcio empresarial” foi amplamente noticiado em veículos como Valor Investe e Estadão, e pode ter contaminado a confiança de investidores institucionais.

As marcas ainda são desejadas

Mesmo em meio à turbulência, as marcas do conglomerado seguem fortes. Nas ruas e nos shoppings, produtos da Arezzo, Schutz, Hering e Reserva continuam populares. A percepção da qualidade e o desejo do consumidor seguem vivos.

Isso levanta a pergunta: o problema está mesmo no negócio ou apenas em sua gestão?

Aposta no turnaround liderado por Birman

Alexandre Birman, um dos fundadores da Arezzo e atual CEO, é visto como a peça-chave para reverter o cenário. Ele é respeitado por sua capacidade de execução e profundo conhecimento do setor de moda.

“Se eu tivesse que apostar em alguém para resolver essa bucha, seria no Birman”, declarou o youtuber e investidor que protagoniza o vídeo.

Para investidores com perfil mais arrojado, que buscam ativos descontados com potencial de recuperação, ASA3 pode representar uma assimetria interessante.

Oportunidade ou cilada?

ASA3 representa um típico caso de empresa boa com problemas de governança. Os fundamentos operacionais seguem fortes, o portfólio de marcas é valioso, e o lucro recorrente é crescente. Por outro lado, a destruição de valor, a má integração pós-fusão e os conflitos societários precisam ser solucionados.

Se houver alinhamento estratégico e eficiência operacional, a ação pode representar uma jóia esquecida na Bolsa, atualmente precificada como se valesse menos que apenas a Hering, marca adquirida por R$ 5 bilhões sozinha.

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