A crise fiscal que o Brasil enfrenta hoje, embora com contornos distintos, lança um alerta para economias desenvolvidas, especialmente os Estados Unidos. No auge das turbulências econômicas no início de 2025, o Brasil viu sua moeda, o real, desvalorizar em quase 15% em relação ao dólar, enquanto o Ibovespa, índice que representa as ações brasileiras, perdeu 10% de seu valor. O gatilho para esse colapso foi um pacote de ajuste fiscal que não atendeu às expectativas do mercado, tornando claro que a crise fiscal do Brasil é um exemplo preocupante de como políticas fiscais irresponsáveis podem desencadear um ciclo econômico destrutivo.
O Impacto das Políticas Fiscais no Brasil
Apesar de um cenário fiscal conturbado, o Brasil não está enfrentando uma crise típica de mercado emergente. O país possui uma grande reserva de divisas e uma dívida externa controlada, o que limita sua vulnerabilidade imediata a choques cambiais. No entanto, o aumento da dívida pública, que subiu de 50% do PIB para cerca de 80% nos últimos anos, aponta para uma tendência preocupante. A incapacidade do governo de controlar os gastos públicos tem agravado o problema fiscal, enquanto o papel do estado brasileiro na economia permanece excessivo.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ao reassumir o poder em 2023, apresentou uma proposta de ajuste fiscal, mas a implementação dessa agenda tem sido frouxa. As promessas de controle dos gastos públicos foram rapidamente desfeitas, com o aumento dos gastos em setores como saúde, educação e previdência, que superaram as expectativas de contenção. Como resultado, o Brasil permanece com um déficit fiscal elevado, o que impede a estabilização de sua dívida.
O Paradoxo Fiscal: Como a Falta de Disciplina Ameaça o País
A situação fiscal do Brasil revela um problema clássico: a dificuldade de cumprir com regras fiscais mesmo quando são estabelecidas. Em 2016, a Constituição Brasileira foi alterada para limitar o crescimento dos gastos públicos, mas essa medida perdeu eficácia ao longo dos anos, com a flexibilização das regras fiscais pelos governos subsequentes. O quadro atual é semelhante ao da União Europeia, onde as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento, que deveriam limitar os déficits, falharam em vários países membros.
O Brasil, assim como a União Europeia, sofre com a falta de uma estrutura fiscal robusta e respeitada. A inflação e o aumento da dívida têm um impacto negativo direto na economia, prejudicando especialmente as camadas mais pobres da população, que sofrem mais com o aumento dos preços. No entanto, o que realmente preocupa é a possibilidade de esse ciclo de dívida crescente, inflação e juros altos se perpetuar.
O Futuro da Política Fiscal nos EUA: Lições do Brasil
Embora os problemas fiscais do Brasil sejam únicos, eles fornecem valiosas lições para os Estados Unidos, que também enfrentam uma dívida crescente e um orçamento federal deficitário. Desde 2019, a dívida dos EUA aumentou em US$ 11 trilhões, o que corresponde a um aumento de 20 pontos percentuais na relação dívida/PIB. A consequência disso foi a elevação das taxas de juros de longo prazo, um reflexo direto da insustentabilidade fiscal do país.
Para os EUA, as opções são limitadas. A consolidação fiscal, que envolve corte de gastos e aumento de impostos, parece improvável devido a questões políticas internas, como o governo de Trump e os cortes de impostos planejados. A alternativa é continuar a política fiscal atual, o que provavelmente resultará em taxas de juros mais altas e inflação prolongada. O Brasil, como exemplo, nos mostra que essa abordagem pode ser autodestrutiva, já que uma inflação persistente prejudica as classes mais vulneráveis, ao mesmo tempo em que a dívida pública se torna ainda mais insustentável.
O Impacto Global: Uma Economia em Transformação
O que está em jogo é mais do que a saúde econômica do Brasil ou dos Estados Unidos. A crise fiscal brasileira nos ensina que, quando um país não consegue administrar adequadamente suas finanças, o impacto vai além das fronteiras nacionais. As consequências podem ser profundas, afetando a confiança global nas políticas fiscais e monetárias e afetando o crescimento econômico global. Um risco semelhante existe nos EUA, onde a falta de ação fiscal pode colocar em risco a capacidade do país de reagir a crises futuras, como a pandemia de COVID-19 ou crises financeiras globais.
A Necessidade Urgente de Reformas
O Brasil está enfrentando uma crise fiscal prolongada, e sua recuperação dependerá de uma política fiscal mais robusta e de maior responsabilidade. Para os EUA, a lição é clara: o aumento da dívida pública, sem uma estratégia clara de consolidação fiscal, pode levar a um cenário de juros elevados e inflação persistente. A situação brasileira deve servir de alerta para outras economias, incluindo a dos EUA, onde a falta de ação fiscal pode significar uma perda de confiança na sustentabilidade fiscal, com efeitos negativos para a economia global.
Com a perspectiva de uma crise fiscal lenta, os governos precisam agir rapidamente para restaurar a credibilidade fiscal e evitar um ciclo de incerteza econômica que pode afetar gerações futuras.
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