Receber um salário mínimo mensal só com dividendos é o sonho de muitos investidores. A boa notícia é que isso está longe de ser um objetivo inatingível. Com planejamento, foco em setores resilientes e uma escolha criteriosa de ações, é possível construir uma carteira eficiente e perene — e com apenas cinco papéis.
Usando o método BESH — sigla para os setores de Bancos, Energia elétrica, Saneamento, Seguros e Telecomunicações —, esta estratégia busca equilíbrio entre previsibilidade, bons dividend yields e frequência de pagamentos. A meta: gerar R$ 1.518 por mês, o valor atual do salário mínimo.
Banco Itaú (ITUB3): dividendos mensais e consistentes
Entre os grandes bancos da Bolsa, o Itaú se destaca por oferecer dividendos mensais, algo raro no setor. Com payout elevado e histórico recente de distribuições superiores a 8%, o banco entrega previsibilidade de fluxo e rentabilidade.
Além disso, a ação preferencial (ITUB3) é frequentemente escolhida por quem busca maior retorno em dividendos comparado à ITUB4. O custo estimado para atingir a meta mensal de R$ 303,60 em dividendos com ITUB3 é de cerca de R$ 41 mil, com a aquisição de aproximadamente 1.384 ações.
Cemig (CMIG4): elétrica com dividend yield superior à Selic
No setor elétrico, a escolha é a Cemig, empresa mineira conhecida por sua robusta geração de caixa e pagamentos atrativos. CMIG4 tem histórico de dividendos acima da média, chegando a 13% ao ano em determinados ciclos.
Apesar de distribuir proventos semestralmente, a companhia frequentemente realiza dividendos extraordinários, o que contribui para uma renda mais frequente. Com aproximadamente 3.000 ações e aporte estimado inferior a R$ 30 mil, é possível atingir o valor mensal necessário.
BB Seguridade (BBSE3): estabilidade no setor de seguros
Apesar do setor de seguros estar com ações valorizadas, a BB Seguridade ainda figura como uma das mais atrativas em distribuição de dividendos. Com histórico de retornos consistentes e payout elevado, a empresa é ideal para quem busca renda passiva com segurança.
Para receber R$ 303,60 por mês em dividendos, são necessárias cerca de 800 ações, exigindo um investimento estimado em R$ 34 mil, dependendo da cotação.
Copasa (CSMG3): saneamento com bom preço e recorrência
Embora Sanepar tenha destaque no setor de saneamento, a Copasa se mostra mais interessante no momento pela sua cotação descontada e maior frequência de pagamentos.
Com dividend yield que já alcançou 14% ao ano, a empresa mineira oferece uma oportunidade sólida. Com cerca de 100 ações, é possível atingir a meta mensal para esse setor, com custo de aquisição na casa dos R$ 20 mil a R$ 22 mil, dependendo do preço.
Unifique (FIQE3): telecomunicação com potencial de crescimento
No setor mais limitado em dividendos, a opção foi por uma small cap com perfil de crescimento: a Unifique. A empresa catarinense de telecomunicação tem mostrado evolução constante nos proventos, saltando de 1% para 6,5% de dividend yield desde que abriu capital.
A inclusão de FIQE3 na carteira visa balancear o portfólio com uma empresa em expansão que já começou a remunerar o acionista. Por ser uma ação de valor unitário baixo, são necessárias cerca de 13.200 ações, totalizando um aporte estimado em R$ 35 mil.
Montagem da carteira: quanto investir para receber R$ 1.518 por mês?
Ao dividir a meta de R$ 1.518 por cinco ações, temos o objetivo de R$ 303,60 por mês por empresa. Usando uma planilha de simulação de dividendos, foi possível projetar o número de ações necessárias e o investimento total aproximado.
Resumo dos aportes estimados por empresa:
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Banco Itaú (ITUB3): R$ 41.000
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Cemig (CMIG4): R$ 30.000
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BB Seguridade (BBSE3): R$ 34.000
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Copasa (CSMG3): R$ 20.000
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Unifique (FIQE3): R$ 35.000
Total necessário para a carteira: cerca de R$ 200 mil
Esse portfólio entrega uma renda anual projetada de R$ 18.200, equivalente a um dividend on cost (DoC) de 9% ao ano.
Por que essa carteira funciona no longo prazo?
Mais do que apenas bons dividendos, essa carteira foi pensada para perenidade, previsibilidade e diversificação. Os setores escolhidos tendem a ter baixa volatilidade e lucros estáveis, mesmo em períodos de instabilidade econômica.
Além dos dividendos, o investidor pode ser beneficiado com valorização das ações, o que aumenta o retorno total. A média histórica de valorização do Ibovespa é de 10% ao ano, que somados aos 9% de dividendos projetados, elevam o retorno composto da carteira.
Renda fixa é melhor? Cuidado com a comparação direta
É comum surgir o argumento de que a renda fixa pode oferecer retornos semelhantes ou superiores no curto prazo. De fato, com a Selic em níveis elevados, isso pode acontecer. No entanto, esse tipo de comparação desconsidera os ganhos com valorização de ações e a variabilidade dos juros ao longo do tempo.
Renda fixa e variável possuem papéis diferentes na carteira. Enquanto um CDB oferece previsibilidade no retorno, ações oferecem participação nos lucros e ganho patrimonial.
Montar uma carteira de dividendos que gere R$ 1.518 por mês é totalmente viável com estratégia, disciplina e foco em setores sólidos. Com cerca de R$ 200 mil investidos em cinco ações, é possível alcançar a tão sonhada liberdade financeira parcial e ainda manter margem para valorização futura.
Para quem está começando ou quer se aprofundar, o uso de ferramentas como planilhas de dividendos, plataformas de análise e o acompanhamento constante das empresas é essencial. Afinal, viver de dividendos não é um milagre — é método.
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