Em um cenário de juros elevados e incertezas econômicas, os fundos imobiliários baratos continuam chamando atenção de investidores em busca de renda passiva. No entanto, especialistas alertam que muitos ainda cometem erros básicos — e caros — na hora de investir em FIIs. Entre eles, comprar no topo, ignorar boas oportunidades em momentos de queda e focar apenas no dividendo distribuído.
A seguir, entenda quais são os principais equívocos, por que eles comprometem seu patrimônio no longo prazo e como evitá-los para maximizar seus ganhos.
Comprar caro (e não comprar barato): o erro mais comum
Um dos maiores erros ao investir em fundos imobiliários é adquirir cotas no pico e se ausentar justamente nos momentos de baixa, quando os ativos estão mais descontados. “Quem não estava posicionado em janeiro e fevereiro de 2025 perdeu uma valorização de cerca de 8% em apenas dois meses. Foi o retorno do ano inteiro em semanas”, afirma um educador financeiro em podcast do Clube Fi.
Esse comportamento revela uma falha de visão estratégica: o investidor não reconhece o momento oportuno de entrada e, por medo ou desinformação, deixa de se posicionar quando os preços estão atrativos.
Imediatismo: o inimigo da renda passiva
Outro erro recorrente é o imediatismo. Muitos iniciantes desejam resultados rápidos e, por isso, acabam pulando etapas, correndo riscos desnecessários ou desistindo diante das primeiras oscilações.
Esse comportamento impulsivo pode levar a decisões equivocadas, como investir em ativos de alto risco ou abandonar bons fundos no primeiro sinal de queda — uma atitude que compromete a construção de patrimônio no longo prazo.
“Investir é algo monótono. É preciso disciplina para colocar um pouco todo mês, mesmo que os resultados levem tempo para aparecer”, destaca o especialista.
Foco excessivo em dividendos
Filtrar fundos apenas pelo dividendo atual pode ser uma armadilha. Muitas vezes, esse número reflete uma situação pontual, e não a saúde do fundo. É fundamental analisar a carteira, os contratos, a vacância e a política de distribuição.
Exemplos como o HCTR11 e o VINO11 ilustram a importância de acompanhar as transformações dos FIIs. Mudanças no portfólio, como alavancagens ou aquisições impactantes, exigem reavaliação do fundo do zero — e não apenas uma análise superficial baseada em indicadores passados.
Falta de constância nos aportes
Comprar uma vez e esperar anos para ver retorno é outro erro grave. Muitos investidores deixam de fazer preço médio em momentos de queda e acabam ficando anos no prejuízo.
“O investidor que comprou no pico em 2019 e não reaportou durante a pandemia só está vendo o valor de volta agora, cinco anos depois”, explica o educador. A chave está na constância: investir mensalmente, inclusive quando o mercado está desanimador.
Ignorar mudanças nos fundamentos
Quando um fundo altera sua estratégia ou composição de ativos, é necessário reavaliar se ele ainda faz sentido na sua carteira. A alavancagem excessiva, por exemplo, pode comprometer a segurança da distribuição de rendimentos.
Fundos como CPTS11 e VINO11, que passaram por transformações estruturais, exigem análise aprofundada para evitar a armadilha da “ancoragem” — quando o investidor se prende ao preço antigo e ignora a nova realidade do fundo.
Deixar a renda futura nas mãos do INSS
Com o sistema previdenciário brasileiro sob pressão e casos de fraude em benefícios afetando milhões de idosos, a construção de patrimônio individual se torna ainda mais urgente.
“Você pode ser CLT, mas é sua responsabilidade construir o que vai além do INSS”, afirma o especialista. Os fundos imobiliários podem ser parte essencial desse plano, oferecendo renda mensal, proteção contra inflação e diversificação.
Oportunidades ignoradas no Fiagro
Assim como os FIIs, os Fiagros (fundos do agronegócio) também sofreram quedas expressivas por fatores muitas vezes emocionais, já que o mercado é fortemente dominado por pessoas físicas. Isso gera distorções de preço que podem representar excelentes oportunidades para investidores atentos.
Em 2025, a queda generalizada dos Fiagros foi motivada por problemas pontuais em ativos como AgroGalaxy, afetando inclusive fundos que sequer tinham exposição direta ao caso.
Falta de educação financeira e desconhecimento sobre juros e inflação
A raiz de muitos erros financeiros está na ausência de compreensão sobre dois conceitos essenciais: juros e inflação. Quando o brasileiro ignora o efeito do tempo sobre o dinheiro, acaba se endividando, pagando mais caro em bens e, pior, deixando de investir.
“Você divide um carro em cinco anos e paga dois. Isso é juros trabalhando contra você. Mas você pode inverter isso e fazer os juros trabalharem a seu favor.”
Sem essa consciência, é fácil cair em armadilhas como apostas esportivas, financiamentos abusivos ou promessas de enriquecimento rápido.
Estar posicionado é fundamental
Ninguém sabe com exatidão quando o mercado vai subir. Por isso, estar posicionado — ainda que com valores menores — garante que o investidor participe dos ciclos de valorização. A ausência nos momentos decisivos pode significar uma rentabilidade até 50% menor em relação ao IFIX.
Construir patrimônio com fundos imobiliários baratos exige visão de longo prazo, constância, análise racional e, acima de tudo, disciplina. Evitar os erros citados é o primeiro passo para garantir uma aposentadoria mais tranquila — longe da dependência do INSS e da volatilidade emocional que domina boa parte do mercado.
O post Fundos imobiliários baratos: os erros que estão prejudicando sua renda passiva apareceu primeiro em O Petróleo.