Em um dos movimentos mais expressivos do mercado de ações brasileiro em 2025, a Cogna Educação (COGN3) surpreendeu investidores ao registrar um lucro de R$ 992 milhões em 2024, revertendo uma sequência de quatro anos consecutivos de prejuízo. O retorno à lucratividade, aliado à forte redução da alavancagem, impulsionou uma alta de 140% nas ações no acumulado do ano até o segundo trimestre, reacendendo as discussões sobre o potencial de valorização da companhia e o retorno dos dividendos.
Um novo ciclo para a Cogna
A Cogna, antiga Kroton, atingiu seu auge em 2018, quando sua capitalização de mercado chegou a R$ 34 bilhões e o retorno total para acionistas superou 600% entre 2010 e 2018, impulsionado pelo crescimento do setor educacional e pelo programa de financiamento estudantil (FIES). No entanto, o fim do FIES e o acúmulo de dívidas levaram a uma derrocada nos lucros e no valor das ações, que chegaram a cair para menos de R$ 3, reduzindo o valor de mercado para cerca de R$ 4,5 bilhões em 2025.
Com a reestruturação do modelo de negócios e o foco em tecnologia educacional, a empresa vem apresentando sinais claros de recuperação. A alavancagem, que chegou a dez vezes o Ebitda nos piores anos, foi reduzida para 3,1 vezes. O fluxo de caixa livre também se fortaleceu, encerrando 2024 com R$ 457 milhões em caixa, o que amplia a capacidade da empresa para atravessar períodos desafiadores.
Crescimento robusto em diferentes frentes
Atualmente, a Cogna é uma holding educacional que vai muito além do ensino presencial. O grupo é composto por diversas unidades de negócio, entre elas a Kroton Med (faculdades de medicina), a Vasta Educação (tecnologia e softwares educacionais, com atuação também nos Estados Unidos) e o grupo Saber (educação técnica e básica).
A divisão de tecnologia, em especial, tem sido um dos motores de crescimento, com alta de dois dígitos nas receitas e margens robustas, sinalizando que o futuro da companhia está cada vez mais voltado para o digital. A Vasta, inclusive, tem suas ações listadas na bolsa de Nova York, reforçando a presença internacional do grupo.
Surpresa positiva nos resultados
O grande catalisador da recente disparada das ações foi o resultado do quarto trimestre de 2024, que superou amplamente as expectativas do mercado. Enquanto a projeção era de um lucro por ação de R$ 0,13, a empresa entregou R$ 0,51, mais do que triplicando a estimativa. Esse desempenho acima do esperado trouxe otimismo renovado para investidores, impulsionando o valuation.
Em termos de margens, a empresa alcançou 16% em 2024, um salto significativo em relação aos anos anteriores, o que reforça a percepção de um turnaround bem-sucedido.
O retorno dos dividendos é possível?
Durante seu período áureo, a Cogna distribuiu dividendos expressivos, como em 2017, quando o yield chegou a 16%, embora inflacionado pela forte queda das ações. Desde 2020, os pagamentos foram suspensos devido aos prejuízos acumulados. Com a volta ao lucro e a redução da alavancagem, analistas começam a especular sobre o possível retorno dos dividendos, ainda que o foco atual da companhia seja a eficiência e o crescimento em tecnologia, que demandam menos investimentos físicos.
O cenário para 2025, portanto, não descarta a retomada das distribuições, mas é provável que a companhia opte por consolidar ainda mais seu fluxo de caixa antes de reativar uma política regular de dividendos.
Valuation: ações ainda estão descontadas?
Apesar da alta expressiva de 140% no ano, o valuation da Cogna continua atrativo, segundo alguns analistas. A empresa negocia a cerca de 0,40 vezes seu valor patrimonial, bem abaixo dos múltiplos históricos, que chegaram a 5,3 vezes em 2014. Em relação ao preço/lucro, está em torno de 5,6 vezes, enquanto ações de crescimento costumam girar entre 8 a 12 vezes.
Se a Cogna voltar a negociar próxima a seu valor patrimonial ou atingir múltiplos de preço/lucro de 12 vezes, o preço-alvo das ações poderia variar entre R$ 5,50 e R$ 6,67, dependendo das projeções de lucro e do cenário macroeconômico. Esse potencial sugere que, mesmo após a forte valorização, ainda pode haver espaço para novas altas, especialmente se a companhia mantiver o ritmo de crescimento e lucratividade em 2025.
O que esperar para o próximo trimestre?
Com o próximo balanço agendado para 8 de maio, investidores estarão atentos à manutenção do desempenho positivo, sobretudo nas renovações de matrícula e no impacto da inflação sobre as mensalidades. O primeiro trimestre, historicamente, é crucial para o setor de educação por refletir os resultados do período de rematrículas e o reajuste de preços.
Caso a Cogna consiga sustentar o lucro e apresentar avanços em suas unidades de tecnologia, a tese de recuperação ganhará ainda mais força, reforçando o otimismo dos acionistas.
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