Nesta terça-feira (22), o Ibovespa opera em alta, impulsionado pelo desempenho das commodities e do setor financeiro, refletindo o otimismo com o mercado internacional e o cenário de exportações brasileiras. O índice avançava quase 1% na tarde de hoje, revertendo o clima negativo do início do pregão, marcado por tensões externas, especialmente ligadas às tarifas comerciais propostas por Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos.
Apesar das incertezas globais, a bolsa brasileira encontrou força no aumento das exportações e no movimento das principais ações do mercado doméstico. Vale (VALE3) subia mais de 2% e Petrobras (PETR4) registrava alta, mesmo após um acidente em uma plataforma no litoral do Rio de Janeiro.
Commodities e setor financeiro lideram alta
Os principais motores do Ibovespa seguem sendo as ações ligadas a commodities, como minério de ferro e petróleo, além do setor financeiro. A valorização das ações da Petrobras acompanha a alta do petróleo no mercado internacional, enquanto o setor bancário também contribui para o avanço do índice, reforçando o peso desses segmentos na bolsa brasileira.
O dólar, por sua vez, recuava cerca de 1,4%, acompanhando a fraqueza da moeda americana frente a uma cesta de divisas, o que reforça o apetite por ativos de risco no Brasil.
Exportações e investimentos reforçam o otimismo
Outro fator que sustentou o bom humor do mercado foi o anúncio de um novo investimento da BRF (BRFS3). A companhia, uma das gigantes do setor de alimentos, informou que irá investir US$ 160 milhões em uma nova fábrica de alimentos na Arábia Saudita, em parceria com a Ral Product Development Company. O objetivo é expandir a presença internacional da marca e aproveitar a crescente demanda por proteína animal na região do Oriente Médio.
Esse movimento é mais um indicativo da força do setor de proteína brasileiro no mercado externo. Empresas como JBS (JBSS3), Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) também vêm focando em internacionalização, o que beneficia suas operações diante da volatilidade interna e do cenário de câmbio.
Segundo analistas, a queda recente do dólar fortalece a competitividade das exportações brasileiras, aumentando a margem das empresas exportadoras mesmo com o câmbio mais baixo, o que impulsiona os papéis dessas companhias.
Revisões no Boletim Focus: Selic e inflação estáveis
Além do cenário corporativo, o mercado digeriu os dados do Boletim Focus, divulgado nesta manhã pelo Banco Central. As projeções para a inflação de 2025 recuaram levemente para 5,57%, enquanto o crescimento do PIB foi revisado para cima, de 1,98% para 2%. A Selic, por sua vez, segue projetada em 15% ao ano, refletindo a política monetária ainda restritiva em meio ao cenário de inflação desancorada.
Apesar das revisões, os números não surpreenderam o mercado, que já precificava esse cenário. O foco segue na estabilidade macroeconômica e nos dados de inflação que serão divulgados nos próximos dias, especialmente no exterior.
Tensões comerciais e cenário internacional
Apesar do avanço no Ibovespa, os investidores seguem atentos às tensões comerciais entre Estados Unidos e China. O aumento das tarifas sobre produtos chineses, defendido por Trump, adiciona volatilidade ao mercado global, com potencial de afetar tanto o fluxo comercial quanto os preços das commodities.
O economista Bruno Cotrim, da Top Game, destacou que, embora o mercado brasileiro esteja se beneficiando do aumento das exportações e da procura por ativos descontados, medidas mais drásticas nos EUA podem reverter o otimismo atual.
Além disso, a expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos continua no radar. Segundo Cotrim, embora muitos investidores apostem em um corte já em maio, o cenário mais provável é que a redução só ocorra a partir de junho, dependendo da evolução dos dados econômicos.
O que esperar para os próximos dias?
Com uma semana mais curta por conta do feriado, o foco do mercado se volta para a divulgação da prévia da inflação brasileira na sexta-feira (25), que pode influenciar as próximas decisões do Banco Central sobre a Selic. No cenário externo, dados econômicos dos EUA e Europa também devem direcionar o humor dos investidores.
Enquanto isso, setores ligados ao agronegócio e às exportações devem seguir em destaque, acompanhando de perto o movimento do dólar e as negociações comerciais globais.
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