Queda no preço do diesel alivia inflação, mas Petrobras enfrenta riscos

A decisão da Petrobras de reduzir o preço do diesel no Brasil, alinhada à política de preços do governo Lula, tem potencial para aliviar a inflação, mas o impacto direto no bolso do consumidor deve demorar a aparecer. Especialistas alertam que o reflexo na cadeia produtiva, especialmente nos alimentos, pode levar de três a seis meses.

Essa medida ocorre em meio a uma estratégia maior do governo para conter a inflação, que ainda pesa sobre o orçamento das famílias, especialmente com a alta dos alimentos. Desde 2022, o preço da gasolina já acumula queda superior a 23%, o que contribuiu para reduzir o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), principal termômetro da inflação no país.

No entanto, a política de preços da Petrobras ainda gera polêmica. A atual gestão abandonou a paridade automática com o preço internacional do petróleo, o que permite maior controle interno, mas também falta de previsibilidade. Embora o governo reduza rapidamente os preços quando o barril de petróleo cai, mantém os valores estáveis quando o mercado externo sobe, o que gera críticas sobre a transparência do processo.

Impacto lento na inflação e nos alimentos

Apesar da redução do diesel ser uma medida positiva para a economia, o efeito não será imediato. Como explicou Gilvan Bueno, colunista do CNN Money, o transporte é um dos principais responsáveis pelos custos logísticos em diversos setores, inclusive o de alimentos. No entanto, os preços praticados nos supermercados só devem refletir esse alívio gradualmente, após um período que pode variar entre três e seis meses.

Além disso, tributos municipais e estaduais influenciam o preço final nas bombas, o que pode retardar ainda mais o impacto para o consumidor.

Preocupações com a Petrobras e o mercado financeiro

Outro ponto levantado por analistas é o impacto dessa política de preços nas finanças da Petrobras. A estatal, que nos últimos anos foi uma das principais fontes de dividendos para o governo e para o mercado, pode enfrentar pressões no seu endividamento se a defasagem entre os preços internos e internacionais for prolongada.

A Petrobras já enfrentou graves crises financeiras entre 2014 e 2016, quando seu endividamento superava R$ 300 bilhões. Hoje, a empresa mantém níveis mais saudáveis de dívida, mas a manutenção de preços artificialmente baixos pode comprometer sua capacidade de investimentos e, consequentemente, a saúde financeira da companhia.

Ainda assim, o balanço do primeiro trimestre de 2025 indica que a Petrobras mantém uma boa capacidade de investimentos, o que pode ajudar a aquecer a economia. Porém, esse ciclo de investimentos também traz o risco de aumentar a circulação de dinheiro e, com isso, pressionar a inflação o principal desafio macroeconômico do momento.

A redução do diesel é uma medida importante para aliviar pressões sobre a inflação, mas seu efeito pleno será sentido em médio prazo, enquanto o governo e o mercado monitoram de perto os desdobramentos dessa política nos preços e na saúde financeira da Petrobras.

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