O real brasileiro foi destaque negativo no cenário financeiro internacional nesta terça-feira, tornando-se a moeda que mais perdeu valor frente ao dólar em meio à intensificação da guerra comercial global. A cotação da moeda americana chegou a R$ 6,00 durante a manhã e fechou o dia cotada a R$ 5,98, com alta de 1,13%.
O movimento ocorre em meio a novos desdobramentos da guerra comercial entre grandes potências, como Estados Unidos e China, que estão elevando tarifas e ampliando tensões. Esse cenário de incerteza global aumenta a procura por ativos considerados mais seguros — como o dólar — e afasta investidores de mercados emergentes, como o Brasil.
Impacto nas moedas latino-americanas
Além do real, outras moedas da América Latina também sofreram forte pressão. O peso chileno caiu cerca de 1%, enquanto a moeda colombiana teve queda semelhante. Mesmo com os fundamentos internos das economias relativamente estáveis, a aversão ao risco gerada pela tensão internacional provoca fuga de capitais desses países.
Por que o real é o mais afetado?
Especialistas apontam que o real tem se mostrado mais vulnerável por uma combinação de fatores:
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Alta exposição a commodities, especialmente em momentos de oscilação nos preços do petróleo e do minério;
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Juros reais baixos ou negativos, mesmo com a Selic elevada, o que reduz a atratividade para investidores estrangeiros;
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Instabilidade fiscal e política, que alimenta desconfiança e limita o espaço para políticas anticíclicas eficazes;
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Volume reduzido de liquidez no mercado cambial, que amplifica movimentos especulativos em dias de maior estresse.
Dólar mais caro pressiona inflação e atividade
A valorização do dólar tem efeitos imediatos sobre a economia brasileira. Com a moeda americana em alta, importações ficam mais caras, o que pode pressionar a inflação, especialmente em setores como combustíveis e alimentos. Além disso, a indústria, que depende de insumos importados, também sente o impacto nos custos de produção.
A situação pode forçar o Banco Central a reavaliar sua política monetária. Embora os juros estejam elevados, um real enfraquecido por tempo prolongado pode exigir novas intervenções para conter efeitos inflacionários.
Perspectivas para os próximos dias
A expectativa é de que o mercado siga volátil. O fechamento oficial do câmbio será divulgado às 17h, como de costume, mas as projeções já indicam forte impacto no humor dos investidores. A continuidade da guerra comercial, combinada à fragilidade fiscal do Brasil, tende a manter o real sob pressão, ao menos no curto prazo.
Além disso, o mercado estará atento a eventuais declarações do Banco Central, que pode agir com intervenções no câmbio via leilões de swap cambial ou até revisar seus próximos passos na política de juros.
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