Apesar da aprovação de leis que combatem a desigualdade de gênero no mercado de trabalho, a diferença salarial entre homens e mulheres no Brasil ainda é alarmante. Segundo especialistas, essa disparidade é profundamente enraizada em fatores culturais e sociais, sendo fortemente agravada pelo momento da maternidade.
A jornalista Thaís Heredia, em participação recente na CNN Brasil, destacou que, embora a diferença de rendimentos entre os gêneros tenha diminuído numericamente, ela ainda permanece “enorme” e revela uma desigualdade estrutural que vai além do ambiente corporativo.
Para compreender melhor essa dinâmica, Heredia conversou com a economista-chefe do Bocom BBM, Cecília Machado, que tem se dedicado a estudar a inserção feminina no mercado de trabalho e foi uma das vozes ativas na discussão sobre a nova lei de igualdade salarial. Cecília aponta que o momento da maternidade é o principal divisor de águas na trajetória profissional das mulheres.
“Empiricamente, todas as pesquisas já mostraram que a maior marca dessa diferença é o nascimento dos filhos. A maternidade, que é exclusiva das mulheres, é o ponto de virada. A partir dela, os encargos sociais e familiares recaem majoritariamente sobre as mulheres”, afirma Cecília.
A economista reforça que a desigualdade não se origina necessariamente nas empresas, mas sim em uma estrutura social que perpetua a ideia de que os cuidados com os filhos e as tarefas domésticas são responsabilidades femininas. “A empresa é apenas a extensão de uma discriminação que já começa em casa”, explicou.
Segundo dados do governo, o trabalho doméstico não remunerado realizado pelas mulheres representaria o equivalente a R$ 95 bilhões por ano, caso fosse pago. A Fundação Getulio Vargas (FGV) também já estudou o impacto econômico da jornada invisível que elas cumprem diariamente fora do emprego formal.
Para Cecília, a nova lei de igualdade salarial tem importância simbólica e prática ao estabelecer punições às empresas que mantiverem diferenças salariais injustificadas entre homens e mulheres. No entanto, ela ressalta que a mudança necessária é mais profunda: “A multa é importante, mas o que realmente precisa mudar é a cultura. É um processo coletivo. Eu estou fazendo minha parte, educando meus filhos homens para pensar diferente”.
A fala de Heredia encerra o debate de forma contundente: “É uma barreira que a mulher enfrenta ainda sem sair de casa”. A persistente desigualdade salarial, portanto, exige não apenas medidas legais, mas uma transformação cultural que envolva toda a sociedade.
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