A guerra comercial entre EUA e China ganhou um novo e tenso capítulo nesta segunda-feira (7). Em publicação recente na rede Truth Social, o ex-presidente Donald Trump — de olho na campanha eleitoral — anunciou que pode elevar para 50% as tarifas sobre produtos chineses já a partir de quarta-feira (9), caso Pequim não recue da sua mais recente rodada de retaliações.
A escalada da tensão impactou diretamente os mercados globais. As bolsas asiáticas fecharam em forte queda, puxando os índices europeus e, por consequência, os norte-americanos. Em Nova York, Nasdaq e S&P 500 registraram quedas superiores a 2%.
Contexto: o que está por trás do novo tarifazo?
A nova ofensiva de Trump ocorre após a China responder com tarifas adicionais de 34% sobre produtos norte-americanos, intensificando uma disputa que já vinha desgastando a balança comercial dos EUA há anos. O argumento norte-americano gira em torno de práticas chinesas consideradas desleais, como manipulação cambial, subsídios ilegais e barreiras não tarifárias.
Em sua declaração, Trump foi categórico: “Se a China não retirar seu aumento de 34% até amanhã, os Estados Unidos imporão tarifas adicionais de 50% a partir do dia 9 de abril.” Ele também afirmou que quaisquer negociações com Pequim serão imediatamente encerradas.
Impactos nos mercados: queda generalizada e aumento do risco
O anúncio provocou forte instabilidade nas bolsas. Investidores reagiram com aversão ao risco diante da possibilidade de um colapso nas negociações comerciais entre as duas maiores economias do planeta. O temor é que a escalada tarifária eleve os custos de importação, aumente a inflação e desacelere o comércio global.
Empresas com cadeias de produção fortemente expostas à China foram as mais afetadas. Fabricantes de automóveis japoneses, por exemplo, sentiram o impacto direto da sobretaxa, assim como marcas de roupas esportivas cujos produtos são confeccionados no Vietnã — país que também está na mira das tarifas norte-americanas, com aumentos de até 46%.
Efeitos no dia a dia: do supermercado à indústria
Embora muitas vezes pareça uma briga distante, a guerra comercial afeta o consumidor diretamente. Diversos produtos do dia a dia nos EUA têm origem ou componentes vindos da China — de embalagens a peças de automóveis, passando por eletrônicos, baterias e até utensílios básicos de cozinha.
Com o aumento das tarifas, espera-se uma alta nos preços para o consumidor final, agravando as pressões inflacionárias em um momento em que o poder de compra da população já está fragilizado. A indústria também é afetada, já que muitas empresas norte-americanas dependem de insumos importados para manter suas linhas de produção.
Por que a China resiste à negociação?
Enquanto cerca de 20 países — incluindo Japão, Israel e Brasil — sinalizam interesse em negociar acordos bilaterais com os EUA para evitar tarifas, a China tem mantido uma postura firme. Para o governo de Pequim, ceder significaria admitir fraqueza em uma disputa estratégica de longo prazo.
A relação comercial entre EUA e China é marcada por uma profunda interdependência. A China é a principal fornecedora de componentes industriais de baixo custo para os EUA, enquanto os norte-americanos fornecem tecnologia, alimentos e insumos energéticos. Romper esse fluxo, como Trump propõe, exige tempo, investimento em infraestrutura e reestruturação de cadeias logísticas — algo que dificilmente ocorre da noite para o dia.
E agora? O que esperar dos próximos dias?
Com a ameaça de aumento de tarifas em cima da mesa, os próximos dias serão decisivos para os rumos da guerra comercial. Se a China mantiver sua postura e Trump cumprir a promessa de elevar as tarifas para 50%, o impacto poderá ser devastador — não só para os dois países, mas para o comércio global como um todo.
Analistas alertam para uma possível retração no crescimento mundial caso a disputa avance para um novo patamar. Ao mesmo tempo, setores da economia norte-americana já começam a sentir os efeitos indiretos da incerteza, desde o aumento de custos até o adiamento de investimentos produtivos.
O pano de fundo político
É impossível ignorar o contexto eleitoral. Trump, em busca de reconquistar a presidência em 2025, tem apostado em uma retórica protecionista e nacionalista, voltada a trabalhadores industriais e pequenos produtores que se sentem ameaçados pela globalização.
A retórica agressiva contra a China — que foi uma das marcas de sua primeira campanha — retorna agora com ainda mais intensidade. O problema é que o cenário internacional mudou, e a margem de manobra para ações unilaterais se estreitou.
A guerra comercial entre EUA e China está longe de terminar — e pode estar apenas começando um novo ciclo de tensões. Enquanto o mundo observa, mercados oscilam, consumidores pagam a conta e o cenário econômico global segue mergulhado na incerteza.
Acompanhe nossas atualizações para entender os desdobramentos desta disputa e seus impactos no seu bolso e nos investimentos globais.
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