A guerra comercial entre China e Estados Unidos subiu de tom nesta sexta-feira (7), após o governo chinês anunciar uma retaliação pesada ao novo pacote de tarifas de Donald Trump. A partir do próximo dia 10, todos os produtos americanos que chegarem à China estarão sujeitos a uma alíquota extra de 34%, além das tarifas já existentes. O movimento marca mais um capítulo tenso no conflito que já começa a afetar fortemente os mercados financeiros e a confiança global.
Enquanto as bolsas ao redor do mundo registravam fortes quedas, o presidente dos EUA foi visto jogando golfe em um resort na Flórida, tentando transmitir normalidade. Mas do outro lado do Atlântico, a postura era bem diferente. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), foi enfático ao criticar as medidas protecionistas, alertando para os impactos negativos: “As tarifas são completamente contraproducentes. Elas vão gerar mais inflação, desemprego e desaceleração econômica.”
Produtos brasileiros também serão afetados
O pacote tarifário de Trump não atinge apenas a China. Produtos importados de diversos países incluindo o Brasil também passarão a ser sobretaxados em até 10% a partir de amanhã. Isso pode prejudicar exportadores brasileiros de carnes, rações e produtos agrícolas, que já enfrentam concorrência acirrada no mercado internacional.
China endurece ainda mais: restrições sanitárias e exportação de minerais raros
Além da tarifa de 34%, a China anunciou restrições sanitárias para derivados de frango e ração animal provenientes dos EUA e bloqueou a exportação de minérios raros, essenciais na fabricação de chips e veículos elétricos. Esses materiais são altamente estratégicos, e 80% do que os EUA consomem vêm da China. Com isso, cresce a preocupação com gargalos produtivos na indústria americana.
Nas ruas de Xangai, a população já se mostra disposta a boicotar produtos americanos. “Os eletrônicos da Coreia e do Japão estão melhores. Está na hora de deixar os EUA de lado”, afirmou uma moradora local.
Economistas alertam para risco de recessão global
A escalada na guerra comercial gerou reações imediatas nos mercados. Bolsas despencaram em todos os continentes, enquanto o dólar subia frente a moedas emergentes. Um relatório do J.P. Morgan alertou que a probabilidade de uma recessão global em 2025 saltou de 40% para 60% após os anúncios desta sexta-feira.
Para o analista Felipe Monier, “ao se isolar comercialmente, os Estados Unidos estimulam o restante do mundo a buscar novos mercados. Isso pode, no longo prazo, ser prejudicial ao próprio país”.
Acordo Mercosul-União Europeia pode ganhar força
Em meio ao caos, uma possível boa notícia para o Brasil e seus vizinhos: a União Europeia retomou as negociações com o Mercosul, que estavam travadas há anos. A França tradicionalmente contrária ao acordo convocou uma reunião com outros 10 países europeus para repensar sua posição, diante da necessidade de diversificar parcerias comerciais.
Com os Estados Unidos cada vez mais protecionistas, o Mercosul pode se beneficiar da abertura de novos mercados na Europa, impulsionando as exportações agrícolas e industriais da região.
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