O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, demonstrou cautela nas últimas semanas diante de sinais preocupantes sobre o rumo da economia americana. Com a inflação ainda acima da meta e indícios de possível alta no desemprego, o Fed passou a adotar um discurso mais conservador em relação aos próximos passos da política monetária, o que tem gerado receio entre investidores e compradores.
Entre os principais pontos de preocupação está o impacto das novas tarifas comerciais impostas pelo governo dos EUA. Medidas protecionistas, como a tarifa de 25% sobre a importação de veículos, estão sendo vistas como um risco real à produção industrial americana, principalmente no setor automotivo, que já enfrenta desaceleração.
Segundo dados da S&P Global Mobility, estima-se que essas tarifas possam reduzir entre 10% e 20% da produção de veículos na América do Norte. O custo de montagem de um automóvel nos Estados Unidos pode subir em até US$ 3 mil, tornando o produto menos competitivo e encarecendo o preço final para o consumidor. Além disso, a previsão é de que cerca de 3 milhões de veículos importados da Ásia e da Europa deixem de ser vendidos nos EUA, agravando a escassez nas concessionárias e afetando diretamente as montadoras e os distribuidores.
Tecnologia também em risco: IA pode desacelerar
Outro setor diretamente ameaçado pelas tarifas é o de tecnologia, especialmente no campo da inteligência artificial. Com os custos de importação mais altos e o ambiente regulatório mais incerto, empresas como a Microsoft já estão revendo seus planos. Um dos sinais mais evidentes disso foi a desistência da gigante de tecnologia de construir novos data centers, devido ao receio de baixa demanda futura e pressões econômicas.
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, reconheceu que a escalada tarifária trará instabilidade adicional ao cenário econômico global. Apesar de não prever uma recessão nos Estados Unidos, Georgieva alertou para a queda na confiança dos setores produtivos e afirmou que muitos países já não têm mais capacidade de absorver novos choques, considerando os efeitos acumulados da pandemia e da guerra na Ucrânia.
O impacto global das tarifas protecionistas
As tarifas impostas pelos EUA representam um novo capítulo na disputa comercial com outras potências, principalmente China e União Europeia. Porém, os efeitos colaterais vão além da rivalidade geopolítica: eles atingem diretamente cadeias produtivas globais, desaceleram o ritmo de inovação e aumentam o custo de vida tanto dentro quanto fora dos Estados Unidos.
Com os sinais de desaceleração da indústria e tensões crescentes no comércio internacional, os investidores seguem em estado de alerta, aguardando os próximos movimentos do Fed e dos principais governos mundiais.
O post Tarifas dos EUA elevam incerteza global e pressionam setores como automotivo e tecnologia apareceu primeiro em O Petróleo.