Em tempos de euforia com a renda fixa, quando títulos públicos como o Tesouro IPCA+ oferecem retornos de 8% ao ano mais inflação, muitos investidores abandonam ações, fundos imobiliários e até investimentos no exterior. Mas será que seguir a manada é mesmo a melhor estratégia?
Por que a maioria perde dinheiro investindo
Estudos americanos mostram que a maior parte dos investidores individuais obtém resultados muito abaixo dos índices de mercado. Em uma década em que o S&P 500 teve rentabilidade média de 10% ao ano, o investidor médio ficou entre 4% e 5%. Isso acontece por um erro clássico: tentar prever o melhor momento de investir, pulando de um ativo para outro conforme o humor do mercado.
Quem faz o que todo mundo faz, termina como todo mundo termina: com resultados medíocres.
A ilusão da renda fixa alta
Atualmente, com o CDI acima de 13% e títulos como Tesouro IPCA+ pagando acima de 7% reais, parece óbvio migrar todo o patrimônio para a renda fixa. Afinal, trata-se de um investimento seguro, com retorno expressivo e baixo risco.
Mas essa lógica esconde uma armadilha.
A renda fixa está alta… por um motivo
Se a renda fixa oferece retornos tão altos, é porque o mercado está pressionado. Inflação elevada, juros altos e incerteza no ambiente macroeconômico fazem os investidores fugirem dos ativos de risco — ações, FIIs, investimentos no exterior. Essa fuga provoca queda nos preços desses ativos, gerando oportunidades para quem está olhando o longo prazo.
A lógica da oferta e demanda no mercado financeiro
Imagine o mercado como uma feira. Se ninguém compra bananas, o preço cai. Se todos querem, o preço sobe. O mesmo acontece com ações, FIIs e até o dólar. Quando todo mundo sai da renda variável e entra na renda fixa, os ativos de risco se tornam cada vez mais baratos — e mais atrativos.
Por isso, os melhores momentos para comprar ações e fundos imobiliários são justamente os momentos em que eles estão em baixa e a renda fixa em alta. O retorno esperado dessas aplicações sobe à medida que os preços caem.
Oportunidades disfarçadas: quando tudo parece ruim, tudo está barato
Em 2025, o Ibovespa segue travado, os FIIs acumulam anos de rentabilidade fraca, e o dólar voltou a cair. Isso assusta o investidor desinformado, mas anima quem entende o jogo.
Investir contra a maré significa comprar quando ninguém quer, manter aportes constantes e aproveitar os ciclos do mercado a favor. Isso vale para:
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Ações brasileiras: Preços baixos indicam retorno potencial acima da renda fixa no longo prazo.
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Fundos imobiliários: Descontados, com yields maiores, especialmente em períodos de estagnação.
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Investimentos no exterior: O dólar em baixa é uma janela rara para aumentar exposição em ativos globais com desconto.
O erro de tentar acertar o “timing” ideal
Muitos esperam o “melhor momento” para investir: quando o dólar estiver mais barato, quando os juros caírem, quando o mercado voltar a subir. Mas o mercado é imprevisível — até mesmo profissionais erram com frequência.
Enquanto isso, quem segue uma estratégia de alocação estruturada, montando uma carteira diversificada de acordo com seus objetivos de longo prazo, consegue bons resultados sem depender do acaso.
O que é alocação estrutural e por que funciona
Essa estratégia consiste em definir uma divisão de ativos (ex: 40% em ações, 30% em FIIs, 20% em renda fixa, 10% no exterior) e fazer aportes periódicos para manter esse equilíbrio. Se um ativo cai muito, ele passa a representar menos na carteira — o próximo aporte vai para ele, automaticamente aproveitando a baixa.
É uma forma simples e eficiente de “comprar na baixa” sem precisar prever nada.
O poder do longo prazo: renda variável volta, sempre
Ciclos de estagnação são o paraíso do investidor disciplinado. Quanto mais tempo as ações ou fundos imobiliários ficam baratos, mais tempo você tem para comprar barato e multiplicar patrimônio no futuro.
Quem investe com foco em 10, 15, 20 anos deve comemorar os períodos de crise. Eles são os momentos em que se planta riqueza.
O post Renda fixa em alta, ações em queda: é hora de comprar ou esperar? Entenda a dinâmica do mercado apareceu primeiro em O Petróleo.