Crise na Tesla: como Elon Musk está afundando sua própria criação em 2025

A Tesla, símbolo de inovação e disrupção no setor automotivo, vive em 2025 sua fase mais turbulenta. O que antes era uma empresa cultuada por seus fãs e investidores agora vê seu valor de mercado despencar quase 50% em poucos meses. Por trás da crise estão fatores econômicos, concorrência crescente e, principalmente, a imagem polarizada de Elon Musk — CEO, acionista majoritário e rosto público da companhia.

O que está acontecendo com a Tesla?

Desde o início de 2025, as ações da Tesla acumulam quedas expressivas, mesmo enquanto o índice Nasdaq recuou modestamente cerca de 8%. A Tesla, por sua vez, despencou 32% e já perdeu metade do seu valor desde o pico. Para muitos, a questão não é apenas financeira — mas de identidade.

A Tesla, que já foi símbolo de tecnologia limpa e status ambiental, agora sofre com a rejeição do próprio público que a consagrou.

1. A mudança no mercado de carros elétricos

Nos últimos anos, o entusiasmo em torno da eletrificação dos transportes perdeu força. Governos e consumidores reduziram as projeções de adoção em massa de veículos elétricos (EVs). Montadoras que antes anunciavam a extinção dos carros a combustão estão recuando.

Essa mudança de percepção reduz o ímpeto de crescimento que justificava valuations agressivos como o da Tesla. A ideia de que os EVs dominariam as ruas rapidamente perdeu força, enfraquecendo a confiança em empresas que apostaram todas as fichas nesse futuro.

2. A concorrência global ganha espaço

Mais crítica ainda é a ascensão das concorrentes, especialmente as montadoras chinesas. Empresas como a BYD superaram a Tesla em vendas globais e vêm apresentando avanços tecnológicos — como carregadores ultrarrápidos — que ofuscam o pioneirismo da marca americana.

Na China, principal mercado de EVs, a Tesla está perdendo participação de mercado. Na Europa, a presença chinesa também cresce. No Brasil, essas marcas já ocupam espaços nas ruas. A Tesla, sem um modelo de entrada acessível, vê-se presa no segmento premium e sem novidades relevantes em sua linha.

3. Elon Musk: de ativo valioso a passivo perigoso

Se antes Elon Musk era o maior trunfo da Tesla, hoje é apontado como seu maior risco. A associação direta entre sua imagem e a marca se tornou tóxica para muitos consumidores e investidores.

Musk se envolveu diretamente com a política americana ao apoiar abertamente Donald Trump na eleição de 2024. Tornou-se uma figura central no novo governo, liderando o Department of Government Efficiency (DGE), uma espécie de força-tarefa para cortar gastos públicos — tarefa que já eliminou metade dos funcionários do Departamento de Educação.

Esse ativismo político, somado ao combate público contra a ideologia woke e sua defesa radical da liberdade de expressão (especialmente após a compra do Twitter/X), criou uma ruptura com a base progressista que apoiava e consumia Tesla.

Como isso afeta a imagem da marca?

A reação do público tem sido notável — e negativa. Adesivos com frases como “Comprei antes do Musk enlouquecer” estão em alta nos EUA. Alguns donos de Tesla chegaram a colar o símbolo da Toyota ou Honda em seus carros, numa tentativa de “desvincular” sua identidade do controverso CEO.

Casos extremos, como vandalismo contra concessionárias e veículos Tesla na Europa, principalmente na Alemanha, mostram o nível de tensão. Embora atos criminosos sejam condenáveis, o simbolismo da rejeição é inegável.

Dados alarmantes: queda nas vendas em 2025

As estatísticas confirmam o abalo: nas primeiras 8 semanas de 2025, a Tesla foi a única grande montadora a registrar queda nas vendas em várias regiões. Em San Diego (EUA), por exemplo, a redução ultrapassou os 40%.

Nos Estados Unidos e na Europa, a Tesla perdeu market share de forma constante. Na China, onde ainda cresce, enfrenta competição feroz. E com margens comprimidas por descontos, a rentabilidade futura está cada vez mais ameaçada.

Um valuation baseado em promessas

Mesmo com as perdas, a Tesla ainda possui um valuation elevado: o preço/lucro projetado para os próximos anos está em 100 vezes, uma métrica considerada arriscada. Isso se justifica pela crença em futuros produtos e inovações — como robôs (Optimus), táxis autônomos (Robotaxi) e sistemas de condução autônoma (Full Self Driving).

No entanto, concorrentes chineses e americanos avançam em ritmo semelhante ou superior em algumas dessas áreas. O diferencial competitivo da Tesla, outrora claro, está cada vez mais opaco.

Musk: missão política vs. sustentabilidade dos negócios

O grande dilema atual é até que ponto Elon Musk está disposto a sacrificar a Tesla para seguir sua missão política e ideológica. Sua biografia revela um padrão: ele vai até o fundo, enfrenta crises profundas e, por vezes, renasce com ainda mais força. Mas também coleciona fracassos, inimigos e decisões controversas.

Ross Gerber, um dos investidores mais antigos da Tesla, recentemente declarou publicamente que Musk deveria deixar o cargo de CEO. “Ele está machucando a Tesla”, afirmou. Mesmo assim, Musk segue firme — convocando reuniões com funcionários, pedindo confiança e afirmando que “a volta por cima virá”.

A Tesla de 2025 está longe da estrela de anos atrás. Enquanto o mercado automotivo muda e a competição cresce, a empresa enfrenta uma crise de identidade e liderança.

A pergunta que fica é: até onde Elon Musk está disposto a levar essa batalha pessoal? E quanto a Tesla pode suportar antes de sucumbir sob o peso da controvérsia?

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